29 maio 2007

Uma Noite no Deserto

106

Poceirão. 23h 35m.
Depois de cinco horas à deriva chego finalmente a este pequeno oásis.
Tenho a garganta seca, as lentes de contacto derreteram-me nos olhos, a minha pele está gratinada...

Do meu lado direito avisto escolas, hotéis, hospitais e... ah, não. Era apenas um conjunto de miragens encadeadas pelo encadeamento dos meus olhos. Encadeamento? De onde vem esta luz se é quase meia-noite?
Do "Sherazade".
O neon lusco-fusco pisca-pisca no lado esquerdo do aceiro pisado pelos camelos.
Arrumo o meu Areias em segunda fila e entro. Quero molhar o bico. Que digo? Quero afogar-me numa tina de cerveja, isso sim.

Entro.
O que parece ser um sultão, cabelo grisalho, ar de betinho, está rodeado de moçoilas jeitosas, todas de seda e organdim, cabelos longos e rostos semi-cobertos. Libidinosos umbigos convidam à perdição.
Eunuco não serei, mas hoje só quero matar a sede.

Cambaleio para o bar.
- Dê-me o mais gelado que tiver aí.

O barman, que ia jurar que era o António Costa, serve-me um pires com cubinhos de gelo.
Engraçado, o tipo.

- Aquele ali, com aquelas gajas todas... É o Santana Lopes, não é? - pergunto ao barman de tez de caril.
- Não, aquele é o Sr. Sócrates. Agora deu-lhe para aquilo.

O sujeito apercebe-se que sou estranho naquelas paragens e convida-me para os seus puffs.
Diz-me que cheguei na hora certa. Que me prepare para assistir a algo diferente.
Tu queres ver que ele vai anunciar um aeroporto?

As luzes diminuem de intensidade.
Vermelhas e violetas cruzam-se entre bafos de fumo.
Entra em cena um... uma... juro que não sei.
Uma figura que se bamboleia desengonçadamente, numa frustrante tentativa de ser sensual.
Já não bastava o Toy...

- Quem é?

O Sócrates piscou-me o olho e vangloriou-se como se fosse o último tigre de uma rara raça em extinção...

- Aquela bela jovem captou-lhe a atenção, não foi?

(lá isso foi...)

- É a nossa Marilyn! Mário Lino, durante o dia! À noite, é este belo travesti! Sabemos que não é muito sensual, mas fartamo-nos de rir com ele!

- Ah...

- Troco-o por cinco camelos!

- Não... deixe estar. Vou só ficar a ver, desejando que tropeçe e parta as duas perninhas...


(clicar na imagem para aumentar)



28 maio 2007

Sporting conquista Taça de Portugal

105

O ansiado "Domingo Verde" ficou longe de amadurecer em mel e suspiros.
Até o vento insistiu em despentear os desejos e Maio mais pareceu Fevereiro com Carnaval e tudo.

Tarde de aniversário do maninho feito homem, à beirinha dos 30, ele que foi outrora espécie de mascote a tiracolo em aventuras de horizontes limitados. Limitados na distância calcorreada, nunca na imaginação desfraldada aos quatro ventos. No tempo em que o vento não me chateava tanto assim.

5 da tarde.
Bola na televisão. Não uma bola qualquer. Uma final da Taça de Portugal entre o meu Sporting e o Belenenses, um clube que me provoca infinita empatia.
À volta de um televisor, 12 pares de nádegas enterradas num sofá, só duas bochechas dessas saltavam quando o Sporting quase marcava e apertavam-se quando o Sporting quase sofria.
Todos os outros rabos ressabiados bufavam pelo Benfica que nem fazia parte do filme.

Confesso que a minha veia (artérias, aortas, ventrículos e todo o coração) sportinguista nunca insuflou ao ponto do fanatismo. Amo o Sporting mas não sou fanático. Nem sequer sócio. Até troco, sem remorsos ou bichos carpinteiros, os jogos do Sporting que amo, para estar com alguém que amo incomensuravelmente mais.
Talvez por isso consiga ser mais frio e distante na análise a jogadas duvidosas.

Fez-me impressão, quase ao ponto do vómito, ver cinco lampiões a puxar pelos azuis de Belém, não por infinita empatia, mas como se do outro lado estivessem 11 enviados do Diabo que jamais poderiam levantar o cálice sagrado, garante da humanidade!!

Que culpa tenho eu que o Benfica só tenha ganho um campeonato e uma taça, nos últimos sete anos? Que culpa tenho eu dos anos 60 e 70 terem ficado para trás? Ou do clube das águias preferir comprar Betos, Paulos Jorges e Marcos Ferreiras do que formar uma Academia de jovens valores como o Sporting faz em Alcochete, mais um belo oásis do deserto da Margem Sul...

Estes Mários Linos vestidos ocasionalmente de velhos do restelo, só tarde se aperceberam da gaffe: O Benfica não tinha nada a ver com o jogo de ontem e, assim que Liedson marcou, calaram-se.

E a festa foi, enfim, verde. Embora longe de amadurecer em mel e suspiros.

24 maio 2007

Portugal 2027, boletim metereológico

104

A propósito deste Maio com tempo de Primavera, temperaturas acima dos 30 graus , trovoadas e o mais que aí virá...
escrevi isto há bocadinho.

Fevereiro 2027

Na Avenida do Aeroporto José Sócrates, em tarde de Terça-feira de Carnaval, desfilam em topless 25 meninas ao som do kuduro dos Buraka Som Sistema, a assinalarem 20 anos de carreira. Estão 35ºC. Vendem-se gelados e imperiais. De repente cai uma bátega de água. Depois, o sol abrasador regressa para o resto dos folguedos. Muitos estão na praia. Outros rumaram ao Norte da Europa, onde as temperaturas não ultrapassam os 25ºc.

