30 outubro 2009

Sei que Suspiras por Vampiras - 1ª Parte



Os vampiros estão na moda, para regozijo da Sociedade Portuguesa de Estomatologia e Medicina Dentária.

Uma boa dentição, se possível com incisivos salientes e bem afiados, garante, hoje em dia, lugar no passeio da fama televisivo.

Por isso, crianças, se querem ser famosas com condições para pagar os luxos dos vossos pais, esqueçam essa parvoíce de querer ser como o Ronaldo ou actor, como o tal Lourenço dos "Morangos com Açúcar".

O que têm a fazer é lixar, literalmente, os vossos dentinhos incisivos, vestir só roupas escuras e fecharem-se em casa sem ver o sol durante dois anos.

A partir daqui estão aptos para uma carreira de sucesso na tv ou, vá lá, para uma credível aparição no corso carnavalesco aí da terrinha.
Ou para um cancro de pele.
Uma destas.

Sei que Suspiras por Vampiras - 2ª Parte


Desconheço se, em noite de lua cheia, os directores de programas da SIC e TVI costumam se encontrar para beber chá de morcego, mas o certo é que ambos decidiram sugar o sucesso dos livros de Stephenie Meyer para anunciar "Crepúsculo", na TVI e "Split", na SIC.

As privadas sonham com a Transilvânia e também tu, RTP, sei que suspiras por vampiras.

Tem sido um ano pródigo em vampiragem, tem sim senhor.

- Desde logo com políticos no cachaço dos eleitores por três vezes em menos de cinco meses, Europeias, Legislativas, Autárquicas.

- Houve também paparazzis de volta da carcaça de Michael Jackson, que pouco sangue teria para saciar as moscas, mas ainda assim o velório foi coisa que rendeu (e rende) bons cobres.

- Foi também amplamente noticiado o eficaz controlo anti-doping ao ciclista Nuno Ribeiro, precisamente o homem que venceu a Volta a Portugal.

Conhecidos por "vampiros", a verdade é que os controladores do doping no ciclismo não conseguem morder todos os que injectam nas veias substâncias susceptíveis de avistar vacas e cornetos a voar.

Sei que Suspiras por Vampiras - 3ª parte


2009, o Ano dos Vampiros, fica marcado pelos livros de Stephanie Meyer, outros de outros autores, inclusivamente portugueses, o filme "Crepúsculo" e um outro com o sugestivo nome de "Caçadores de Vampiras Lésbicas", onde tudo serve de pretexto para filmar boazonas que se beijam e abocanham pescoços como se não houvesse amanhã.

O imaginário masculino já sonha com aquilo que poderia ser o supra-sumo cinematográfico desta vaga, algo como um "O Ataque das Lolitas Lésbicas no Final da Liga dos Campeões", com mordidas e lançamentos em profundidade e domínio do esférico no peito, no caso, um belo par de mamocas à mostra e uma árbitra escultural vestida de negro, dos pés à cabeça, que perde a dita, mostra um vermelho, faz-se um clique, beija uma guarda-redes, enrola-se com ela, morde-lhe o pescoço, suga-lhe o sangue e... uff!!

Os vampiros estão na moda.
Locutores panascas e crianças desafinadas já eram.

No limite, haverá lugar para uma criança meio apaneleirada a cantar "Sunday Bloody Sunday".
Quiçá num casting do "Ídolos", em noite de lua cheia.
Pode ser que o júri morda.

29 outubro 2009

Fama ou Infâmia?


Ontem vieram ao "Eldorado" 102 pessoas, um novo recorde de visitantes nos últimos meses.

Das duas, três:

Ou existe um desconhecido lobby Pingo Doce, capaz de tomar assento na concertação social com o governo, com seis ou sete administradores vestidos de verde alface entre os representantes da UGT e da CGTP...

Ou está muito mais gente com Gripe A do que está contabilizado e, nada tendo que fazer, clicam em blogs tão fraquinhos como este, em vez de, salutarmente, apreciarem o que de melhor se faz na pornografia nos dias de hoje...

