30 julho 2010

As Sextas São Diferentes no "Eldorado"

Vem aí o ELDORADO CHILL OUT.
Todas as sextas, um cocktail e um suave tema musical para embalar o seu fim de semana.
Tudo apresentado de uma forma esteticamente apelativa.
Imaginem a Soraia Chaves nua, a vender Bolas de Berlim.
É mais ou menos isso.

António Feio (1954-2010)


António Feio, então com 11 anos de idade, em "O Viajante Sem Bagagem", ao lado de Rui de Carvalho.
Estávamos em 1966.

O actor e encenador morreu ontem à noite, aos 55 anos de idade, depois de ano e meio de luta para vencer um cancro do pâncreas.

Tive o privilégio de o ver no palco, ao vivo e a cores, como vai permanecer na nossa memória, porque os bons nunca morrem e era bonito ver Feio ser tão bom.
Até sempre.

O Pinto

A partir de hoje sou a representação humana do saudoso pinto preto com um chapéu casca de ovo.

O pinto preto remete logo para as fantasias das leitoras femininas que ainda não se esqueceram do "Equador", mas estava a falar do Calimero.

Embora queixoso, não me queixo do pinto que tenho, mas do pinto que sou.
Mas isso tem vindo a mudar, lamúrias derretem ao sol.

Protagonizo por uns tempos o Calimero, porque adoptei uma bela alva carecada, pente 1, casquinha de ovo na cabeça, mas branco da cabeça aos pés, uma espécie de Calimero albino, coisa que merecia ser respeitada e acarinhada pela sua raridade e perigo de extinção.

Acrescente-se um andar manco, sequela de uma noite atribulada em Bruxelas, em 1999.
Quando era a representação animada de um Francis Obikwelu, que ainda não ganhava corridas.

E voltamos aos pintos pretos e às fantasias das leitoras.
Porque não descansam, senhoras, com este calor?

Pois pareço então, um pinto branco, meio coxo.
Mas a melhorar, em breve de cabeça erguida.
Erecto.

28 julho 2010

Maria Clementina


Uma das grandes revelações do ano.
Música em bom português, melódica, hipnótica, até.
É impossível não cantar isto o dia todo, todo o dia.

É também uma música que dá sede.
Não é para menos com este calor.

27 julho 2010

Freeze! This Is a Fantasy!

A meio da noite assaltei o frigorífico.
Não é que tivesse fome, mas pareceu-me o único local onde poderia dormir face ao bafo quente que se sentia por toda a casa.

Convenci o meu fiel travesseiro a partilhar comigo esta aventura, a troco de duas ou três confidências que só ele consegue guardar e, por volta das três da manhã, aconchegámo-nos junto a dois iogurtes Actimel, uma alheira e um tupperware com rebentos de soja e pimentos, que não faço ideia o que estavam ali a fazer.

Fechei a porta e sonhei que era um urso polar que encantava belas esquimós com uma voz igualzinha à do Andrea Bocelli, com a vantagem que este urso ainda vê onde põe as patas.

Tornei-me mais do que um urso polar.
Tornei-me um urso popular, dou autógrafos em decotes profundos e levo focas adolescentes para o camarim.
Às vezes, até as mães delas.
Um motherfoca autêntico.

Acordei meio gelado, a fazer da alheira um microfone, como se houvesse um piquenique Modelo com o Tony Carreira, num glaciar, perdido algures no Ártico.

Esta noite não sei onde dormir.

11 julho 2010

Mundial 2010 - A Grande Final

Vocês nem imaginam, mas o Mundial 2010 que termina hoje vai deixar saudades.
Porque este foi um Mundial diferente.
Africano sim, mas com muitas nuances europeias.

Haveremos de recordar para sempre este campeonato, como aquele em que os jogos começavam com um pretinho a gritar "Kena Ko", que significa lá no linguarajar deles "está na hora".