Abril 2027

Atenções voltadas para os primeiros furacões da temporada, com génese nos Açores das vaquinhas e na Madeira do velho javali João Jardim. Tal como prometido, depois de anos anteriores em que os furacões foram baptizados com nomes de futebolistas do F.C. Porto e do Sporting, desta vez a Protecção Civil tem, em carteira, os nomes de Adair, Bexiga, Cá Mané, Daniel Baiano e Elias. Lá fora a temperatura oscila entre os 20ºC e os 40ºC.
O Serviço Nacional de Saúde entrou definitivamente em colapso para atender dois milhões de portugueses afectados por um dos nove tipos de vírus da gripe.

Agosto 2027

Ao fim de 18 dias de chuva, trovoadas e tempestades de neve, o sol voltou a brilhar bem forte.
Os chips enxertados nos andróides que se voluntariaram para o efeito, acusam 52ºC.
A Comissão Ministerial para as Alterações Climáticas anuncia medidas para combater as cheias e os incêndios que deflagraram depois da intempérie.
Em entrevista à revista online "NewStars", a veterana Daniela Mercury diz adorar cantar nua e suada para plateias de admiradores... nus e suados.

Dezembro 2027

Na véspera de Natal neva com intensidade em Faro, enquanto no Porto é ainda tempo de curtir os últimos dias de um Verão que parecia eterno. Chove e faz frio em Nova Deli, neva no Rio de Janeiro, venteja à fartasana em Moscovo, chovem sapos em Miami, bezerros em Osaka, os mares desaguam nos rios, o dia amanhece à noite, a Costa de Caparica submergiu por completo e Veneza está mais seca do que os bacalhaus extintos há mais de dez anos.
Entretanto, 75% da população mundial que sobrevive com pouco mais de 3 Mundis ( a nova moeda, comum a 322 países) aposta desenfreadamente no novo jogo de sorte que é um sucesso à escala global: "Guesstime".

23 maio 2007

Tomada de posse

103

A minha tardia adesão ao movimento associativo pinhalnovense, fez-se através da ARCADA, uma associação que pretende abranger as áreas do ambiente, defesa dos animais e património do Pinhal Novo.

Somos ainda poucos e com pouco trabalho realizado, mas só temos um ano de existência, gasto, na quase totalidade, com imperativos burocráticos, como a legalização da associação em cartório notarial, o que permitiu a publicação no "Diário da República".
Ontem foi a tomada de posse da Direcção, Assembleia Geral e Conselho Fiscal.

Aqui o Joãozinho ficou designado como "Secretário da Direcção".
Mas isto foi só o princípio. Tenho recorrentes sonhos de assalto ao poder, e pesadelos onde apareço travestido de Fátima Felgueiras vestida apenas com um saco azul. A imagem remete para o vómito, eu sei. Esqueçam esta parte.

Até agora, a maior parte dos objectivos da associação ficaram no papel.
Literalmente, em meia dúzia de artigos que ajudei a redigir, relacionados com as nossas áreas de intervenção, publicadas nos jornais locais.
E figuradamente, na triste figura que fazemos a olhar uns para os outros, quando não percebemos porque não temos resposta da Câmara de Palmela, para a cedência de um espaço onde pretendíamos realizar um Concurso de Cães de Companhia. Cães!!
Ou o ruidoso silêncio à nossa pretensão de ocupar um pavilhão nas Festas Populares de Pinhal Novo. Enfim...

Mas a ARCADA existe e vai crescer, nem que seja cm a cm. Quando for mais grandinha, venho aqui seduzi-los para se associarem à causa.

Em relação ao meu cão de companhia, lá vai andando, combalido pela dose diária de antibióticos injectados no lombo.

Qual é o Santo Padroeiro dos Caniches?

22 maio 2007

O aniversário possível

102

Não foi um dia quase eldorado como no ano passado.
Ter "calhado" a uma segunda-feira retirou-lhe glamour mas, ainda assim, estando vivo e com relativa saúde, não poderia deixar de assinalar mais um aniversário.

Tempo cor de chumbo, pontualmente aclarado pelo esconde-esconde do sol.
Coração mais sossegado, depois das novidades da manhã. O que é que atormentava desta vez o meu espírito neurótico? Já lá chego.

O "dia possível" foi passado com uma passagem por Azeitão. Deambulações pedestres em baixa rotação, para apreciar como é delicadamente mastigado um dia de trabalho naquela que é uma das localidades que mais vive e respira os ares da Arrábida.

Em dia de anos, presenteei com ração embalada, um cão que vagabundeava por ali em busca de algo de comer. A cabeça mecanizou o gesto; o coração fugiu para outras paragens. Retemperado o ânimo com esse gesto, mais reconfortante foi depois mimar o estômago com um leite Ucal fresquinho e um "S" de Azeitão. Chamem-me "cota", "betinho", "tio" que eu chamei ao repasto um figo.

Por volta das oito da noite, depois de ter-me acompanhado nesse doce torpor azeitonense, aquela que amo acompanhou-me ainda no jantar no "Encontro de Sabores".
É um restaurante pinhalnovense muito voltado para a causa vegetariana, não deixando de ter carne, peixe e pizzas deliciosas. Recomendo.