Ou então está tudo maluco com este blog, que corre célere para um estatuto de culto, permitindo em breve, ao seu carismático autor, o usufruto de prostitutas de leste, borlas em teatros, cinemas e combates de boxe, descontos na Zara e, quem sabe, quatro pacotes de leite com chocolate Nesquik pelo preço de três.

Sinceras melhoras dessa gripe.

Erva - 4ª Temporada


P
aulo Bento e fungo do relvado barricados em Alvalade, garantem que não serão exterminados facilmente.

28 outubro 2009

O Famoso Anúncio Pingo Doce


Há erva, e da boa, no Pingo Doce.

No novo/polémico/famoso/amado e odiado/anúncio da cadeia de supermercados da Jerónimo Martins, a confirmação de que se fumam substâncias ilícitas nos armazéns do Pingo Doce, aparece sob a forma de 1.200 sorrisos dos funcionários que sorriem à parva no vídeo de um minuto e meio de duração.

Consta que ninguém deu pelo tempo passar, tal não era o forrobodó, e ainda estão lá dois ou três funcionários da peixaria e um da padaria a cantar e a rir entre pargos, douradas, baguetes e Bolas de Berlim.

De luzes apagadas, e com uma farda verde alface forforescente, parecem very lights com incontinência, borrando-se de felicidade.

Felicidade sim, porque toda a gente sabe que quem trabalha no Pingo Doce é principescamente pago, colecciona Porsches e limpa o rabo a notas de 50 euros.

E por isso, ou por causa da erva (que a ser vendida ao público deve estar junto dos chás da Lipton), os funcionários pingodocenhos que aparecem no vídeo servem os clientes com uma joie de vivre tal que nem a Lili Caneças com 27 shots de bagaço no bucho consegue lá chegar.

No spot publicitário mais polémico do momento - que já foi proibido na Austrália por causa dos efeitos nocivos para a saúde dos cangurus - há segundos fantásticos que merecem ser esmiuçados.

Logo aos 4 segundos, o Cristo Rei vira as costas ao anúncio, descartando qualquer tipo de responsabilidade no que se segue.
A agência brasileira Duda Portugal achou a imagem bonita, quase parecida com o Rio de Janeiro, embora sem favelados a abater helicópteros.

Aos 20 segundos, diria que aparece a Maddie a comer papa e, mais raro ainda, aos '29, o tetraneto de Buffalo Bill.

Aos '33, funcionários do Pingo Doce escondem-se atrás de alfaces porque é agora que a cantora vai começar a cant... a gritar "VENHA AO PINGO DOCE DE JANEIRO A JANEIRO!!"

E nos últimos 20 loooongos segundos, os efeitos secundários de tanto pessoal ganzado começa a fazer-se sentir, quando começam a mexer estranhamente as mãos.

Dir-se-ia que estão a chamar alguém, porque possivelmente o dinheiro não chega para pagar a conta.

Confissão rápida, antes que o padre tire a kalashnikov debaixo da batina:
Sempre fui fã do Pingo Doce, mas na primeira vez que ouvi a música do novo anúncio, pensei que estavam a matar alguém.

Dir-me-ão alguns que a música entra no ouvido.
E depois aloja-se no cérebro, acrescento eu.
Tenho uma lobotomia marcada para segunda-feira, mas vai tudo correr bem.

Para vosso puro deleite, e no sentido de aproveitar a redução no preço das lobotomias feitas em série no Hospital S. José, aqui está, mais uma vez, o demoníaco vídeo pingodocenho.
Voltamos a ver-nos em estado vegetativo.

27 outubro 2009

Macumba Para Bailarinas Escarlate


O dia amanheceu como um quadro de Van Gogh.

Bailarinas de vermelho e papoilas saltitantes no meio da estrada, à beira-mar em compita com gaivotas pasmadas, nas esplanadas sorvendo cafés e devorando jornais, penduradas na torre da igreja também.

Difíceis de acertar com o Saxo vingativo, desviam-se bem, as maganas ululantes, "o que é Nacional é bom", berram gargantas escarlate.
Seis milhões que exultam, esquecem agruras, andam em bicos de pés, as bailarinas.

