28 setembro 2007

Os Incorrigíveis

O Eldorado - edição nº 164

Dizem os meteorologistas que no fim-de-semana vão cair alguns pingos valentes.
Assim sendo, eu até poderia recomendar, caros leitores, que "tirassem o cavalinho da chuva", mas, na verdade, eu não sei quantos de vós são filhos de pais ricos ou ganharam na lotaria, para serem detentores de um belo Centro Hípico e assim resta-me aliciar-lhes com uma boa sugestão para usufruto de alguns minutos radiosos num fim-de-semana previsivelmente cinzento, dizem eles.

Portanto era o seguinte:
Se gostam de rir, as Produções Fictícias e o Sapo têm desde há um par de semanas, patentes na internet, uma exposição de gargalhadas pinceladas pelos melhores humoristas portugueses.
Chama-se "Os Incorrigíveis" e trata-se de crónicas bem esgalhadas da autoria de quatro humoristas de um painel residente, mais um convidado surpresa a cada semana.
Quanto a convidados, destaque para a 1ª piada pública sobre o caso Maddie, da autoria de um super inspirado Nilton, um dos melhores fazedores de humor da nossa praça.

Os paineleiros fixos são Ricardo Araújo Pereira às segundas, Bruno Nogueira às terças, José Diogo Quintela às quartas e Herman José às quintas.

Para os ver e ouvir - além do necessário equipamento informático -, só têm que escrever www.sapo.pt, carregar na área "Vida e Lazer" e depois na dos "Incorrigíveis".
Podia pôr aqui o linkzinho e depois restava-lhes clicar, mas hoje não me apetece ser bom samaritano.

Ainda assim, entusiasmado com a obra linda que é o novo santuário em Fátima, resolvi presentear-lhes desde já, com os dois momentos de humor inteligente da autoria do Ricardo.
Um sobre a novela "Deixa-me Amar" e outro sobre o inevitável Mourinho.

Estes pequenos vídeos do Sapo/Produções Fictícias vão tornar-se uma das duas coisinhas mais fofas e quentinhas deste Outono. A outra há-de ser um pijama de flanela, salpicado de coelhinhos, que eu hei-de estrear numa noite de trovoada.
Fétiches...



25 setembro 2007

Os Novos Dias de Mourinho

163

morning
Esta manhã fiquei na cama de dossel, até perto do meio-dia.
A Tamy, minha mulher, trouxe-me o pequeno-almoço e tratei logo de escalonar as torradas, o leite, o café, o sumo, as compotas e o bacon num clássico 4-4-2, que me permitisse chegar a meio da refeição em condições de ganhar o desafio: papar aquilo tudo antes de ir à casa-de-banho aliviar a bexiga. Tarefa superada como é evidente... se não perco nem a feijões, muito menos perco a geleias e compotas.
Ainda assim tenho dúvidas num lance em que a caneca de leite deu um encostão à chávena de café na grande área do tabuleiro, e a infracção passou em claro.

A minha filha está ali feita de parva à entrada do quarto, à espera que eu a mande entrar para se despedir de mim antes de ir para a escola, mas ela só poderá entrar depois de mostrar as solas dos ténis e quando eu mandar a mãe sair. O que é capaz de estar para breve, porque nota-se uma declarada quebra de rendimento na sua labuta salivar debaixo dos lençóis.

afternoon
Leitura transversal da imprensa, enquanto escarafuncho uma borbulha que audaciou germinar no meu rabo especial. Até nestes pequenos pormenores se nota que sou o special one. Em menos de 90 minutos facilmente derroto o acne e isto sem precisar de Clearasil ou das cabeçadas do Petit.
De súbito, sinto-me nostálgico ao relembrar a série de bons jogadores que já treinei. Todos eles cresceram comigo, mais que não seja na conta bancária. Está bem que foram paridos pelas mães, mas eu tornei-me a personagem principal da vida deles. Mães há muitas, até de aluguer, mas José Mourinhos... não há pai para mim.

Resolvi eu próprio passear o meu Yorkshire Terrier no parque e encontrei muitos outros donos que lamentavam a minha saída do Chelsea e patati patatá. Tapei as orelhas com a gola do meu sobretudo especial. Não quero saber de futebol quando estou a passear o meu cão especial, mas agora noto: Estes cães estão completamente destreinados! Mijam por todo o lado, correm sem nexo, não fazem pressão alta, não apresentam fio de jogo, nada!
Convenço 11 donos a emprestarem-me 11 cães, para que em menos de 11 dias possa treiná-los a tempo de ganhar a Liga dos Campeões, ou vá lá, a Taça de Inglaterra.
Estou de volta à acção.

evening
Depois de ter dado instruções a dois novos maples que entrassem na sala e substituíssem dois velhos monos, sento o meu rabo especial - já sem qualquer borbulha em especial - e sento-me a ver televisão. Melhor do que eu com um comando na mão, só a Pamela Anderson na mão de um comando.
Faço zapping em grande estilo por mais de 100 canais no meu plasma de luxo até que esbarro na notícia de que um senador norte-americano quer processar Deus por causa dos desastres naturais, da fome e das guerras, e não sei mais o quê. Ora, essa! Agora sou o culpado de tudo, não?