Tenho vindo a descobrir que, ser vegetariano, não corresponde à ideia ainda em voga de que se trata de uma opção alimentar onde os sacríficios imperam. No way.
Prova disso foi o espectacular Strogonoff de Tofu com Arroz, a que se seguiu uma pecaminosa sobremesa de pêra, com leite condensado e canela. Já comia outra agora, mas a barriga tem vindo a emancipar-se e há que mostrar-lhe que sou eu que mando.

E, chegada a noite, foi a vez dos beijos e dos abraços que faltavam. O meu mano - que insiste em oferecer-me tudo o que há com emblemas do Sporting -, a minha cunhada, o meu sobrinho que requisitou-me para uma boa meia hora de trabalhos manuais com plasticina, os meus pais e o meu adoentado companheiro.

Vê-lo a sofrer, de focinho rente ao chão, turvou definitivamente os últimos dias.
Vê-lo dia após dia sem comer, tira-me o apetite. Tira-me o sono. Devolve-me a quase totalidade dos detestáveis sintomas que levaram à pior fase da minha vida. Foi só há um par de anos. A memória está fresca e eu tenho resistido a tudo. Mas...

Felizmente, com a administração de antibióticos e uma consulta que custou centenas de euros, ele recuperou apetite, alegria e saudável impertinência.
Falta o resultado das análises que seguiram para Barcelona acompanhadas pelo franzir de sobrolho do médico veterinário.

Chama-se Mickey e é um dos meus melhores amigos desde há quase dez anos.
Dez anos complicados de altos e baixos, com mais vales sombrios do que miradouros encantados.

Vê-lo bem seria o melhor presente de todos.

Vox Emporium

101

PRÉMIO "La Tortura"

"Eu também tive piolhos na vossa idade e a minha mãe punha-me insecticida, mas, por favor, vocês não precisam de fazer isso. Agora basta tomar comprimidos."
Shakira, num encontro com crianças, in "Fuxico".

17 maio 2007

NÚMERO 100

Prefácio

Este é o post nº 100 aqui no "Eldorado". Exige-se uma comemoração.


Escrevi que seriam sorteados canivetes suíços e torradeiras. Infelizmente o indiano a quem tinha encomendado esse material de contrafacção (e ainda dois dvd's com travestis anões) não apareceu no dia e local combinados. Que morra afogado em vomitado de caril.
Isto sem qualquer racismo da minha parte quanto àquele monhé do ca**lho.

Pensei depois numa festa com strippers polacas mas o S.E.F. meteu o bedelho.
Os palhaços malabaristas foram outro fracasso. Não tinham carteira profissional.

Restavam as imitações de Alberto João Jardim e Valentim Loureiro, gravadas numa velha cassete de crómio por um cromo, digo, por um talentoso septuagenário alentejano de Borba.
Preferi não ir por aí.

"Então", perguntam vocês, "o que há hoje para ver neste cabaret virtual?"

Um poema de Fernando Pessoa metamaforseado em Ricardo Reis, um Postal Caramelo sobre o Jardim do Pinhal Novo, testemunhos de blogonautas vizinhos (na verdade é só um...), um link para um momento genial dos Gato Fedorento e mais uma edição da "Quinta das Anedotas".

É o que há e não se aceitam reclamações.
E pensar que já escrevi 100 posts idiotas como este...

Poemas no Eldorado

E depois deste momento esquizofrénico, que só foi possível depois de ter bebido Bacardi com Sonasol e de ter fumado logo a seguir três pauzinhos de incenso de Aloe Vera, chegou a vez de dar espaço à poesia, porque sim.
Esta é a uma festa-muesli e por isso vale tudo.

Eis Fernando Pessoa enquanto Ricardo Reis:


"Segue o teu destino"

Segue o teu destino,
Rega as tuas plantas,
Ama as tuas rosas.
O resto é a sombra
De árvores alheias.

A realidade
Sempre é mais ou menos
Do que nós queremos.
Só nós somos sempre
Iguais a nós-próprios.

Suave é viver só.
Grande e nobre é sempre
Viver simplesmente.
Deixa a dor nas aras
Como ex-voto aos deuses.

Vê de longe a vida.
Nunca a interrogues.
Ela nada pode
Dizer-te. A resposta
Está além dos deuses.

Mas serenamente
Imita o Olimpo
No teu coração.
Os deuses são deuses
Porque não se pensam.

Ricardo Reis


Epa, muito bonito. Até verti uma lágrima.
E agora, já de seguida, um Postal Caramelo.

E uma loura geladinha para o senhor da mesa do canto.

Postais Caramelos 3 : O Jardim

Para mim, tudo começou com uma velha fotografia descolorida, ainda o Jardim era pelado.

Com uma bela melena, na altura meio arruivada, equipado à Pinhalnovense, posei vaidoso para a velha máquina fotográfica. Depois o tempo correu, como uma criança atrás de uma bola.

Estas são, em breve resumo, as minhas memórias do Jardim do Pinhal Novo.


Sala de
visitas do Pinhal Novo. Pequeno pulmão verde no mar de concreto.
Orgulho-me de poder afirmar que aquele espaço vive um dos seus melhores momentos. Está florido, arranjado, mimoso.
Posso começar por aqui, pelas flores.

Flores
Difícil é nomeá-las, mas como sou um mestre em Botânica, consigo dizer-vos que ali há flores amarelas, cor de laranja, azuis, brancas, violetas, cor de rosa e árvores pequenas, médias e grandes. Impressionados, aposto.