Tambores ecoam ao longe, no coração de África.

"As águias que andam nas nuvens, morrem por falta de oxigénio", murmura o feiticeiro.

Então espera-se pela queda no trapézio sem rede.
Tem que haver circo para todos.

Nostalgia Eldorado # 04


O
lha aqui outro 6-1, que até veio a terminar em 7-1!
Saudades destes tempos em que os melhores avançados do país vestiam as cores do Sporting e em que se podia confiar nos paspalhos vestidos de encarnado para enfardar...

Agora é o que se vê.
Leões que se esfrangalham todos para marcar um ou dois golos de um lado, mil goleadas do outro.
Já não falta muito para o fim do mundo....

26 outubro 2009

Se Este País Fosse Neve


Esta manhã estava tanto, mas tanto nevoeiro, que não consegui encontrar os bolsos das calças para procurar a chave do carro.

Decidi-me por montar um albatroz que me bateu na focinheira e direccionei o GPS para sul.

Fui largado numa salina em Alcácer do Sal e, para compensar a falta de rede no telemóvel, não me faltam libelinhas de volta da sandes de presunto que trazia para o almoço.

Fora isto, o dia está a correr bem.

23 outubro 2009

No Tempo das Lacas e Plasticinas


Os inesquecíveis hits "Weke Weke" e "Japanese Boy", o anúncio da laca Sunsilk e a recordação dos dias de escola primária pintados com as cores das canetas de feltro carioca ou também coloridamente moldados em plasticina, fazem parte do menu desta semana da "Máquina do Tempo".

E claro, as fotos de Lisboa antiga, a maior parte delas ainda António Costa não tinhas nascido.
A Beatriz Costa já, o António Costa não.

E então, quer viajar comigo na "Máquina do Tempo"?

O Segredo do Benfica


Um desejo cada vez menos irreprimível pela homossexualidade é o segredo deste Benfica.

Nos últimos 15 anos, os encarnados só foram campeões em 2005 mas, de um momento para o outro, a equipa da Luz desatou a marcar golos a toda a gente.

Caso para dizer que tomaram-lhe o gosto.

E tomaram o gosto foi aos abraços, palmadinhos no rabo e beijinhos de comemoração que se seguem a cada pontapé certeiro.

Há quem acenda um cigarro depois de "facturar", os jogadores do Benfica acendem o desejo e apalpam cus.
São opções.

E gostam tanto de estar ali juntinhos, como se afinal fossem jogadores de rugby que, a seguir, fazem o possível para voltar a marcar e a comemorar.
Um ciclo vicioso de viciados em sexo.

Onde estão a UEFA, a FIFA e a ONU quando são precisas?
Caraças, pá!

Onde alguns vêem futebol de primeira água, eu vejo 11 panascas com vontade de ir tomar duche mais cedo.

Há quem jure a pés juntos que ouviu esta conversa entre jogadores benfiquistas:

"5 a zero!! Acabou!! Podemos ir para o banho!!"

"Não, pá! Só vai terminar ao fim de hora e meia, como os outros jogos!"

"Bolas! Quer dizer que ainda temos que jogar mais 15 minutos? Chatice... Mas olha, ficas muito interessante quando estás assim suado... a franja cai-te para a testa e também ficas mais rosadinho, e assim..."

"E eu gosto muito das tuas tatuagens, principalmente aquela que só se vê quando vais para o duche..."

"Ó pá, coisinha! Não digas isso que dás-me vontade de marcar um golo já aqui do meio-campo!!"

E é isto, este Benfica, treinado por um Jesus... alternativo, cabelo louro platinado, que afirma ser "a Paula Rêgo do futebol português".

E é, mais ou menos.
Umas vezes Paula, outras vezes Rêgo, mas não ao mesmo tempo.

Mal por mal, prefiro ver o Sporting e as suas vitórias por 1-0.

Porque ver repetidas vezes um cacho de jogadores encarnados a comemorar um golo, deve ser parecido com ver a tal peça dos "Rapazes Nus a Cantar".
Com a diferença de que estes tipos estão vestidos.
Por enquanto.