Chegou a hora de dar umas cambalhotas com a minha Tamy, que se mostra em grande forma e a continuar assim começará a ser requisitada por clubes de toda a Europa.
A meio do desafio eu ataquei pelos flancos e, quando me preparava para facturar na grande área, ela defendeu-se com classe e cortou para canto.
Na marcação do canto, tentei ir lá com uma cabeçada ou a pontapé, mas ela não se intimidou.
Só quando Tamy pôs a mão nas bolas e eu penalizei-a com a amostragem do vermelho, é que a safada baixou os braços, levantou as pernas e lá perdeu o encontro.
Está bem treinada, a minha mulher.

21 setembro 2007

Gira-discos # 02

162

Time Bandits - Endless Road
(pesquisa: wikipédia. vídeo: YouTube)


Sobre os Time Bandits
Os Time Bandits são um dos mais perfeitos exemplos daquilo a que se convencionou chamar uma banda de one hit wonder, ou seja, os moços foram responsáveis por um mega-sucesso à escala global ("Endless Road", 1985) mas pouco mais.
Não estando convencidos, estes holandeses que atingiram o máximo do seu sucesso em 1985, ainda hoje gravam umas coisinhas, mas é melhor nem saberem do que se trata, vão por mim.
Alides Hidding (vocalista, guitarra e composição), Marco Ligtenberg (teclado), Guus Strijbosch (baixo) e Dave van den Dries (bateria), compunham uma das últimas formações conhecidas.

Sobre o vídeo
A imagem que martelava os neurónios mais saudosistas, reaparece, cortesia dos milagres do YouTube, a partir do primeiro minuto e meio: os vários elementos da banda holandesa, em visita à Austrália, divertem-se num bananal, utilizando os enormes cachos de bananas como instrumentos musicais. E é por isso que não gosto de comprar bananas importadas. Já aparecem muito mexidas, maduras antes de tempo. Nada como as bananas madeirenses, que podem ser pequenas, mas são jeitosinhas. Basta ver a quantidade de mulheres que, por esse mundo fora, têm elogiado o Cristiano Ronaldo...
As imagens no bananal, impregnadas de um luxuriante verde - capaz de fazer corar o relvado do Alvalade XXI - são carregadas de originalidade e exotismo, a música é contagiante, os rapazes cumprem o seu papel de músicos afinadinhos e tudo seria mais perfeito se se tivessem lembrado de colocar umas malucas mamalhudas a correr entre as bananeiras. Ou, no mínimo, alguns cangurus a dançar break dance. Mas pronto.





20 setembro 2007

Paranóia

161

Depois de mais três saltos mortais, cinco flic-flacs e uma espargata de humor motivadas por uma cada vez mais evidente bipolaridade, chego à conclusão que sofro de paranóia.

A conclusão não foi ditada por ninguém de bata branca, nada disso. O problema não está ainda formalmente diagnosticado, mas nem precisa. As evidências são tão claras que, ao pé delas, o Michael Jackson a boiar numa banheira cheia de leite é considerada uma cena negra de film noir.

Para lhes explicar melhor o meu problema, imaginem que são o rabo do José Castelo Branco.

O rabo da bizarra figura do dejecto set, tem variações de humor mais bruscas que o palavreado usado pelo Joe Berardo quando, de manhãzinha, pede numa qualquer fina cafetaria uma meia de leite quentinha servida em copo frio e recebe em troca uma meia de leite frio servida em copo escaldado. E toda a gente sabe que copo escaldado da boçalidade de Berardo tem medo.

E aqui aproveito para alertar para os sentimentos dos copos utilizados nas cafetarias que, sem o mínimo de afecto, em gestos displicentes e apressados são levados à boca de qualquer um.

Médicos, arrumadores de carros, advogados, caixas de supermercado, professores, acompanhantes de luxo, peixeiras do mercado da Ribeira, gente com cáries, tártaro, gengivite, com restos de croquete nos caninos e bigodes de café com leite, marcas de baton, baba, expectoração... altos, baixos, gordos, magros, anões e pernetas, toda a gente coloca os beiços na borda de um copo sem fazer uma festinha na superfície aviltadamente usada e abusada, sem um beijinho suave, ou pior, sem pedir licença.

Este é um assunto que me incomoda, porque, além de bipolar, sou uma pessoa sensível, extremamente bem educada e avessa a conversas que roçem sequer a brejeirice.

Mas estava a falar no rabo do José Castelo Branco...

A referida protuberância do pseudo-marido de lady Grafstein divide-se, presume-se, em dois hemisférios glúteos, absurdamente soft, mas ainda mais declaradamente fashion victim.
A história daria mais um bom mau argumento para uma novela na TVI:

"Não perca a saga de dois gémeos balofos desavindos, não por causa do pito dourado do progenitor, mas sim porque jamais chegam a acordo sobre que roupinha hão-de vestir."