Além das árvores e das flores, há pessoas que passam. E que se juntam aos magotes nas mornas noites de Verão, aproveitando para cuscar na vida alheia.
E que se juntam também em bom número junto ao coreto para chorar a morte de José Maria Bacalhau, que morre todos os anos na quarta-feira de cinzas e é preciso ter um azar do catano para ressuscitar tantas vezes e acabar por morrer sempre no mesmo dia.

Coreto
Nesse coreto, já o meu amado pai cantou várias vezes de galo, cioso da seu timbre de rouxinol, entre outros que fazem parte do coro da Filarmónica local.
Também nesse coreto, na portinha vermelha de uma espécie de cave, vivia há muitos, muitos anos, um velho desgrenhado que, sendo eu puto e fértil de imaginação, julgava ser o dono do coreto. Pensava eu: "este homem pode ser mais velho que uma tartaruga e cheirar mais mal que a Vala da Salgueirinha, mas c'o a breca! Mora num coreto!"

O coreto está ali desde 1927. Exactamente há 70 anos.
Aguém vai assinalar a data, ou sou apenas eu neste pobre blog?
Vejam lá isso.

José Maria dos Santos
A norte do coreto fica o mais importante "monumento" do Pinhal Novo, a estátua (1916) do benfeitor e fundador da terra, o insigne José Maria dos Santos, que dá nome ao Jardim, e que chegou a ter ali ao pé, a maior vinha da Europa. Só para verem como os pinhalnovenses são especialistas em desbaratar prestígio...
Mas do mal o menos, o povo caramelo tudo tem feito para recolocar a terra no mapa, para além da linha escura que significa a linha férrea que divide pinhalnovenses ao meio, apenas e só geograficamente, que o coração bate em uníssono.

Pois foi com a linha férrea, a estação de comboios e a igreja que tudo começou para o Zé Maria não das galinhas, mas das vinhas.

Igreja
Na velha igreja (1872) que completa este ano 135 anos de culto religioso, já assisti de tudo. Casamentos, baptizados e missas fúnebres. E nos últimos tempos, pequenas conversas com o Senhor Todo Poderoso e a sua correligionária Santa Teresinha.
Só eu sei o que tenho pedido. O melhor é que, aos poucos, as preces lá vão sendo atendidas.
É que não pode ser tudo de uma vez. A burocracia existe em todo o lado, até no Céu.

Ringue e Anfiteatro
O Jardim é pequeno, mas as memórias são cada vez maiores porque mais velho estou.
Não jogo futebol no ringue há mais de meia dúzia de anos. E morro de saudades. Mas parece-me ridículo pedir a punhado de gaiatos para jogar. Foi aí que tive tardes gloriosas. E desastrosas também.

Há também memórias alucinadas referentes ao velho anfiteatro, nomeadamente reportadas a uma velha discoteca itinerante que ali assentava arraiais nas noites de Verão. Ternurentos e fofinhos os primeiros "nãos" de meninas convidadas para dançar... Adiante.
Ali no anfiteatro está o mais belo graffiti do Pinhal Novo, escrito numa bancada de pedra.
Reza assim:

"Elogios não me elevam
Críticas não me rebaixam
Sou o que sou
Não o que acham"

Abençoadas ganzas que fazem criar poesia psicotrópica...

Lago
Falta falar de muitas mais coisas. Mas já estou a abusar da vossa paciência.
Não posso, contudo, deixar de lado o lago, elemento central da estética do Jardim.
Ali, em palcos improvisados no espelho de água, já actuaram Ágatas e outras pedras preciosas da música popular portuguesa. Já muitos se banharam nas longas tardes de canícula. Já muitos ali caíram nas saudosas tropelias dos Jogos Primaveris.
Ó tempo volta para trás!

Para mim, tudo começou com uma velha fotografia descolorida ainda o Jardim era pelado.

O Link da Malcata

Há não muito tempo - porque de computadores não percebo um boi - lá aprendi a criar links que vão daqui do "Eldorado" até onde eu quiser, ou até onde as autoridades quiserem. Só do YouTube já eu surripiei mais coisas do que o governo dos nossos bolsos.

Links, como o que criei para os desenhos animados da nossa infância, ou para as novelas que mais gostei, enriquecem e embelezam um blog.
Fotografias do Joãozinho? Epa, não. Eu disse coisas que embelezam o blog e não coisas que assassinem o blog. Aliás, acreditem, vocês não me querem ver.

Mas vão continuar a querer recordar bons momentos, espero.
Assim, este "O Link da Malcata" é uma nova rubrica aqui da casa. O propósito é imortalizar o melhor do humor. Como Ricardo Araújo Pereira em grande forma, na parábola de Marcelo Rebelo de Sousa, ainda antes do Referendo sobre a IVG.

Para ver carregue no asterisco *


Só tenho três palavras:
Ge - ni -al!


Gente que se liga na gente

Nos preliminares deste número 100, foi pedido a alguns fiéis frequentadores desta casa de petiscos, que opinassem sobre "O Eldorado". Mas só recebi um e-mail.
Estou triste. Estou mesmo a pensar friccionar esferovite nos meus pulsos até morrer bem morto...

Já passou.
Mas todos aqueles que não cederam aos meus caprichos serão severamente punidos.

Encontra-se em fase de limagem de arestas, a compilação dos mais estridentes hits do Toy, que vão invadir em hordas de vírus amestrados, toda a vossa parafernália tecnológica: telemóveis, portáteis, vibradores, máquinas fotográficas digitais, e até a dentadura high-tech da vossa avó.

Bem... eis o testemunho da Flora:

"Gosto imenso do seu blog. Já tenho rido bastante com ele. O que me fez parar por lá... Sem dúvida, o texto da Primavera. Nem sei como lá cheguei. De blogg, em blog... porque este ou aquele nome chamam a atenção... e acabei no "Eldorado".

