30 abril 2008

O Fim

O Eldorado - Edição nº 229

A 06 de Dezembro de 2006, no final de um ano regenerador, até agora um dos melhores do século e instigado pela vontade de voltar a publicar escritos meus na internet, depois de uma gratificante (não gratificada) experiência no site dos Bombeiros Voluntários do Pinhal Novo, resolvi aventurar-me na blogosfera pela primeira vez.

Às vezes, muitas vezes, a maior parte das vezes, deixo-me levar por sonhos e ilusões e a esmagadora maioria das milhentas ideias que borbulham neste cérebro, modéstia à parte fascinante, correm mais depressa do que as pernas e os braços se agitam para as alcançar.
Assim, quis desde logo que o meu blogue primasse pela diferença, que desse que falar, que fosse comentado.
Assumido cultivador do low profile, não sei de onde vêm estes devaneios de notoriedade, mas que eles me acometem amíude, lá isso acometem.

E foi assim que o blogue do João Paulo Cardoso adoptou o presunçoso nome de "O Eldorado", mas esteve para se chamar "Trópico de Unicórnio", "Faunos, Sereias e Duendes Mentais" ou qualquer coisa que tivesse "Atlântida" no nome.

Ao todo, foram quase 230 posts publicados, clicados quase 16 mil vezes, porque o contador só foi instalado a meio de Fevereiro e antes disso não faço ideia quantas alminhas perderam minutos da sua vida a ler estas porcarias.
Foram anedotas, piadas engraçadas outras forçadas, textos de humor e outros de dor e melancolia, polémicas com lésbicas, rubricas diversas, tudo feito com muito amor.

Em Janeiro deste ano decidi avançar por outros caminhos, decretei um prazo de vida curto para o que faltava do "Eldorado" e a decisão foi irreversivelmente tomada. O blogue terminaria a 30 de Abril, o que, se forem espreitar no calendário, já passou.

E tem mesmo que ser assim porque os últimos meses foram penosos, dolorosos, mesmo.
Não é fácil criar textos de humor originais num país fértil em patetas que se oferecem ao escárnio e maldizer.
Atrás do peixe podre que nos entra pelas televisões, rádio e jornais todos os dias vieram mil e uma gaivotas espirituosas, cada qual com um estilo próprio de voar alto para chamar a atenção ou de voar baixinho e fazer cócegas em cocurutos só habituados à orfã genialidade do Herman.

No entanto, bem ou mal, "O Eldorado" conquistou o seu dimunuto espaço alcançando a estrondosa média de 35 visitantes diários o que é ao mesmo tempo patético e surpreendente.
Tantos ou tão poucos, mas alguns deles fiéis e só os mais próximos sabem como eu prezo a fidelidade.

Nesta hora de fechar as portas quero agradecer ao João Moço, que me apresentou o Blogger, e a todos os outros. Que me perdoem se deixar algum para trás:
Null Fame, Grettir, a Gal do Brasil, Susana, Nelson, Catarina, Helena, a bombeira da internet hoje sra. presidente, Jorge Esteves, Paulo Cristo, Amorim, N.M., Patrícia, Hucleberry Friend, Sofia, MariaV., Madalena Vidal, Ana Vidal e um especial agradecimento à Flora e à Maria. Foram as primeiras a franquear as portas desta tasca com assiduidade e, a dado momento esgrimiram por uma posição de destaque nos comentários ao que escrevia, o que se tornou bastante engraçado, com muito mais graça do que a desgraça que escrevia.
Espero que as duas alcancem tudo de bom na vida.

Bem... parece que vamos mesmo fechar a porta.
Estes 17 meses foram um infindável prazer porque adoro escrever.
Torna-se desta forma complicado dizer adeus.
Mas deixo duas pistas para aqueles que não quiserem perder o meu rasto:

1- Publiquei 229 posts. Percam um bocadinho do vosso tempo lendo ou relendo os antigos testamentos eldoradenhos. Alguns valem mesmo a pena, modéstia à parte.
Eu sei porque já os reli e até acho que o rapaz tem algum talento.

2- APAREÇAM AQUI, NO "ELDORADO", NO DIA 10 DE MAIO.
É CAPAZ DE HAVER NOVIDADES.