E pedem vossemecês um exemplo e pedem muito bem, até porque o mesmo sai-me barato, é só martelar mais alguns destes quadradinhos com letras e formo já mais algumas frases espatafúrdias, e tudo isto antes que aqueles dois senhores que estão ali à porta com um colete de forças me apanhem.

Exemplo: Se um dos glúteos geminianos (ou de outro signo qualquer, sendo que Virgem parece pouco credível) deseja sair à rua meio violentado por um fio dental da Triumph, o outro prefere um boxerzinho da Calvin Klein, porque lhe apetece viver um dia mais macho.
Se um deles quer assentar a pele em algodão, o outro clama por ganga deslavada.
E por aí a fora.

Mesmo noutras questões mais prosaicas, como decidir qual deles fica esborrachado contra a cadeira da esplanada, enquanto o outro ajuda a pernoca social a elevar-se e a cruzar-se sobre a outra, enquanto os meninos da Caras disparam os flashes, ou qual dos balofos merece mais palmadinhas na próxima noite com o motorista, são discutidas cara à cara, apenas separados por um rego diplomata que, se pudesse, abdicava de tão estranha carreira e, finalmente emancipado, correria mundo entregando-se a trepidantes aventuras.

Espero que, com este exemplo, tenham sinceramente percebido a que estado chegou a paranóia aqui deste vosso amigo.
No entanto, em minha defesa, e presumindo que me seguiram até aqui, quando faltam pouco mais de 10 linhas para o final desta estupenda peça de literatura autista, convidava-os a pensar na seguinte questão:

Este gajo é mais doidivanas que um touro embriagado deixado à solta no parlamento, mas se eu estive a ler tudo o que o doidivanas escreveu, se gastei 5 minutos do meu tempo com ele, se queimei as pestaninhas a ler tanta estupidez, em que estado de paranóia é que eu estou?

Pensem nisso esta noite, quando beberem o vosso leitinho, antes de irem para a caminha.
Mas sejam meiguinhos com o recipiente que levam à boca.
Nada de abocanhar o pobre objecto à parva.

17 setembro 2007

O Primeiro Dia

159

Patrícia

Olá. Chamo-me Patrícia Sousa, sou enfermeira de profissão, tenho 31 anos e este é o primeiro dia de aulas do meu filho Miguel.
O tempo, de facto, passa a correr e não pára sequer para beber água nesta maratona sem medalhas. Ainda parece que foi ontem que abri as pernas para o fedelho vir ao mundo e hoje já ele vai aprender a ler e a escrever.

É mais um rombo no orçamento, por causa das mochilas cheias de livros, cadernos, marcadores... Já para não falar da roupa suja no recreio, dos sobrolhos rasgados e dos joelhos esfolados, e das intermináveis discussões com o Carlos, o meu marido, sobre quem o vai buscar.

Tudo isto no momento em que, lá no hospital, acumulo erros atrás de erros, motivados por este stress que me devora "como fogo num palheiro", como diz o Carlos.
E ainda não me esqueci do que aconteceu em Maio do ano passado, quando anestesiei o tipo do cancro no pâncreas, até ele ficar de coma. O que dura até hoje. Felizmente a administração foi compreensiva e quanto a familiares do agora morto-vivo, nem sinal, a não ser a mulher dele e outra personagem bizarra, com verruga medonha, que aparece de vez em quando, sem dirigir uma sílaba a alguém.

Ando nervosa, stressada, instável.
Tão depressa sorrio com tudo isto, com orgulho de mulher feita, como tenho vontade de cortar os pulsos com uma lâmina de barbear.

É o primeiro dia de aulas do meu filho Miguel... quem diria?

Diamantina

Olá. Chamo-me Diamantina Conceição, sou contínua, isto é, auxiliar de educação, tenho 56 anos e hoje é o primeiro dia de aulas do novo ano lectivo.
Não dormi toda a noite, só de pensar que hoje regressava o tormento de aturar gritos, correrias, mimos e birras dos filhos dos outros.

Não tive filhos, não os quis ter e nunca quis saber dos filhos dos outros e é realmente uma bela prenda de Deus, isto de prender-me a esta profissão há mais de 20 anos. É mais um rol de meses de limpa, esfrega, varre, lava e encera!
Detesto todos estes gaiatos - enfileirados como ovelhas ronhosas - que só trazem merda agarrada aos pés e maldade nas suas cabeças de vento que de bom grado esborracharia com a minha velha vassoura, como se fossem ratazanas, que é o que eles são!! Estou farta!! Farta!!

De qualquer forma, este promete ser um ano diferente, mais que não seja porque o filho da enfermeira começa hoje os seus dias de aulas e, se depender de mim, o fedelho há-de ir para casa em cadeira de rodas.
A puta da mãe dele não sabe, mas o Alberto que ela quase matou no hospital de loucos onde trabalha, foi e continua a ser o único homem que amei em toda a minha vida.