E porque se calhar estava em dia mau (toda a gente os tem) gostei de me relembrar que depois de um frio Inverno, vem sempre a Primavera. Sempre!


Porque também acredito em sonhos, em que é possivel ser-se feliz apenas com um sorriso ou pouco mais.


Porque são as pequenas coisas que realmente nos fazem felizes. Porque ser feliz a todo o tempo é impossível, que eu possa descobrir a felicidade todos os dias, em pequenas coisas... como o sorriso da minha criança, ou o abraço de quem me ama.
Meia coxa, porque quem me ama ainda não apareceu... vou-me contentando com as outras grandes pequenas coisas que a vida me proporciona.

Nada como ver a luz do dia, todos os dias.Muita força e garra nesse blog (e em tudo o resto também: o que faz e o que acredita)."

Flora Leal, do blog "Devagar... mas com confiança"

Simpática a Flora. E gira. Aquele olho castanho mel (ou será verde?) não engana.

E para acabar o maior post do mundo, e porque hoje é quinta, aqui fica mais uma "Quinta das Anedotas".

Quinta das Anedotas 11
Especial "Os Homens não entendem as Mulheres"

Águas Passadas
Ela estava com algumas reservas no início do namoro:
"Nós não sabemos nada um do outro"
Responde ele:
"Não há problema, vamos conhecendo-nos ao longo da vida"
Ela concordou, casaram-se e foram em lua de mel para um luxuoso resort nas Caraíbas.
Uma manhã, estavam ambos deitados junto à piscina, ele levantou-se e subiu ao trampolim de 10 metros. Saltou em grande estilo. E voltou a subir e a saltar noutro grande estilo. E outra vez.
Voltou e deitou-se ao lado da mulher.
"Amor, foste fantástico!"
"Fui campeão olímpico de saltos. Eu disse-te que nos iríamos conhecer ao longo da vida!"

Então ela levantou-se, entra na piscina e nada velozmente até à outra ponta. E só volta depois de efectuadas 30 piscinas. E só depois saíu e deitou-se ao lado dele.
"Maravilhoso, amor! Também foste campeã olímpica de natação?"
"Não", respondeu ela. "Era prostituta em Veneza".

Pictionary
Um industrial de Paços de Ferreira foi à Noruega comprar madeira para a sua fábrica.
À noite, estava sozinho no bar do hotel e vê uma louraça encostada ao balcão.

Como não falava norueguês pediu ao barman um bloco e uma caneta e desenhou um copo com dois cubos de gelo. Mostrou-o à loura, ela sorriu, assentiu e foram tomar um copo.

De seguida começou a tocar música, ele pegou de novo no bloco e desenhou um casal a dançar. Mostrou-lhe, ela concordou e foram dançar.

Cada vez mais à vontade um com o outro, voltaram ao bar de braço dado e a rir alto. Ela pediu-lhe o bloco e desenhou uma
cadeira... uma cómoda... e uma cama. Mostrou-lhe e ele diz:
"Sim, sim! Sou de Paços de Ferreira!"

As prendas da sereia
Um pobre náufrago está há anos numa ilha deserta, até que um dia avista algo no horizonte.
"Epa, o que é aquilo? Uma barcaça? Não... parece... alguém..."
E era uma louraça que emergiu para ele, curvilínea, estonteante num fato de banho prateado.
Não me perguntem de onde ela veio e porque é que vai fazer-se a ele já a seguir, porque eu também não sei e a anedota é mesmo assim... Adiante.

"Há quanto tempo não fumas um cigarro?", perguntou ela.
"Há mais de 1o anos!"
Então, ela abre o bolso do fato de banho, tira um cigarro e oferece-lho. E volta à carga, a malandra.
"Há quanto tempo não bebes um whisky?"
"Há mais de 10 anos!"
E lá saca uma garrafinha de whisky de outro bolso de um fato de banho que, a existir, deve fazer um sucesso tremendo na SportZone ou na Decathlon.
"E agora...", pisca o olho a louraça, enquanto olha para o náufrago e começa a fazer deslizar o fecho principal do fato.
"Epa!", exclama o nosso homem todo contente, "tu não me digas que tens aí um PC?"

Epílogo

E pronto. Foi a nossa festa comemorativa de 100 posts.

Espero que tenha sido um tempo bem passado.

A partir da próxima semana há mais.

Uma das novidades diz respeito à inclusão de separadores entre os posts principais.
Vai chamar-se "Vox Emporium".

Pronto. Agora é que acabou.

Fim.

Está calor hoje, não está?
Uff... está cá uma brasa!

Pronto. Fiquem bem.

Onde é que está chave do carro, alguém viu?
Bolas, estava mesmo aqui! Uma pessoa não consegue ter nada arrumado nesta confusão...


16 maio 2007

"Gabriela", 30 anos depois

Post nº 99

Parece que faz hoje 30 anos que a primeira novela foi transmitida em Portugal.
"Gabriela", adaptação de um romance de Jorge Amado, o mais consagrado escritor brasileiro de todos os tempos, primeiro estranhou-se, depois entranhou-se a tal ponto que até os deputados da Assembleia da República adiaram uma qualquer votação para poderem assistir às últimas dibruras de "Gabriela", "Nacib" e "Mundinho".

30 anos depois, as novelas tornaram-se banais. Pior, tornaram-se tão enjoativas como uma dieta de baba de camelo.