FIM

28 abril 2008

Últimos Sorrisos

O Eldorado - Edição nº 228

Arroz
Depois do pão, está anunciado o aumento do arroz.
É uma péssima notícia porque somos os que mais consumimos arroz na Europa.
Dizem que pode vir a aumentar sucessivamente como acontece com o petróleo.
Está bom é para os teenagers inconscientes.
O pior é se aumenta o preço das gomas.

Acidentes
Fico assustado quando leio que os acidentes nas estradas dispararam porque dispararam os termómetros. É por estas e por outras que estou praticamente decidido a só andar de carro no Inverno. E se possível apenas na Gronelãndia.
O melhor será comprar um Ford Focas.

Assaltos Falhados
Na zona de Santarém, uma espécie de assaltante assaltou uma gasolineira.
Disfarçou-se com um capuz que só tapava os olhos e o nariz, foi reconhecido e detido.
À atenção de Alberto João Jardim: uma cabeça grande não é sinónimo de inteligência.

Verão em Abril
Com um inusitado cheirinho a Junho em Abril, a populaça foi à praia.
Houve quem fosse e não voltasse perdido para sempre nas ondas do mar.
Neptuno poderia ensinar que o fim e a origem da vida está nos oceanos deste mundo.
Mas, no mais, tirando oito salvamentos in extremis, tudo correu bem.
E já há quem pense que, em 2009, o aquecimento global já proporcionará um Entrudo licencioso para lá das dunas.
Assim vai o mundo, rumo ao abismo, mas cantando alegremente, de bermudas e chinelo no pé.

ASAE ao Jogo, Sorte no Amor?
A ASAE virou-se para os óleos de girassol como estes se viram para o sol: com encantamento.
Não percebo, mas gostava de perceber, como é que os operacionais da ASAE decidem os seus alvos de intervenção.
Porque agora os óleos de girassol e não a sola dos sapatos de couro, por exemplo?
Será que, a determinado dia da semana, tem lugar um bingo sui generis com vários sectores de actividade a preencher os cartõezinhos?
Se eu fosse polícia apostava numa intervenção na área das pastilhas para a garganta.
Parece-me que a Júlia Pinheiro já gritou mais alto.
Alguma coisa se passa.

Jardel e a Cocaína
O artista era um bom artista e não havia necessidade.
Jardel, futebolista brasileiro que ficou famoso por marcar golos como quem os bebe de uma garrafa, a determinada altura da sua vida engarrafou-se, serviu-se a si próprio a mulheres da vida e confessa agora ter sido um grande snifador de cocaína, o que parece ter sido uma oportunidade perdida no mundo da publicidade a aspiradores.
Muitos garantiam a pés juntos que a cabeça de Jardel era uma arma mortífera nos relvados.
Parece que também é fora deles.

Sabe-se lá o que farão na Palestina
Por falar em cabeças, junto a Telavive, há um museu chamado Bat Yam que teve agora a peregrina ideia de expor sete jovens alemães.
Nus? Não.
Em cima de montes de arroz? Também não.
Lambuzados em óleo de girassol? Népias.
A snifar cocaína? De todo.
Para "explorar o cruzamento entre arte e realidade", o museu tem patente sete jovens alemães... com piolhos na cabeça.
Farto-me de coçar a cabeça para arranjar uma última piada e não consigo...

A Festa Perto do Fim
Caros amigos e amigas, fiéis leitores e leitoras deste blogue, estão desde já convidados para a última sessão deste filme chamado "Eldorado", na próxima quarta-feira, o dia depois de amanhã.
Estes últimos dias têm sido de alguma confusão de sentimentos, mas o que ficou decidido há quatro meses é para manter: este bloge vai mesmo acabar, mas foi um imenso prazer partilhar os últimos 17 meses convosco.
Até quarta.

23 abril 2008

A lenda do 25 de Abril

O Eldorado - Edição nº 227

Diz que na manhã do dia 24 de Abril de 1974 um grupo de comunistas saíu logo pela fresquinha para ir comer umas criancinhas com pãozinho com manteiga.