Infelizmente também não esqueceremos as insuportáveis vuvuzelas, a eliminação precoce de Portugal e a vitória da Espanha, primeira vez que uma selecção europeia se sagrou campeã mundial fora do continente europeu.

Sim, porque a Espanha vai ser campeã europeia, palpito eu e o Paul, aquele polvo alemão que adivinha os jogos.

Há duas pessoas que se sagrarão também campeãs mundiais este ano, sem que tenham jogado um segundo sequer com a roja espanhola.

Um deles chama-se Pep Guardiola e é o treinador do Barcelona, equipa que constitui a espinha dorsal da selecção espanhola, o que resulta naquele futebol lindo, recortado, envolvente, mágico, quase pinball, a que chamaram tiki taka, uma espécie de toma lá, dá cá.

O segundo é ainda menos evidente, mas já lá vamos.

Primeiro, queria deixar aqui, o onze ideal do Mundial, uma opinião pessoal obviamente discutível, mas não negociável.

Eduardo (Portugal) ; Maicon (Brasil), Lúcio (Brasil), Puyol (Espanha) e Fábio Coentrão (Portugal); Boateng (Gana), Xavi (Espanha) e Iniesta (Espanha); Fórlan (Uruguai), Klose (Alemanha) e David Villa (Espanha).

Menções honrosas para Casillas (Espanha), Piqué (Espanha), Sérgio Ramos (Espanha), Sjneider (Holanda), Friedrich (Alemanha), Juan (Brasil), Tchabalala (África do Sul), Higuain (Argentina), Suarez (Uruguai), Gyan (Gana) e Thomas Muller (Alemanha), a grande revelação do Mundial, que só não coloco na equipa ideal, porque também seria um crime deixar de fora Iniesta ou Fórlan.

Quando a Espanha se sagrar campeã do mundo, sabem quem também será campeão? Eu.

Não porque tenha costela espanhola ; na verdade, durante muitos anos, odiei todo o mau vento e mau casamento que prometiam nuestros hermanos.

Mas no início dos anos 80, numa pequena aldeia beirã chamada Pinheiro de Ázere, eu inventei o tiki taka.

Numa das raras ocasiões em que eu e o meu irmão, sete anos mais novo, nos vestimos de igual - por caso t-shirts vermelhas e calções azuis - , entretinha-mo-nos a trocar dezenas de passes, até chegar a uma baliza deserta, cabendo o golo ora a um, ora outro.

Estava inventado o tiki taka e tenho quase a certeza que ou Cruijff ou Guardiola andavam por ali e copiaram tudo.

De qualquer forma, recordado isto e agora que já não odeio espanhóis, serei então Campeão do Mundo de Futebol ainda antes das 22 horas.

Recebo os vossos aplausos e parabéns amanhã.

08 julho 2010

We No Speak Amarelejo


Esta é das que mais se ouvem nas discotecas nestas noites quentes.

Yolanda Be Cool & DCUP, neste "We No Speak Amarelejo", perdão, "We No Speak Americano".

'Tá toda a gente na Amareleja de mão no ar!!!!

A ver se chove.

07 julho 2010

A Amareleja Contra - Ataca

Parece que um dos textos mais polémicos que escrevi continua a dar que falar.

"Férias na Amareleja"
foi escrito há mais de um ano, primeiro no extinto "Porta do Vento", blog de Ana Vidal, e depois republicado aqui no nosso "Eldorado".

Foi escrito com esforçado sarcasmo e laivos de non-sense, de que não resultou grande coisa, porque, como se sabe, não tenho talento algum.

Ainda assim, todos elogiaram o humor da prosa.
Todos?
Não!!

Uma pequena e indomável vila resiste hoje e sempre ao escriba mal-educado, parvalhão e ignorante!

Continuo a ser alvo da revolta dos amarelejenses, que detestaram o tom jocoso com que falei dos seus hábitos de lagartixas ao sol quente, 47 graus de máxima, recorde de 2003, embora o termómetro da Farmácia Portugal marque há dois dias consecutivos 50 graus...