22 outubro 2009

Os Novos Testamentos


Também eu ando a pensar escrever umas coisas ousadas sobre o Criador, mas a minha mãe não gosta que eu fale mal do meu pai.

Mas vamos supor que podia.

O que é que poderia escrever para "esticar a corda" como fazem tão bem os mais bem sucedidos escritores lusos, nos novos testamentos, ora ultrajando Deus, ora esmiuçando os meandros de Alá?

Falar da calvície e da barriga de grávido, parece ao mesmo tempo evidente e insensato.
O oráculo hereditário não mente, antes assusta, deprime e instiga a operações plásticas.

Talvez esboçasse zombar da inaptidão para uma série de coisas, mas o homem sabe fazer quase tudo, parece uma Bimby humanóide.

Afirmar que teria eu casado com a minha mãe, se a tivesse visto primeiro, representa uma impossibilidade biológica, complexo de Édipo e estupidez.
Não necessariamente por esta ordem.

Terei então que abdicar de escrever sobre este (muito pessoal) criador.

Sobre Deus também não escreverei, pelo menos até Janeiro.
Nessa altura, em pleno Inverno, então sim, habilitar-me-ei ao quentinho do Inferno, para onde parece que vão também os vigaristas, as prostitutas e os animais com três cabeças.
Afigura-se divertido na hora de jogar à sueca.

Sobre Alá também convém não me alongar por aí além, já agora, uma frase bonita para um cantor pimba que não consegue pronunciar os "éles".

"Sobre Alá, lá, lá, lá
Também convém
Não me alongar, lá, lá, lá
Por aí além!"

E não convém porque, apesar de ainda viver no mesmo terceiro andar, e não no alto da Torre das Amoreiras, não é de desprezar a possibilidade dos terroristas islâmicos, mandarem um planador contra o telhado, ou um desgovernado aviãozinho de papel.

"Ah, não sei quê, coisa e tal, ó JP: um aviãozinho de papel não mete medo nenhum!"

Mete medo se for de papel higiénico.
Sujo.
You know.

E é por ter escrito a palavra "sujo" que me lembrei não só do livro de cheques do Vale e Azevedo, como sobre que criador escrever.

Um criador de porcos.
Alguém que não se importe de ver o seu trabalho catalogado como porcaria.

Ouço alguém desse lado sugerir que o livro poder-se-ia chamar "José Saramago", mas Caim me conhece sabe que não iria tão longe.

21 outubro 2009

Pensamento Filosófico


S
abemos que estamos há muito tempo no mesmo emprego, quando vamos à casa de banho e não fechamos a porta.

19 outubro 2009

Blind Date no Estoril


Se há quem faça 120 quilómetros para comer um bom Polvo à Lagareiro, porque não haveria eu de fazer 60 para conhecer um bom Povo Cavalheiro?

Sábado à noite, o Wolks prateado rumou ao Estoril onde iria decorrer o blind date do blog "Porta do Vento", de Ana Vidal.
Vagamente associavam-se nomes a blogs e pouco mais.

O mediatismo da escritora Rita Ferro colocavam-na noutro patamar.
Ouvira-se falar de João de Bragança, o presidente da Acreditar.
A Ana Vidal tem trabalho reconhecido.
Os outros também.

Eu fui como portador de uma monumental dor de cabeça e como autor das patuadas escritas à sexta-feira no "Lapsus Linguae".
Crónicas-muesli que às vezes reedito aqui.

O Walter e a Rexy fizeram as honras do acolhedor porto de abrigo e merecem nota máxima pela hospitalidade.

Cotação alta também para o rosbife, o pudim de peixe, o risotto, a salada walteriana e a bomba calórica que deveria ter vertido um pouco no bolso das calças para comer no caminho de volta.
Realmente, não me sei comportar.

No quadro de honra da tertúlia no Estoril, tem que constar claramente o momento ímpar de um piano ritz on the rocks, as histórias de cada um e as habilidades de escritores como a Rita que, não bastasse rendilhar prosa digna de tratado sociológico que deveria ser esmiuçado nas universidades deste país (livro novo a sair) ainda o faz exercitando as falanges de todos os quirodátilos.