À tarde foram visitar o Aquário Vasco da Gama e depois de entornarem uma vinhaça numa taberna do Bairro Alto, foram comprar cravos.
Estiveram para comprar rosas mas alguns camaradas acharam caro.
Depois de paparem uma sopinha e umas sandes de torresmos ao jantar, para reconfortar o estômago, afiaram foices e martelos e enfiaram os cravos pelo cano das espingardas.

Diz que perto das 23 horas um elemento do MFA telefona para o Rádio Clube Português e pede para ouvir uma canção da Tonicha, mas não havia nada da Tonicha para passar.
"Então pode ser uma qualquer do Paulo de Carvalho".

E assim foi e os militares ainda dançaram uns com os outros antes de saírem para a revolução.

Ficou então combinado que haveria uma segunda senha, o que dava imenso jeito, pois alguns camaradas queriam ir ao refeitório da Revolução depois da dita cuja.
Nada melhor do que um caldo verde depois de uma madrugada de manobras muito cansativas.

Tocou então a "Grândola Vila Morena", e o povo saíu à rua, sinal que não aguentavam a voz desafinada do Zeca Afonso.
Assim se passaram as coisas no sul, mas também no norte houve movimentações e diz que se encontraram uns com os outros na Mealhada para comer leitão.

A tomada do poder só causou choques fatais em quatro pessoas, que morreram alvejadas pela PIDE, uma espécie de detergente político que limpava as nódoas que manchavam o regime.

Caía finalmente a dentadura.

34 anos depois, há muito por fazer.
Se calhar está na altura de voltar a partir alguns dentes.


21 abril 2008

Sexy Singers dos Anos 80 # 14 - Kate Bush

O Eldorado - Edição nº 226

E pronto.
Como tudo o que é bom acaba depressa, despedem-se hoje as sexy singers dos eighties.
Foram 14 edições cheias de curvas memórias sobre curvilíneas cantoras, telediscos com cores gastas pelo tempo e melodias que trauteávamos até à náusea.
No final do post tem um marcador que lhe dá acesso a todas as meninas - Madonna, Samantha Fox, Kim Wilde, Sabrina, Kylie Minogue, entre outras - que passaram por aqui.
Modernices.
Termino com a Kate Bush, porque esta senhora é tida por muitos, como uma das mamãs dos chamados telediscos. E foi também uma das primeiras a perceber que uma voz pop casa lindamente com uma roupagem sexy. Um casamento que, no seu caso, alcançou o zénite com o excelente, a todos os níveis, "Babooshka" de 1980.
Mas vamos primeiro falar da única Bush que valeria a pena conhecer.

Sobre a Kate Bush - Esta britânica, espécie de "candle in the wind"da pop mundial, completa em Julho a sua primeira metade de século. São só os primeiros 50 anos porque mulheres assim, etéreas, eternas se tornam e, ainda ontem, passou por mim o fantasma de Inês de Castro só para o confirmar.
Vir aqui contar o fascinante percurso de Kate Bush, desde que foi ajudada por David Gilmour dos Pink Floyd até ao estrelato, é empreitada quase ao nível da construção das pirâmides do Egipto ou de encontrar um líder para o PSD, por isso recomendo que coloquem no tacho do Google as palavras "Kate Bush", mexam muito bem e sirvam a vosso gosto.
Mas para que percebam que estamos aqui a falar de alguém extremamente singular aqui fica este parágrafo retirado da Wikipédia: "
Uma retirada lenta e constante da vida pública começou, enquanto focou-se em produzir seu próprio trabalho em estilo músical personalissimo, empenhando-se de forma perfeccionista e penosa para fazer o som que desejava, e isso a deixou escondida no estúdio por períodos longos(...) Surgiram uma série de boatos (...) de que ela havia engordado demais ou até mesmo ficado louca. Então ela reaparecia brevemente, magra, bela e aparentemente muito bem, antes de voltar ao estúdio uma vez mais."
E a última vez que reapareceu foi em 2005 com o álbum"Aerial"...