São já 32 comentários, espalhados por quatro postagens e dois blogs, o que demonstra a pertinência de um abaixo-assinado que vou lançar, pedindo que a Assembleia da República mude de armas e bagagens para a Amareleja, porque ali trabalha-se, nem que seja ao computador, na redação de comentários como este:


"Caro João agora que descobri este blog de tão mau gosto...

começa bem, o tipo...

permita-me que lhe diga que o senhor (se é que se possa chamar senhor a alguém como você)...

pode chamar-me senhor, desde que diga primeiro "Deus Nosso", ficando "Deus Nosso Senhor". Gosto de ser tratado de forma humilde...

...mas não passa de um mero inculto.

Inculto é a tua, tia, pá!

O desconhecimento total da realidade da vila de Amareleja, leva a que as suas palavras se tornem desnecessárias aos que as lêem...

as palavras são é desnecessárias se atrapalham o raciocínio, como neste caso...


...e que tão estupidamente concordem com elas.
Aconselho-o a que trabalhe mais na sua formação pessoal e cultural.

Ui, temos pedagogo! Fique a saber que leio "A Bola" todos os dias. Ora toma!


É vergonhoso que pessoas como você...

"pessoas" não, Senhor. Deus Nosso Senhor. Perdão, Deus Vosso Senhor.


...possam continuar a publicar tais aberrações em blog’s...

"blog's" é bonito, embora mal escrito...


...ou sites que mais não passam de meras “patetices”...

ó
minha aventesma! Todo este blog é uma patetice pegada, só descobriu agora?


...vindas de pessoas que são mal educadas e mal formadas.

Mau.
Agora esticou demais a corda.
Se não estivessem 50 graus aí na terreola iria aí esbofeteá-lo à bruta, mas vemo-nos no Inverno.


Cumprimentos AMARELEJENSES"

Saudações ELDORADENHAS para ti, desejo que sejas sodomizado por um asno selvagem e até daqui a seis meses.


Engraçados e bem tesos estes amarelejenses.
É bem notório o efeito do calor abrasador nas suas cachimónias.

Rezarei uma novena por eles.
Quando estiver mais fresquinho.

06 julho 2010

Eu Declaro Morte Ao Sol

Ah, o Verão!

Que felicidade poder dormir nu, numa poça de suor, colado aos lençóis como se fosse uma sanguessuga esculpida em mel!

Que bom sentir-me dentro de uma estufa, desconhecendo onde fica a saída, percorrendo labirintos feitos de pés de girassol!

Oh, quão deliciosamente engraçado é brincar ao paõzinho de Mafra que, devagarinho, coze no forno onde me fecharam!!

Vou esconder-me num velho frigorífico, junto a uma janela de um desocupado 14º andar, numa cidade algures por aí.

Fiquem com as miúdas quase nuas e os gelados da Olá, porque sou snipper encartado,estou armado e declaro morte ao sol.

Não há GNR que me impeça.

Se é Futebol, Desliga.

Ainda sou do tempo em que as 16 equipas de topo do futebol português disputavam o título de campeão, numa prova a que se chamava "campeonato".

Não estranhei muito quando lhe chamaram "Primeira Liga", mas já franzi o nariz quando inventaram a "Liga Sagres".

Agora, uma "Liga Zon Sagres" é, de facto, aberrante.

Não deverá faltar muito para que as marcas - e consequentemente o dinheiro que resta neste mundo - tomem conta de tudo, inclusive com adesivos publicitários colados no meio da testa, nas costas, no rabo, onde houver espaço.

Não deverão passar 10 anos, até o campeonato ser baptizado de "Liga Colgate Black & Decker Nestum", com os jogadores a entrar em campo ao lado de moçoilas dentro de gigantescas pastas de dentes, ou até pacotes de Nestum Mel, parafusos e porcas.