E, embora nunca tenha falado com o Alberto (porque nunca tive coragem para lhe dirigir a palavra, derivado que tenho complexos com este buço que me ornamenta o lábio superior e também esta verruga peluda debaixo da vista direita, que de quando em vez deita pus), não me posso esquecer que ela quase o matou e vamos lá a ver se ele sai desta, porque morto parece ele.
E é esta gente enfermeira!! Vão comer cornos!!

Mas enfim... hoje é o primeiro dia de aulas do filho da enfermeira... quem diria?

(Continua no post abaixo)

O Primeiro Dia - 2ª parte

160

Rita

Olá. Chamo-me Rita Lencastre, sou professora do 1º ciclo, tenho 26 anos e hoje é o dia de regresso às aulas.
Há quatro anos que lecciono nesta escola, mas, enquanto guio o C3 pelo IC-19, não posso deixar de sentir um arrepio na espinha. Sei que não é por causa do ranhoso no camião TIR que se atravessou há pouco à minha frente, nem sequer por causa do top verde água, escolhido demorada e erradamente no guarda-roupa, já que vem aí uma carga de água capaz de fazer Lisboa roubar o título de "Veneza Portuguesa" a Aveiro.

Não, não é nada disso.
Não são nervos instigados e retesados pelo caminho, vêm já desde casa, desde ontem, desde há meses, desde que aconteceu o que nunca deveria ter acontecido. Mas aconteceu e até agora não houve volta a dar.

Ele é técnico informático, foi lá a casa, com o seu jeito insolente, modos rudes, um tanto ou quanto javardo. E eu recebi-o no meu top azul turquesa (tenho um corpo jeitoso, uma borboleta vermelha no umbigo como recordação de uma louca temporada em Barcelona e adoro tops. Porque não mostrar isto ao mundo?).
O contraste fez faísca e o fogo ainda arde... como é que ele costuma dizer? "Como fogo num palheiro".
Só depois soube que me tinha queimado. Ele era casado, raios! E com um filho, raios!
Olha, começou a trovejar...
e a relampejar...
e agora a chover...
não devia praguejar no IC-19.

"O meu filho vai para a tua escola. Trata-o bem", escarneceu ele, julgando que só ocasionalmente me cruzasse com o puto, mas o destino dá muitas voltas e eu, pela primeira vez, vou leccionar de manhã. 18 crianças, entre elas, um tal de João Miguel Aroso Sousa.
Páro o carro e vomito o Actimel por cima do top verde água.

O filho da outra.
Se depender de mim, o fedelho vai chumbar o ano e, no ano que vem, outra que o ature.

Hoje é o primeiro dia de aulas do filho do Carlos... quem diria?

Miguel

Olá! Chamo-me João Miguel Aroso Sousa, mas toda a gente chama-me "fedelho". Tenho seis anos e hoje é o meu primeiro dia de aulas!
Há três anos que ando no infantário da Dona Celeste, mas parece que chegou a altura de dar o salto para uma escola mais importante. A este ritmo ainda vou chegar a primeiro ministro, como aquele senhor de cabelos cinzentos, o Socas.

Estou muito entusiasmado, porque adoro escolas cheios de meninos e meninas e já sei que vou reencontrar a Susi Lambreta, o Gonçalo, o Rui, a Mónica, a Beatriz e o Gordo, tudo malta que fez o infantário comigo.

Tenho uma mochila do Noddy tão fixe que até brilha, cheia de coisas novas, prontas a estrear e vou aprender a escrever e a ler! Finalmente vou poder ler as notícias do Benfica na "Bola" e os bilhetes que o meu pai troca com aquela loura, quando vamos ao parque e que só vejo ao longe.
Estranho... agora que reparo, também ainda ao longe, a minha professora é muito parecida com ela...

Comigo trago também uma lista de recomendações.
Coisas da minha mãe, julgando que eu sou o filho do Una Bomber.
A lista tem dez mandamentos que devo seguir à risca:

1. Não falar nas aulas.
2. Não correr em tronco nu no recreio.
3. Não empurrar o Gordo contra os outros.
4. Não puxar as orelhas ao Luisinho.
5. Não tirar macacos do nariz para os colar debaixo da mesa.
6. Não mandar o pão fora, depois de lamber a geleia.
7. Não dizer palavrões quando estou com o Luisinho.
8. Não imitar o King Kong.
9. Não arrancar as flores dos canteiros.
10. Não esquecer que o Luisinho não existe.

Bom, está a tocar para a entrada. Um beijo à minha mãe e lá vou eu. A contínua da verruga está a sorrir estranhamente para mim, parece ser boa pessoa.
À entrada da sala, a professora Patrícia olhou para mim e disse "Bem-vindo, Miguel!", mas eu não sei como é que ela sabe o meu (e só o meu) nome!
Enfim, parece que está tudo a correr bem e vou ser muito feliz aqui!

Hoje é o meu primeiro dia de aulas... quem diria?