Sobre o Vídeo - Deixei a Kate e este vídeo para o fim porque é um dos meus favoritos.
Quando o revi há quatro ou cinco anos, numa velha cassete de vídeo, entre outros velhos telediscos gravados no VH1, constatei que, em determinado momento da sua carreira, Kate Bush não foi "apenas" a excêntrica performer britânica dona de uma bela voz de espírito atormentado.
Logo ao primeiro olhar descortina-se por baixo das cortinas (um véu, neste caso) uma absolutamente curvilínea Kate Bush, então com pouco mais de 20 belos aninhos.
Mas o melhor está guardado para daí a pouco: Após os primeiros 57 segundos de preliminares com um violoncelo, Bush aparece vestida de guerreira da Idade Média com atributos muito acima da média e difícil será um homem não empunhar uma espada quando a vê assim.
Ah! Estas adoráveis Sexy Singers do Anos 80!

17 abril 2008

Leões e Fantasmas

O Eldorado -Edição nº 225

A noite estava cinzenta já com dois rasgos a vermelho vivo, a cor proibida quando se luta contra fantasmas. Depois, coladinhas ao ouvido, algumas doces palavras de alento foram preponderantes a remodelar o espírito e a relativizar valores.

Triste, sim. Deprimido até.
Mas pela forma como o dia tinha afunilado caminhos já de si tortuosos, soltando fantasmas difíceis de controlar e nunca por culpa de um jogo de futebol sobre o qual não tinha nenhuma influência.

Depressa esqueci as duas bicadas da águia no dorso do leão.
Sentei-me então na borda da minha cama para assistir ao resto, desinteressadamente, já a pensar em próximas batalhas - bem mais importantes que um mero jogo de futebol - que terei de travar em breve.

E, de repente, o Sporting resolve animar a noite e desata a marcar golos.
Um, dois, três, sofre um terceiro a meio caminho, e depois quatro, cinco.
Os leões, moribundos e esfaimados, de lagarta a borboleta, em menos de nada.
Tranquilidade versus frenesim.

Yannick Djaló por duas vezes, Liedson, Derlei e Vukcevic.
E o Tico reaparecido no início da semana.
Cinco bons momentos de felinocidade para animar um pobre coitado.

Para a semana logo se vê.

14 abril 2008

O Regresso do Gato Dourado

O Eldorado - Edição nº 224

Gloria in excelsis Deo!!
Tico, o gatinho dourado, reapareceu ao fim de três semanas de vadiagem!

Nunca pensei ficar tão feliz por causa de um gato, mas pronto, é a minha costela sentimental, o que é que se há-de fazer?
Também vejo a "Vila Faia" ao fim-de-semana e comento interessadamente os vestidos da Catarina Furtado no "Dança Comigo".
Já estive mais longe de andar a escolher um bom verniz para as unhas...

De qualquer forma a minha masculinidade está longe de ser colocada em causa, em especial quando constato, nu, ao espelho, que pareço ter três pernas e isso foi bem reportado no extinto "Jornal do Incrível", edição nº 6969.

E se venho para aqui com toda esta dialéctica fofinha mariquice/pujante machismo é porque fui muito criticado pela "melada ode ao gatinho desaparecido", publicada 5 posts atrás.
Curiosamente, o último post, praticamente escrito pela caneta que guardo no meio das pernas, não teve qualquer comentário.
Quem é que consegue perceber?

Mas repito aos quatro ventos e sete mares deste mundo:
Sempre tive uma paixão por gatos que nem Freud a beber de um pires de leite e a miar compulsivamente explicaria.

Razão tinha o amigo Amorim quando comentou que o Tico foi só às gatas.
Assim fez e, nestas três semanas de saudades, terá também experimentado as delícias de caçar ratos e lagartixas (braghh!!!), conhecer as redondezas e, quem sabe, talvez tenha mesmo apanhado um autocarro para ir ao Forum Montijo ou ao Freeport de Alcochete ver as montras.

Agora voltou a casa.
Mais magrito, mas mantendo intacta a capacidade de me fazer mais feliz.
E é isso que eu sinto esta semana:
É ainda tempo de ser feliz.