Oportunidade única para afirmar que "aquela tem um grande pacote" ou que fulana "é uma porca".

Isto é cada vez menos futebol e cada vez mais prostituição e, neste sentido, os jogadores serão os primeiros a habituar-se ao novo status quo.

Falta acrescentar uma menção honrosa, ao nível da estupidez, para a antiga Segunda Divisão, aliás Liga de Honra, aliás Liga Vitalis, aliás a nova Liga Orangina.

Parece que o Compal Light ofereceu menos dinheiro.

05 julho 2010

Jardim da Estrela

Se anda por Lisboa a morrer de calor, vale a pena perder o fôlego e escalar umas das colinas para desfrutar do grandioso Jardim da Estrela, um dos pulmões verdes da capital portuguesa.

Estive por lá este sábado e, mesmo antes de abocanhar um gelado, estive quase, quase para berrar um "Olá, fresquinho!".

O jardim, centenário, tem hoje, para além dos múltiplos espaços verdes, lagos com patos, carpas e outra bicharada, um coreto verde de ferro forjado construído em 1884, cafés, fontes, monumentos, feiras, gente a tocar, a correr, a brincar, a merendar ou até a dar uns amassos, enfim , de tudo um pouco, como se fosse um mini Central Park.

Em frente fica a majestosa Basílica da Estrela e, quanto ao Leão, que deu nome a um dos mais famosos filmes portugueses, existiu mesmo e chamava-se Panhel.

No século XIX estava por ali, numa jaula, exposto como exótico devaneio dos lisboetas, chegou a ser noticiado que tinha fugido e morto duas pessoas, esteve doente, foi operado e anos depois acabou por morrer, tudo antes de existir Jardim Zoológico na capital.
A jaula foi desmantelada já nos anos 20 do século passado.

Hoje em dia, como se sabe, os leões entendem que estão pouco valorizados e, por exemplo, se no Porto pagam mais para os ver, é para lá que eles vão.

Mas o mundo continua a girar, sem a estrela no Leão, sem leão na Estrela, mas ainda com o jardim, com tudo o que permanece de bom nesta vida, em especial a fidelidade dos eternos amores.

01 julho 2010

A Revolta dos Pastéis de Nata

Devo ser uma das pessoas mais gulosas deste mundo.
E só não sou das mais gordas porque ando muito e bebo muita água.
Juntando tudo, sou uma espécie de camelo, duna para cá, duna para lá, à procura de bolos de chocolate.

Este grandesíssimo camelo que sou, mente a si próprio, quando repete que deixa de comer bolos no Verão, porque lhe apetece mais sumos e mesmo fruta.

Não é inteiramente verdade, porque ainda ontem fui seduzido por um pastel de nata.

E eu tenho com os pastéis de nata uma relação quase sexual.

Há toda uma série de preliminares antes de afincar o dente no pastelinho, que passa pelos olhares gulosos, carícias na superfície folhada e uma série de palmadas na base com urros libidinosos...

Who's your daddy, ann?
Vais ser comido de alto a baixo!!

E cenas assim, tristes de serem presenciadas nos cafés deste país, razão pela qual normalmente acontecem apenas na cozinha lá de casa.

E a canela no pastelinho de nata?
Curiosamente, não é para mim essencial.

Mas ontem achei que merecia.
E como nestas coisas a expressão "ter mais olhos que barriga", faz todo o sentido, o lambão acabou por polvilhar o pastel de nata com oregãos, cego que estava com toda a gulodice.

Emendado o erro, ainda assim, o pastel de nata acabou por saber a caracóis.

Em vez de chorar sobre o oregão derramado, os meus neurónios açucarados juntaram-se em plenário para debater a seguinte questão:

A que saberá uma bela pratada de caracóis polvilhada com canela?

Uma pergunta que terá resposta ainda antes de me ser colocada a banda gástrica.