14 setembro 2007

Gira-discos # 01

158

"Gira-discos" é a nova rubrica do "Eldorado".
Todas as sextas-feiras embarcamos na máquina do tempo e regressamos aos anos 80 para recordar os hits que alegraram os dias daqueles que são hoje trintões. Mas todos os outros estão convidados para a aventura da pop, de gosto mais ou menos duvidoso.
Nesse tempo ainda não havia mp-3, ipods ou músina na net. Não havia ringtones, porque não havia telemóveis. Mas nem tudo era mau. O Toy ainda não esganiçava por Portugal fora e os cabeleireiros viviam o melhor momento das suas vidas, porque homens e mulheres não cantavam sem uma boa permanente no cabelo.
Velhos tempos...


FANCY - "BOLERO"
(Pesquisa: blog "Queridos anos 80". Vídeo : YouTube)


Sobre o Fancy
Fancy, de que se desconhece o verdadeiro nome, porque cada fonte de informação consultada refere um nome diferente, nasceu a 7 de Junho de 1947 em Hamburgo, o que faz dele um senhor de 60 anos, quase entrado na reforma.
Frequentou um colégio de monges capuchinhos, até sentir o apelo não do senhor, mas da senhora música e formou uma banda chamada Mountain Shadows, que tocavam basicamente versões de Cliff Richard. Depois meteu na cabeça que alguém haveria de reparar nele e teve razão. Esse alguém chamava-se Todd Canedy e abriu-lhe as portas da música.
Fancy faz parte do chamado German-Disco, que por sua vez se enquadra no Euro-Dance, cuja principal vertente dá pelo nome de Italo-Disco, e fiquemos por aqui que isto já parece uma aula de geografia.

Sobre o videoclip
O momento kitsch abaixo, começa com o exemplo do que seria um "Dança Comigo" com um José Castelo Branco louro: um pesadelo.
O tal Fancy terá convencido a sua entourage que, se ele aprecesse com aquela fronha maquilhada, a fazer uns gestos amaricados, numa patética tentativa de dança e sedução, o pessoal não teria outro remédio que não fosse concentrar-se na música. E tinha razão.
Devia ser isto a que se referia Hitler quando falou nas imensas capacidades da raça ariana.

Bom, cá vai, como se chamava então, o videoclip.
Para a semana há mais.

13 setembro 2007

Os Machos e Bravos do Nosso Futebol

157

El Gramado, nº 02
Espécie de Crónica de Futebol


Depois da mariquice das bandeirinhas, decretada causa nacional pela voz açucarada mas autoritária de um brasileiro sósia do Gene Hackman, que pôs jogadores em sentido e telespectadores sentados para assistir ao nascimento de uma potência futebolística, eis que está de volta o regabofe dos machos e bravos do nosso futebol!

Ontem à noite, um belo gancho de direita de mister Scolari acordou-nos do transe.
À bruta. À portuguesa. Tinha mesmo que ser assim. Nos últimos cinco anos, extasiados com Figos, Ronaldos, Decos e Pauletas, levitámos despreocupados sobre as múltiplas crises, fazendo fé no jeito que Deus nos deu para resolver as coisas com os pés, compensando a falta de jeito das nossas mãos preguiçosas e devotas, ocupadas a cruzar os dedos ou a rezar...


Acordemos então, portugueses!
Estão de volta os tempos do chinelo no pé e do pessoal da barraca!
De nada adiantou dar guia de marcha a Pintos pugilistas (Sá na fronha de Artur Jorge, João no estômago de Angel Sanchez), porque a vontade de andar à pancada está-nos no sangue desde a génese deste país, basta recordar que Afonso Henriques bateu na mãe, a padeira de Aljubarrota deixou uma série de castelhanos com cara de papossecos e muitos outros que gostam de bater por esse país fora, em especial quando aparece a Soraia Chaves na televisão.

É assim mesmo e nada há a fazer.
Somos gente de pêlo na venta. O único país do mundo onde o bigode continua a ser um adereço capilar por erradicar. Quando começa a faltar, não nos importamos de importar.
Um Sr. Scolari, por exemplo.
Que, apesar de estar a perder o jeito para comandar estrelas mimadas, mantém a estrelinha dos borrados pela sorte e abençoados pela Nossa Senhora do Caravaggio, como o prova os sucessivos empates dos adversários de Portugal, mantendo a equipa das quinas ligada à máquina.
De calcular.

E era também de calcular que o próprio técnico brasileiro depressa adquirisse as lábias e as manhas dos maiores malandros cá da terrinha.

- Mr. Scolari, agrediu o jogador sérvio?
- Eu?! Perguntem a ele se eu toquei num cabelinho dele!

Com esta resposta, o bravo seleccionador nacional dá a conhecer ao mundo a multiplicidade de recursos que é apanágio da manha portuga.

1. Scolari admite que os jornalistas não sabem servo-croata, garantindo que a pergunta não pode ser colocada a Dragutinovic.

2. Informado que o jogador joga no Sevilha e sabe castelhano, Scolari reafirma "Eu não toquei em nenhum cabelinho dele". De facto, a ter tocado, terá sido mesmo na cara.