10 abril 2008

Sexy Singers dos Anos 80 # 13 - Debbie Harry

O Eldorado - Edição nº 223

Cá estamos nós na recta final destas memórias bem curvas, perdão, turvas.
Estava aqui entretido com os meus botões a pensar que a vossa primeira reacção a este post fosse "who the hell is Debbie Harry?", mas depois lembrei-me que a foto aqui pendurada no lado direito ajudaria a despedaçar dúvidas.
Para os outros que ainda não chegaram lá: é a voz (e o corpo) dos Blondie que cantaram "Call Me", "Heart of Glass" ou o bem mais recente hit "Maria".

Sobre a Debbie Harry - Diz a Wikipédia que Deborah Harry nasceu a 01 de Julho de 1945, em Miami, nos Estados Unidos da América, também conhecidos por "states'', "terra do Tio Sam" ou "aquele país governado por um mentecapto atrasado mental".
Ao que parece, esta avozinha da pop - faz 63 anos daqui a menos de três meses - também fez uma perninha (e que perninha, quer uma quer outra) na televisão e no cinema, tendo participado em mais de 30 filmes mas, até se tornar conhecida, chegou a ser uma das coelhinhas da Playboy, o que é para mim um surpresa tão grande, como a que sinto quando o sol desaparece todos os dias e se torna noite.
Porque não é para estar aqui com considerações machistas, mas esta nossa 13ª convidada é talvez, de todas, a que tem (tinha) mais ar de... ann... lascívia, digamos assim.
Não confundir com lixívia por causa da cor do cabelo.
Debbie era verdadeiramente sexy.
E agora desatava para aqui a escrever os termos mais ordinários da história dos blogues, mas com respeito aos cinco dias que passei na catequese, vou desde já passar à frente.

Sobre o vídeo - Agora que as leitoras fiéis do "Eldorado" já me perdoaram e os homens voltaram a puxar as calças para cima, é tempo de descrever o nosso vídeo de hoje.
Escolhi o clássico "Heart of Glass" que eu considero uma das melhores músicas de sempre dos anos 80, apesar de ser 1979 a data de edição.
A batida disco é irresistível, a voz de Debbie estava no auge e se o teledisco, clip ou vídeo como lhe quiserem chamar não oferece nada de novo em comparação com outros do género, é pelo menos exemplificativo do que era a blondie dos Blondie: lume brando em palco, que vai aquecendo, até a imaginação entrar em ebulição evocando outros palcos e outras cantigas.
Já que hoje pareço ter a libido mais descontrolada que o Hugo Chávez em cimeiras ibero-americanas, penso que será melhor recolher-me em meditação para remissão dos meus pecados.
Os Blondie e Deborah Harry já a seguir, ladies and gentlemen.

07 abril 2008

O Cãopeonato

O Eldorado - Edição nº 222

As saudades do gatinho dourado ainda se cravam na pele, mas quem não tem gato caça com cão.
A pensar nisso - se bem que os ão-ãos não substituem os miau-miaus - lá fomos ver mais uma exposição canina na Moita, que dizem ser do Ribatejo.

Nesse sábado, os dragões do norte sagravam-se uma vez mais campeões de futebol, logo em Abril e com quase vinte pontos de avanço mas ali, no Parvalhão Municipal da Moita, era tudo mais renhido:

Dezenas de cães de todas as raças, tamanhos e feitios lutavam por uma distinção dos senhores juízes e por um punhado de rodelas Eukanuba cada vez que demonstravam toda a sua graciosidade, porte e boa educação.
Os donos ou até quem sabe treinadores contratados a peso de ouro, prometiam um punhado de ração se os bichanos esticassem bem o focinho e empinassem a cauda, mas muitos não cumpriam a promessa e voltavam a guardar o biscoito no bolso.
A isto eu chamo "biscoito interrompido", que é mais ou menos o que o Sócrates tem feito com todos nós.

E foi ver Serras da Estrela, Perdigueiros, Cães de Água e muitos outros darem o seu melhor com muitos poucos latidos e muito menos pulgas, porque ali era tudo tratado com profissionalismo.
Por toda a parte, futuros Eduardos Beautés tosquiavam poodles e caniches, penteavam lãzudos Collies ou Golden Retrievers, enfim, mimavam-se todos aqueles que são os melhores amigos do homem e a quem só falta a capacidade de emprestar 10 euros ou ir até ao bar beber bejecas.

