01 julho 2010

A Revolta dos Pastéis de Nata

Devo ser uma das pessoas mais gulosas deste mundo.
E só não sou das mais gordas porque ando muito e bebo muita água.
Juntando tudo, sou uma espécie de camelo, duna para cá, duna para lá, à procura de bolos de chocolate.

Este grandesíssimo camelo que sou, mente a si próprio, quando repete que deixa de comer bolos no Verão, porque lhe apetece mais sumos e mesmo fruta.

Não é inteiramente verdade, porque ainda ontem fui seduzido por um pastel de nata.

E eu tenho com os pastéis de nata uma relação quase sexual.

Há toda uma série de preliminares antes de afincar o dente no pastelinho, que passa pelos olhares gulosos, carícias na superfície folhada e uma série de palmadas na base com urros libidinosos...

Who's your daddy, ann?
Vais ser comido de alto a baixo!!

E cenas assim, tristes de serem presenciadas nos cafés deste país, razão pela qual normalmente acontecem apenas na cozinha lá de casa.

E a canela no pastelinho de nata?
Curiosamente, não é para mim essencial.

Mas ontem achei que merecia.
E como nestas coisas a expressão "ter mais olhos que barriga", faz todo o sentido, o lambão acabou por polvilhar o pastel de nata com oregãos, cego que estava com toda a gulodice.

Emendado o erro, ainda assim, o pastel de nata acabou por saber a caracóis.

Em vez de chorar sobre o oregão derramado, os meus neurónios açucarados juntaram-se em plenário para debater a seguinte questão:

A que saberá uma bela pratada de caracóis polvilhada com canela?

Uma pergunta que terá resposta ainda antes de me ser colocada a banda gástrica.

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