3. Irritado com o resultado do encontro e estando careca de saber que "a coisa está preta", Scolari vinga-se e refere-se desdenhosamente ao "cabelinho" do sérvio, como quem diz: "prefiro ser careca a ter esse cabelinho de merda."

Aliás, a certeza de que o futebol lusitano "à homem" estava de volta, tinha sido dada na semana em que Ronaldo e Nani participaram numa orgia com cinco prostitutas.
Como quem reclama: "Espera aí! Podemos usar pochettes, brinquinhos, fazer depilação e dar beijinhos e palmadinhas no rabo uns dos outros, mas somos muito machos! Quê?? Não acreditam?? Vamos agora mesmo aviar cinco bifas badalhocas! Quereis ver?"

E isso de ser jovem, dos melhores do mundo, representantes de Portugal e andar a levar prostitutas para casa, até foi desculpado por todos, porque era natural, "era de homem" e deu jeito no último sábado, quando, mesmo atrás de Simão e de um jogador polaco, Ronaldo conseguiu levantar a perna e... facturar.
Como que dizendo: "Vejam lá esta posição que aprendi no meio de três bifas malucas..."

Pois isso de saber o que fazer no meio de uma molhada, até poderá ser útil mais vezes.
Agora... esmurrar adversários, ainda por cima depois dos jogos terem terminado, não estou a ver para que serve.

11 setembro 2007

Flashes

156

Terrorismo dentário
Regresso à cadeira do dentista em nova data susceptível a negros e ímpios devaneios impregnados de superstição. Depois de uma sexta-feira 13, uma terça-feira 11 de Setembro. Para equilibrar a psicose, estudo a possibilidade de marcar uma consulta para o dia de Natal, um dia infinitamente mais santo.
É um momento de déjà vu deveras fofinho: de novo uma terça-feira, de novo um nó na garganta e de novo a boca aberta de perplexidade, desta vez a ser esventrada por uma broca, enquanto na televisão desabam, de novo, as torres do World Trade Center.
Recomendo vivamente a todos aqueles que têm uma (ou mais) costelas sado-masoquistas.

Emprenhar pelos ouvidos
Aparece escrito na "TV Guia": "... Luciana Abreu, agora com um visual mais adulto (...) revela também estar emprenhada numa carreira como cantora."
Há gralhas venenosas, não haja dúvida.
Admitamos que a fedelha cultiva uma imagem de Madre Luciana que leva à náusea. E que tudo faz para ser uma estrela no opaco firmamento lusitano. Mas daí até andar a ser emprenhada, mesmo que por obra do Espírito Santo, vai uma grande distância, assim ela saiba manter as distâncias.
Desculpa-os Madre, digo, Floribella, digo, Luciana.
Eles não sabem o que escrevem.

A impressão que uma expressão faz
Não quero aqui fazer humor com o hiper-mediático e bastante histérico caso Maddie. Embarquei, numa primeira fase, na onda de solidariedade emocional para com os McCann mas, e obstante o desenrolar do processo, recuso-me a aderir ao outro espectro de opinion makers. Mantenho o espírito aberto a todas as possibilidades, tentando não perder de vista o essencial: Maddie McCann estará morta, vítima de um momento infeliz - para dizer pouco - de um ou mais representantes da sua espécie, dita "humana".
Posto isto, venho aqui manifestar a minha incredulidade perante as sumptuosas teorias de "especialistas no estudo das expressões faciais", que opinam sobre as lágrimas de Kate, quando lhe entra um cisco para o olho, ou o esgar de Garry sentado na sanita do Ocean Club. É a mais recente patetice no âmbito da tentativa de uniformizar, partícula por partícula, toda a complexidade e diversidade humana. E isso é, e vai continuar a ser, tarefa impossível.
Vejam o vídeo abaixo e perceberão o que quero dizer.

06 setembro 2007

Bar fechado

155
















Minhas senhoras e meus senhores, the bar is closed.

Durante algumas semanas, pedindo meças a badalados bares cá do rectângulo, "O Eldorado" publicou sete posts dedicados aos prazeres etílicos, mas sempre com moderação, porque as autoridades andavam atentas e já bem basta a internet a alta velocidade, para que possamos ser considerados prevaricadores de primeira, sujeitos a coimas por contra-ordenações graves e cassação da licença de blogger.

Esta tasca de elite, não deixou os seus créditos por copos alheios e realizou aturado trabalho de investigação entre cantorias, zigue-zagues, vómitos e ressacas.
As origens de cada um destes cocktails clássicos, os necessários ingredientes e um sintético guia de preparação, nada foi esquecido.
Quer dizer, faltou a possibilidade real de confraternizarmos todos à volta de uma mesa a bebericar e a avaliar alegremente estas bebidas coloridas.

Lá em cima, da esquerda para a direita, estão todos os sete cocktails clássicos publicados desde Junho: Tequilla Sunrise, Caipirinha e Bloody Mary.
Ao centro, Manhattan.
Em baixo Dry Martini, Daiquiri e Mojito.