Para hoje, 16 Maio de 2007, estão previstas - pasmem-se - 12 telenovelas.
Duas na RTP1, seis na SIC e quatro na TVI.
E ainda que goste de espreitar as "Páginas da Vida", não me importava de voltar a 1977, período deliciosamente pré-histórico do actual panorama novelo-dependente das nossas televisões.
Mais para mais, na altura tinha seis aninhos e a única preocupação que tinha era não colar macacos debaixo do tampo das mesas...

Novelas que me marcaram?

"A Guerra dos Sexos" (1983)
"Roque Santeiro (1985)
"Tieta do Agreste"(1989)
"Pantanal" (1990)

Todas elas boas histórias servidas por bons actores.

Hoje abusam de gente bonitinha que bota faladura e desfila pernocas e peitorais bem definidos.
E, claro, ricos e pobres, bons e maus, gémeos desavindos e amores impossíveis.

Duas cenas típicas de novela:

1 - Os jovens amantes lutam contra tudo e contra todos para ficarem juntos, mas não sabem que são irmãos.
2 - O rapaz, honesto e bom trabalhador, descobre que aqueles que o criaram não são os verdadeiros pais.

São, ao que parece, situações comuns em todas as famílias portuguesas...

Por mais de uma vez assumi-me como saudosista neste blog.
Por isso, confesso que faz-me comichão na moleirinha ver, em "Páginas da Vida", uma Sónia Braga ainda mais nova do que há 30 anos.

Antes cabocla e descalça, selvagem e impertinente; hoje urbana e sofisticada, burilada e domesticada.
De Gabriela Cravo e Canela à Tônia de Bisturi e Bottox, muita coisa mudou.

As pessoas que nos entram pela tv parecem mais bonitas, mas são mais plásticas.
As histórias também.

14 maio 2007

Jogos sem Fronteiras

Post nº 98

Foi um fim de semana capaz de encher as medidas a uma pessoa extremamente caprichosa.
Hospedeiro de uma respeitável colecção de disfunções emocionais, sou capaz de ir da euforia à melancolia e vice-versa mais aceleradamente do que o Fernando Mendes em queda livre.
Mas desta vez tudo correu pelo melhor.

Não venho aqui contar a minha vida privada mais íntima.
Mas posso referir dois dos muitos bons momentos deste weekend: um filme que surpreendeu pela positiva, e um jogo de ténis diferente.

O filme, chama-se "Eragon" e, embora seja um sucedâneo do hiper-galardoado e mega-aclamado "O Senhor dos Anéis", proporcionou perto de duas horas bem passadas em que a fantasia de cavaleiros e dragões azuis (que apesar de tudo empataram em Paços de Ferreira) arrumaram a um canto o stress acumulado de uma semana de trabalho.
Também é uma trilogia e lá diremos presente às próximas duas partes.

O ténis, não trouxe desta vez vencedores nem vencidos, apenas um doce empate embalado por uma brisa que às vezes empertigava-se em vento, mas logo adormecia vencida pelo cansaço.

Eu de um lado e ela do outro. E uma surpreendente capacidade de aprender depressa e bem. Num instante já estava a trocar bolas comigo e, notava-se, decomprimia, descontraía-se e gostou. Teve um bom professor, foi o que foi...

Eu também adorei a experiência, apesar de não perceber o propósito de uma rede que me separa de quem amo.
Mas é bom deixar-me enredar (ainda mais) assim.

11 maio 2007

Aventuras na estrada

Post nº 97

Ontem à noite tive uma experiência tenebrosa.
Fui cobaia num projecto mais arriscado do que mergulhar todo nu num charco amazónico cheio de piranhas. E sobrevivi. Embora com sequelas ao nível do córtex cerebral.

O caso conta-se em 149 letras e dois algarismos:
A minha amiga L. tirou a carta. E comprou um carro. E convidou-me para uma volta. À noite. Com 15 dias de experiência. E, depois de despedir-me dos meus pais, do cão, do canário e da namorada, aceitei.

O carro, um Honda Jazz vermelho, que não destoaria no quartel dos bombeiros lá da terra, já deverá estar, a esta altura, arrependido de ter nascido numa linha de montagem. Um carrinho comprado em 2ª mão, mas ainda reluzente, que só não ganhará cabelos brancos e problemas cardíacos, porque não é humano, não sejamos patetas, aquilo só respira depois de injectado com octanas pagas a peso de... petróleo.

Pois a mais recente e intrépida piloto das nossas estradas, ainda resolveu levar-me arrastado a um lugarejo próximo para ir buscar o nosso amigo D, ou, se preferirem, o jornalista M.B.S.

Foi ao mesmo tempo preocupante e hilariante, vê-la inclinada sobre o volante, atenta a tudo o que se mexia, fazendo o bólide rodar a uns alucinantes 50 km/hora e sem engatar mais do que a terceira.
Montado num caracol tetraplégico teria chegado mais depressa...

Um dia depois, esgotada a caixa de Xanax's, ainda recordo com um arrepio na espinha, a mais alucinante inversão de sentido de marcha da minha vida, efectuada pelo espírito embriagado de Ayrton Senna à entrada dessa bela terra que leva o nome de Lagoa da Palha.

E tu, JP, és assim tão bom condutor?
Não, de todo. Os meus primeiros dias a conduzir foram ainda mais tenebrosos. Durante um ou dois meses, as pessoas não saíram à rua, não fosse o Diabo tecê-las ou o João Paulo colhê-las.
Hoje já se vai avistando duas ou três personagens que têm que ir despejar o lixo ou comprar o pão...

