O Eldorado - Edição nº 188
Esta noite não consegui dormir.
Voltas e reviravoltas debaixo de lençóis e cobertas e não consegui pegar no sono.
Aliás, a insónia terá começado por aqui.
Como pegar em algo que não se vê?
Levantei-me.
Achei que, se era para pegar no sono, não era boa política ficar deitado sem fazer nada. Até o Cristiano Ronaldo dá conselhos sobre isto.
"Se eu não me mexesse... não conseguia organizar belas orgias com prostitutas", ou qualquer coisa do género.
Então lá fui eu, no meu pijama ridículo, procurar o sono.
Mas nem sinal dele.
E mais dúvidas pertinentes: como é que o sono daria sinal de si?
Um bocejo luminoso atrás da aparelhagem?
Lembrei-me de chamar um tal de João Pestana, que parece que sabe da poda.
Outra ideia inexequível.
Não sei quem é, desconheço a morada, número de telemóvel ou endereço de e-mail.
E se o encontrasse, o que diria?
"João Pestana, não tenho sono. Queres vir dormir comigo?"
Ideia liminarmente posta de lado por elevados níveis de rabichice.
Cheguei a pensar em tomar um comprimido, mas é um formato a que não acho piada. Prefiro um distendido "Guerra e Paz", ou um "Equador" ou as "Páginas Amarelas".
Só então me lembrei da fórmula clássica de contar carneiros. E foi o que fiz.
Não sei se isso resulta convosco, mas juro que já tinha passado meia hora e nem um carneiro tinha visto. E se tivesse visto um, a seguir outro e outros logo atrás, isso só significaria que alguém tinha deixado a porta do prédio aberta e tenho a certeza que a preocupação com a gatunagem não me deixaria adormecer.
Passaram-se mais 40 minutos e nem sinal de carneiros.
"Não pode ser isto", pensei.
Voltei a levantar-me e reencontrei um velha revista "Tabu" onde tinha lido algo sobre famílias numerosas.
Ah, ali estava, a vasta família do ex-ministro da educação Roberto Carneiro.
Ora, um Carneiro, dois Carneiros, três Carneiros... pareciam muitos mas não chegavam a ser 100 deles e por isso, uma vez mais, nada feito.
Não conseguia mesmo pregar o olho, aliás acho mesmo que só dois ou três faquires o conseguem.
Foi então que aconteceu.
Ao desfolhar outra revista, deparei com a fotogénica Sónia Araújo. Estava acompanhada do marido, o empresário Vitor Martins, dono do bar Chic, do restaurante Boi na Brasa e de uma vaca na cama.
Percebi que um pateta, como eu, o mais que consegue é estar com uma insónia; um sortudo como o tal Vítor está in Sónia Araújo, o que deve ser algo espectacular.
E comecei a rir à toa com esta parva associação de ideias.
E ri, ri muito, como se não houvesse amanhã. Ri como um perdido, contorcendo-me com espasmos cada vez mais sincopados.
Gemi.
Gemi alto para quem me quisesse ouvir.
"Oh! Sim!..... SIM!! Estou a rir-me!! Estou a rir-me!!"
E explodi numa gargalhada imensa como se eu, sozinho, fosse um fogo de artifício numa passagem de ano no Funchal.
Os batimentos cardíacos abrandaram.
Um sorriso marcou a hora.
Os olhos começaram a fechar.
E adormeci.
6 comentários:
Porra, fiquei cheia de medo. Que foi ISSO? Livra...
Cuida disso, não me parece para brincadeiras.
Vá, beijinho e calma, sim?
Susana:
O LSD é uma droga que eu ainda não domino...
Beijos.
Pelo menos uma razão lógica para tal distúrbio, fiquei mais descansada. Sabes? É que esta noite tive insónia e fiquei apreensiva que se desse o mesmo fenómeno aqui comigo...
LOL adorei... Só esta para me fazer rir hoje!!! Gosto do teu sentido de humor!
beijinhos
JP, já estou como a Susana, esta assustou-me. Estás com deliriuns tremens, ou quê?
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