Pode ser que haja mais no Verão 2008.

Resta-me agradecer a todos os que ainda permanecem sóbrios e, como não virei aqui escrever tão depressa, desde já um bom fim-de-semana.

Estes não têm sido dias exuberantes, longe disso, e, desta vez, não quero afogar as mágoas em ondas melancólicas, capaz de transformar o blog que os deixa bem dispostos, num chorrilho de mariquices.

Mais vale enfrascar-me com um dos cocktails ali em cima.
Ou com todos ao mesmo tempo.

"Drinks and Dreams"
Runnin' Wild Renegades
cortesia YouTube

03 setembro 2007

Conta-me como foi

154

Pinhal Novo, 03 de Setembro de 1967.

Um mar de gente apinha-se junto à velha igreja para assistir ao casamento da Belinha Cordas - assim era conhecida por todos - com António Dinis Cardoso, um moço tímido, honesto e trabalhador, que tinha chegado das Beiras poucos anos antes.

Mais prosaicamente, aquele era um casamento entre uma "caramela" e um "ratinho", mas contrariando as diferenças ditadas pelos rótulos regionais, a comunhão de afectos formalizada pelas leis da religião católica assinala hoje 40 anos de trilho comum.

Eu represento apenas metade dos frutos gerados por este amor que resiste e perdura em tempo de relações descartáveis, mas decerto que o meu irmão não se importará de se associar a singela homenagem da data aqui recordada.
E como recordar é viver, sentei-me lado a lado com a mulher vestida de branco na fotografia que, com lampejos saudosistas no olhar que amadureceu ao longo das quatro últimas décadas, lá foi relatando o que a memória recuperava.

Nostálgico como sou, sorvi a viagem no tempo com genuíno êxtase e, já alinhavando mentalmente estas palavras que agora todos leem, incitava-a a continuar.
Conta-me como foi.

O dia amanheceu nervoso, bulicioso e a anunciar uma boda sob intenso calor.
A tua avó não permitia que um segundo fosse gasto em vão e mandou-me para o quarto vestir o belo vestido de noiva. Obviamente que já o tinha experimentado antes, só que foi nesse momento que me apercebi que aquele era mesmo um dos mais importantes dias da minha vida.
E desatei a chorar.

Junto à igreja, devidamente engalanada para o efeito, dezenas de convidados esperavam para ver a noiva, por tradição a última a chegar.
O teu pai já lá estava, longe dos seus melhores dias.
Já explico porquê.

Havia mais convidados do lado da minha família do que da dele, mas a diferença não era grande.
Entrei na Igreja de S. José - essa mesmo que ainda exibe a sua graça centenária ali no jardim - com o coração a palpitar.
Junto ao altar, o teu pai sorriu para mim e percorri os últimos metros da minha vida de solteira num misto de ansiedade e orgulho, que sacudia-me o coração e formava-me um novelo na garganta que custava a engolir.
O teu pai tinha deixado de sorrir, confidenciando-me que estava com uma gigantesca dor de dentes.
Algo que era atenuado pelo então milagroso "Milagron", um preparado analgésico que inibia a dor de dentes mas deixava a língua branca.
Foi mesmo um casamento a três: eu, o teu pai e o "Milagron".

O bastante narigudo Padre José Robalo casou-nos ao princípio da tarde.
Trocámos alianças, beijos e promessas de comunhão eterna. Três coisas que mantemos até hoje.
Saímos da igreja aclamados pelos convidados que nos brindaram com uma chuva de arroz.
Depois seguiu-se a sessão de fotografias.
Muito parecido com o que se faz hoje.

Diferente foi o desaparecimento do teu pai, por largos minutos.
Perguntava pelo meu marido e todos zombavam na minha cara, dizendo a rir que ele tinha fugido.
"O meu marido!"
A expressão arrebatava-me de alto a baixo. Meu Deus, tinha 18 anos e já era uma mulher casada!


Pois, está bem.
Mas que história foi essa do meu pai ter fugido?
Um pouquinho de mistério ficaria a matar nesta crónica do passado.
Vá lá, mãe.
Conta-me como foi.

O teu pai tinha convencido o chefe dele, que também tinha sido convidado, a emprestar-lhe o carro para uma voltinha pelas redondezas.
Acabou por ir quase até Palmela, no Volkswagen "Carocha" do patrão.
Eu lá ia entretendo os convidados, tentando disfarçar a minha preocupação, pois afinal ele andava a conduzir completamente dopado pelo "Milagron".

O copo d' água foi servido na sede do Grupo Desportivo Pinhalnovense, onde, no andar de cima, tinha feito toda a Escola Primária. O teu pai ainda frequentou a velha "nº 1", onde tu fizeste toda a Primária, depois o teu irmão e a partir deste ano o teu sobrinho.

Sim, sim.
Adiante.

Sim.
Pois.
Adiante.