Todos os béu-béus presentes deram o seu melhor com língua bem pendurada, já que o Abril mascarava-se tanto de Agosto como hoje se disfarça de Novembro.
Estávamos então numa gigantesca roulotte de cachorros quentes e embora ninguém quisesse trincar os amigos de quatro patas, ainda bem que a ASAE não passou por ali.
Mas fica a sugestão para uma exposição de Agentes da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica "vestidos" apenas com slips apertados e peúgas pretas.

Seguimos depois para uma tenda com os chamados cães perigosos, ali bem perto, a maior parte de grande porte, sendo mais perigoso o meu fascínio por aliterações como esta do que aqueles Bullmastifs, Rotteweillers e Dobermans.
Por outro lado até um Chihuahua se torna perigoso, sobretudo se untarem as minhas canelas com mel e o bicho estiver com fome.
Eu próprio já me babo mais do que um boxer quando penso em canela com mel, mas isso são os recorrentes sonhos eróticos que eu tenho com crepes e waffers e que, colocados em prática contribuem para o alargamento do perimetro do meu abdómen, tanto que há carros que me contornam pela direita.

A apresentar as pomposas 4ª Exposição Canina Nacional da Moita e a 3ª Exposição Canina Internacional da Costa Azul estava um speaker resgatado das emissões radiofónicas dos anos 60. Esperava que o fulano murmurasse a qualquer momento "e agora, um momento musical com a voz inconfundível de António Calvário, para logo a seguir regressarmos ao nosso passatempo aqui nas belas tardes do Rádio Clube Português", mas o cota limitou-se a apresentar a cachorrada.
Com profissionalismo e rigor, diga-se.

Foram umas horinhas bem passadas, essa é que é essa.
Saí dali com imensa vontade de ir trincar um osso e urinar contra um poste.
Já não tive tanta vontade em relação a cheirar o rabo de outras pessoas.
Enfim, feitios.

02 abril 2008

Mundo Hip-Hop

O Eldorado - Edição nº 221

Alguém me explica porque é que todos os rappers parece que têm Parkinson?

O fenómeno não é de agora mas as meninas dos meus olhos continuam meio histéricas quando registam elementos desta tribo a gesticular freneticamente bem junto às câmeras.
Visto lá em casa, parecem pessoas que foram engolidas pela minha televisão e que desesperadamente pedem ajuda.

Mas depois procuro o botão do volume no comando, aumento o som e... incrível!
Afinal não se trata de um grupo de jovens com uma doença degenerativa engolido pela velha Grundig, porque os seres que ali tremelicam e saltitam, estão a cantar.

Bem... parece-me a mim que estão a cantar.
Na verdade o que ouço é mais parecido com alguém a vomitar um dicionário de rimas tragado por engano ao pequeno-almoço, em vez das torradas quentinhas com manteiga.
O que ouço é mais ou menos isto, deixem-me lá ver se tenho jeito para a coisa...

Tu és minha e não abro mão
espetaste uma seta no meu coração
emprestaste uma beca de emoção
à minha vida meio perdida
aborrecida
descabida
indefinida
e agora preferes um 'nigga'?

Yôôô!!
A-an! A-an! A-an!
DJ Big Dick in 'da' house!

É claro que um desses "MC's qualquer coisa" replicará logo que há aqui gravíssimas lacunas ao nível do sentido rítmico e da métrica, como se para verborrear fosse necessário um doutoramento em "Cultura Suburbana Ocidental"...

O resto deste mundo sui generis vem por conta da imagem dita, "rebelde", e que aqui deixo tipo "Dicas do 'Eldorado' para se vestir à parva"...

1. Grafitar as paredes com frases "cheias de power", com capacidade para mudar o mundo como "Makako Rules!!"

2. Colocar um boné com a pala para trás como se a Volta a Portugal em Bicicleta começasse daí a bocadinho

3. Vestir roupa larga o suficiente para ir à Worten e sair de lá com um plasma e um frigorífico dentro das calças que arrastam pelo chão e que dão um jeitaço para limpar o cotão lá da garagem

4. Pendurar um microfone de cabeça para baixo junto aos beiços furados por anzóis roubados ao estojo de pesca do avô pescador

E é assim que se faz música no século XXI.
Yôôô!!