Por isso, relembrando os meus primórdios na estrada e em nome da nossa velha amizade, a L. está perdoada.

Próximo passeio?
Devem estar a brincar!

07 maio 2007

No Tempo da Abelha Maia

Post nº 96


Enquanto uma Comissão de Neurónios Tresloucados (CNT) trabalha afincadamente na concepção do post nº100, nada melhor do que ganhar tempo reeditando mais um texto antigo, da minha primeira aventura na net.

Então, lá vai:
JPC apresenta... Tcham! Tcham! Tcham! Tcham!

"No Tempo da Abelha Maia"

"Os Desenhos Animados são hoje sinónimo de explosões, clones e ET’s, numa orgia de efeitos especiais. Heidi! Abelha Maia! Vickie! Marco! Dartacão! Lembra-se deles?

Há muito, muito tempo atrás, ainda a Lili Caneças tinha o focinho no sítio, os pimpolhos deixavam as mochilas da escola no corredor, corriam para o sofá, tiravam um ou dois macacos do nariz, e esperavam pelos seus amigos animados da televisão. Leia as parvoíces que escrevi, clique nos nomes sublinhados e chore de saudades!!

Heidi
A história de uma pita de pé descalço como a Dulce Pontes que vivia não no Montijo, mas sim nas montanhas dos Alpes. Vivia com o avôzinho, talvez porque fosse bom para os pulmões do velho respirar o ar da montanha e as termas lá do sítio fossem carotas. Bochechas rosadas, roliçazinha, gostava de se enrolar com o Pedro no meio das ovelhas. Depois queixam-se...

Vickie
Hoje as traições são o pão nosso de cada dia (lagarto, lagarto, lagarto), mas houve um tempo em que um povo do norte da Europa exibia o seu par de cornos com orgulho. Entre eles, havia o Vickie: um menino lourinho, com cara de menina e... já com um par de cornos. É a vida.

Marco
O vosso cronista, de desenhos animados do século passado, já não se lembra muito bem deste. Quem seguia com assiduidade dizia que fazia chorar as pedras da calçada (nos sítios onde havia calçada). Perdeu a mãe muito novo e andava com um macaquinho ao ombro. Sem comentários.

Conan, O Rapaz do Futuro
Mais um ídolo de pé descalço e com nome de... de... digamos que... com um nome que dificilmente saía da cabeça dos rapazes da altura. Gritava mais do que a Júlia Pinheiro a chamar as gémeas para virem para casa. Vivia com um velho até se aventurar numa cidade chamada “Indústria”. Muito similar aos dias de hoje. Vive-se com o velho até nos aventurarmos na indústria. Depois vamos de férias e quando voltamos a empresa fechou as portas...

Jacky
Era um ursinho que vivia no meio dos ursinhos, blá, blá, blá. Blá, blá, blá. Muita cor, uma boa banda sonora e não ficou mais nada na memória. Um pouco como a campanha de Soares nas últimas presidenciais.

Dartacão
Recordo-me com saudade deste grupo de quatro Bobis, mascarados de moscãoteiros. Muito colorido, com melhores lutas de espadachins que as do Banderas em “Zorro”; melhor romance (Dartacão/Julieta) do que o enjoo Brad Pitt/Angelina Jolie; melhor intriga religiosa do que no “Código da Vinci”.
Uma das melhores músicas de Desenhos Animados de sempre.

Franjinhas e o Carrocel Mágico
Um Desenho Animado muito fofinho, com bonecos muito fofinhos, com música muito fofinha, enfim, tudo tão fofinho que acaba por ser o mesmo que ser o soutien da Fafá de Belém. Ou seja, acaba por enjoar.
O Cão Franjinhas e os seus amigos andavam de um lado para o outro sem nada para fazer, e havia um carrocel, supostamente mágico. Quer dizer, eles não “andavam”, “deslizavam” sem levantar os pés do chão! Hoje já há ténis com rodinhas para a criançada. Dizem que faz mal à coluna... também no banco de trás do carro faz, e há muitos que não se queixam.

Mangueirinhas
As aventuras de um jovem bombeiro muito bem dotado, que vive para combater o fogo. Das matas e das mulheres que andam atrás dele. Muito colorido, com muitas mulheres jeitosas, muita coisa a arder e muito “ti-nó-ni”. Com linguagem para adultos, poderia ter dado na SIC Radical.
Nunca foi emitido por falta de subsídios do Estado.

A Abelha Maia
A Abelha Maia, o Gafanhoto Flip e outros insectos do género, viviam “num país cheio de cor” (Jamaica?) e lutavam contra outros insectos enquanto faziam pela vida. Hoje, os insectos são exterminados facilmente por qualquer insecticida, o Flip arruma carros no Bairro Alto e a Maya deita cartas na mesa e rapazinhos na cama.

E é tudo, amiguinhos! São horas de fazer os trabalhos de casa."

Post- Scriptum

  • Faltam 3 posts para a celebração do número 100. Não falte.
    Vamos sortear uma torradeira.
  • "O Eldorado" só vai regressar na 6ª feira. Até lá vejam e revejam os desenhos animados dos anos 80.

Ah! E não se esqueçam de lavar os dentes antes de irem para a caminha!



06 maio 2007

Meia Maratona

Post nº 95

Está feito. Terminei a cobertura da 18ª edição da Meia Maratona Internacional da Cidade de Setúbal, e também a Mini Maratona das Famílias, com o prémio imediato de um Mini Escaldão e de uma Meia Desidratação.