Tirando a dor de dentes do teu pai, que nesta altura já ia no segundo frasco de "Milagron", o copo d' água correu como estava previsto, até que, ao final da tarde, eu e o teu pai escapulimo-nos sem que ninguém nos visse e... fomos ao cinema.

Desculpa?!

Sim.
Fomos ao cinema, a Lisboa.
Como sabes, a sede do velho Grupo fica encostadinha à linha férrea e, por isso, foi bastante engraçado acenarmos aos convidados a partir da janela do comboio, à passagem pelo Grupo.
Quem nos viu ficou de boca aberta.
"Olhem! Os noivos fugiram!"
"A Belinha e o Tony vão no comboio!"
Parecia uma cena tirada da "Aldeia da Roupa Branca".
"Adeus, aldeia! Adeus, linda terra..." , mas voltámos depois da sessão de cinema no velho Condes, onde hoje está o Hard Rock Café...

O filme? "E Tudo o Vento Levou".
Menos a dor de dentes do teu pai, que, embora mais atenuada, ainda durava.
Não seguimos a trama até ao fim, porque tínhamos mesmo que apanhar o último barco e um dos últimos comboios para regressarmos a casa.

Como ouviste, acabou por ser um casamento diferente, mas tudo isto são histórias passadas cada vez mais atraiçoadas pela memória...

E termina a sua viagem no tempo com uma nota de nostalgia na voz.
Gostava que fosse possível oferecer-lhes mais 40 anos de casamento, mas sei que até nos contos de fadas existe a palavra "fim".

De qualquer forma, para que esta seja uma história não mais atraiçoada pela memória, aqui fica a sua eternização à escala global, naquilo a que os filhos da modernidade chamaram de "internet".
Resta-me desejar-lhes muitas felicidades e confessar que é uma honra ser vosso filho.
Amo-os para sempre.

As 21 Toupeiras do Alvalade XXI

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El Gramado
crónica semanal de futebol
(edição nº 01)


Muda-se de mulher, de partido, de emprego e obviamente de cuecas, mas não se muda de clube.
Esta é uma das imagens de marca do machismo lusitano e ainda e sempre com razão de ser.

Não nasci sportinguista, mas também não nasci adepto de outro clube.
O entusiasmo pelo futebol vinha de pequeno, mas "só escolhi clube" mais tarde, já tinha mais de 10 anos. Apesar de cá em casa insistirem na versão que dá conta da persuasão psicológica do meu avô materno, insisto eu ainda mais que a "opção Sporting" foi uma escolha fundamentada na razão e nas fotos ainda a preto e branco do título conquistado em 1982.
Detestando desde tenra idade os "carneirismos", mesmo ao nível da comoção de massas, um devaneio primário sem base racional como o de "ser de um clube porque sim", só tinha fundamento se aliçercado na razão, mas hoje sei que há paixões que não se explicam, vivem-se e pronto.

E é essa fidelidade a um clube que faz com que seis milhões de adeptos encarnados vibrem com camisolinhas cor de rosa e vibrariam de igual forma se os seus jogadores vestissem sacos de batata ou corpetes vitorianos, desde que ostentassem o emblema da águia em cima de uma roda de bicicleta.

A mesma premissa serve para os filhos do dragão ou todos os bravos sportinguistas que, como eu, não conseguem achar minimamente criticável a infraestrutura magnífica que dá pelo nome de Alvalade XXI, saída da delirante mente do arquitecto Taveira.
É o estádio do Sporting e, por isso mesmo, só um verdadeiro leão entenderá e defenderá a obra que os adeptos de clubes rivais e frustrados críticos de arquitectura tendem a denegrir.

Se o esboço do Alvalade XXI saiu das mãos daquele que habilmente filmou uma série de meninas sodomizadas a preceito, então porque razão o estádio não pareceria uma enorme casa-de-banho?
Certos fétiches não desaparecem de um dia para o outro!

Mas, sendo um expert em matéria de sítios apertados e escuros, não se compreende como o arquitecto se esqueceu que o futebol precisa de sol, porque facilmente se envolve em meandros opacos e nebulosos.
Ou o estádio filtra demasiado a luz, fazendo com que o relvado pouco sinta o sol e pouco se consolide, ou vivem no Alvalade XXI 21 toupeiras que se divertem nos jogos do clube, arremessando fofos tufos de relva sempre que um craque de sua predilecção passa a correr, com a bola colada aos pés.

E nem assim nós sportinguistas nos envergonhamos e enfiamos a cabeça nos buracos descobertos pelos tufos lançados pelo ar, em directo, na televisão.
É o nosso estádio, é o nosso clube, para o bem e para o mal.

O que é certo é que sucedem-se as mudas de relva e o problema não se resolve, para desespero dos Izmailoves e Vukcevices que fazem do recorte técnico as suas principais armas para ludibriar adversários.

E em breve lá estará o Alvalade XXI pronto a receber o segundo jogo no espaço de poucos dias, um Portugal x Sérvia. É o regresso de Ronaldo ao toupeiral que o tornou famoso. Rezemos para que não parta uma perna.