Ganhou um queniano, olha que surpresa.
Mas nas senhoras - e eu escrevi que este era um domingo de mulheres, só espero que logo o Sporting não jogue como meninas - venceu uma mulher do norte, carago. Marisa Barros, entrevistada por mim em primeira mão. Gosto quando sou o primeiro nestas coisas.

Simpática e ainda fresca como uma alface, ela estava obviamente contente com a sua primeira grande vitória.

Bem, vou ali almoçar com o pessoal da rádio que a fome é mais do que muita e depois vou resgatar o que falta do fim-de-semana.

04 maio 2007

Royal

Post nº 94

Domingo é dia de mulheres.
Começa logo pela manhã quando, depois de a deixar respirar, conseguir trocar umas palavras com a vencedora da 18ª Meia Maratona Internacional de Setúbal. Sim, porque entrevistar o vencedor da prova masculina, sendo ele presumivelmente queniano, etíope ou zambiano, deve ser bem mais complicado.

À tarde, espero estar com a minha menina, o amor da minha vida e, se fosse escrever sobre ela, nunca mais parava. É linda e inteligente. E eu gosto cada vez mais de mulheres assim, como explico abaixo.

À noite, tenho que assinalar de alguma forma o Dia da Mãe. Um beijo conta?

E ainda mais à noite, gostava de ter uma boa notícia vinda de França. A vitória de Ségolène Royal nas presidenciais francesas. Sei que é quase impossível, a avaliar pelas últimas sondagens, mais je rêve.

Madame Royal é o mais recente exemplo de mulheres que "fazem a minha cabeça", como dizem no Brasil. Bonita e inteligente. E socialista já agora. Sou um homem de esquerda e gosto que uma mulher tenha os mesmos valores.

Gostava que Ségo ganhasse e imagino-a a aturar o anormal presidente dos Estados Unidos, nomeadamente em relação ao seu último devaneio de, a breve trecho, invadir o Irão.
- Madame Royal, posso contar consigo para invadir o Irão?
- Pas de tout, Monsieur Bush, pas de tout!!

Ségolène Royal, 53 anos.
Não assim há tanto tempo, na feira de Maio do Pinhal Novo, andava muito no carrocel Royal e sei que dá para pôr um gajo tonto.

E já repararam como é sexy a política em francês?

03 maio 2007

Olha! Ganhei um prémio!

Post nº 93

Diz que é uma espécie de prémio.
Chama-se "Thinking Blogger Award" e parece que mereço a distinção por ter sido nomeado pela minha amiga "miosotis", uma das novas amizades virtuais construídas neste mundo novo, pelo menos para mim.
A "miosotis" também tem um prémio destes, que exibe com indisfarçada vaidade, mas o blog dela, que defino como "poesia de bits floreados", merece sem sombra de dúvida esta distinção, agora eu...

Deve ser engano.
Só pode ser.
Se dá para reflectir alguma coisa com o "Eldorado", é como é que um gajo gasta tempo a escrever parvoíces.
Pior ainda. Há quem leia e até quem atribua prémios ao que leu.
Está tudo doido.
Bem... "o galardão" que me foi atribuído é este:


Para que não se pense que isto é de somenos importância, refiro desde já que há uma série de rigorosas regras, como exibir a distinção em lugar de destaque e nomear outros cinco blogs.

Peço desculpa aos mentores da coisa e em especial a ti, "miosotis", mas vou-me ficar por aqui. Os meus parcos conhecimentos em html, a vontade que falta e os vírus que não faltam neste computador, levam-me a isso.

Mas é fácil, perceber quais os blogs que nomearia. Estão ali ao lado em "Blogoteca" e falta acrescentar lá dois que já merecem pela fidelidade a este blog e pela qualidade dos próprios.

Um chama-se "Momentos" e é produzido no centro do país, em Óbidos.
O outro chama-se "Blog do Cabos" e é produzido no sul do país, em Faro.

Um abraço a todos.

02 maio 2007

Perguntas Estúpidas

Post nº 92

Faz-me comichão no estômago algumas perguntas que se fazem por aí.

Talvez a clássica das clássicas perguntas parvas seja aquela que se faz à noite, quando já estamos a dormir. Então, com toda a delicadeza possível aos elefantes e Valentinas Torres deixados à solta em lojas de cristais, chegam os lábios megafónicos aos nossos ouvidos de princesas adormecidas e perguntam"estás a dormir?"
Mais estranha é a resposta do importunado/a. Em vez de ripostar violentamente e contribuir para mais uma página do "Correio da Manhã", há quem tenha a lata de responder "estou".

Outra clássica é a famosa "who's there?" dos filmes de suspense, thrillers e afins.
Vejamos este caso em português cá do rectângulo:

Meia-noite e meia.
O Guilherme chega a casa depois de um par de horas na tasca com os amigos. A porta está arrombada, a sala está revirada do avesso. Houve ruídos no andar de cima. Sobe as escadas a medo. E depois, minhas senhoras e meus senhores, o grande momento em que o medo reduz a gelatina os neurónios de um acossado, melhor, de um gajo quase a mijar pelas pernas abaixo.
"Quem está aí?"

Como "quem está aí"?! Será que é de esperar, de facto, uma resposta? Quem se denuncia assim ingenuamente? Mas pronto, vamos imaginar que sim, que respondem.
"Ó senhor, eu sou um ladrão que está aqui no primeiro andar a roubar-lhe o cofre e entretantos apareceu a sua senhora e eu atei-lhe as mãos atrás das costas com umas gravatas que encontrei no seu guarda-fatos e depois reparei que era uma gaja toda boa, de modos que estou aqui a violá-la e tal".

"Ah, pronto. Era só para saber."