Chegar à conclusão que escrevi estas 34 linhas queimando a cabeça dos dedos indicadores, é só um ponto de partida que evidencia que a linha de chegada está bem mais longe que o Estoril.

E pensar que, mesmo assim, abriram-me a porta.

Espantoso.

Nunca despreze o poder de meia dúzia de tortas de Azeitão e de uma garrafa de moscatel.

16 outubro 2009

Maitê


U
m dos mais memoráveis episódios da minha adolescência aconteceu atrás da porta de um quarto.

Um ritual de iniciação que, descansem as mentes, nada tinha de proibido, perverso ou alternativo, nem sequer consistia em dar umas passas numa broca às escondidas, devorar uma torta de laranja em dois minutos ou apalpar os marmelos à vizinha Iolanda.

Nada disso.

Apenas uma espreitadela a um poster da cantora germânica Nena, vestida dos pés à cabeça, mas com uns olhos que nos despia as calças.

"Então? Quem é mais gira? A Nena ou a Maitê Proença?" perguntava o grupo de rapazes ressabiados, todos com mais dois anos do que eu.

E embora a escolha fosse complicada, eu acabei por responder que era a Maitê.

O deslumbramento continuou quando a vi despida na "Playboy", em "Dona Beija" e em sonhos húmidos que juntavam Maitê a Maria Zilda, por essa altura o mais belo par de pernas de toda a América do Sul, distinção comprovada todas as noites na "Guerra dos Sexos".

Chegados a 2009, eis que alguém desenterrou do passado um vídeo de 2007, onde a agora cinquentona goza com os portugueses durante uma peça de reportagem para o programa "Saia Justa".

O trabalho tem uma boa dose de imprecisões históricas, é mais jocoso do que informativo, Maitê praticamente chama parolos aos portugueses, mas mesmo assim , digo eu que já vi o vídeo que pode conferir aqui, não encontro motivos de maior para este quase incidente diplomático que distrai o país de coisas mais importantes.

Talvez tenha sido uma desilusão para a nação lusitana que vai dando mais importância às palavras da actriz e menos à beleza que se desvanece.

Terá que ser a própria Maitê a perceber que o crédito que tinha, baseado, vá lá, em algum talento como actriz e escritora, mas sobretudo na beleza bafejada pelos deuses, vive o ocaso do encantamento.

Quanto a mim, talvez sofra do mesmo mal de Miguel Sousa Tavares e ainda hoje é possível que as memórias da beleza da actriz - que ainda permanece, brincando com o tempo - estejam a toldar-me a razão.

Estou no entanto na disposição de concordar com aqueles que dizem que Maitê Proença já merece um tau-tau bem dado.
Desde que seja o primeiro a avançar.

Nostalgia Eldorado # 03


E
is como Maitê Proença passou de cavalo para burro.
As imagens são de 1986, da novela da Manchete "Dona Beija" e, dessa vez, em vez de ofender, extasiaram os portugueses.

Maitê aparecia a cavalgar nua e, também muito importante, calada.

14 outubro 2009

Os Bois Pelos Nomes


Francisco António Galinha Orelha, é apenas um dos nomes consagrados nas Autárquicas deste domingo.
Foi eleito presidente da câmara de Cuba, no Alentejo.

Ao pé deste nome de baptismo, Fidel Alejandro Castro Ruz, soa um bocadinho corriqueiro.

Há muito mais, ou se há.

Ainda no Alentejo, o presidente eleito em Barrancos demonstra que a tradição da matança do touro é para manter, ou não se chamasse António Pica Tereno.

O autarca eleito em Alvito garante, com o seu nome, a presença em todas as cerimónias deste país, sejam casamentos e baptizados, sejam cerimónias institucionais, sejam convites mais libidinosos para o nhec nhec, já que se chama João Luís Batista Penetra.

E em Moura, recordam-se os tempos aúreos das minas de pirite, com José Maria Prazeres Pós-de-Mina ao leme nos próximos quatro anos.

O Alentejo é pródigo em apelidos inusitados que não poupam os senhores presidentes.

No Distrito de Évora, em Vila Viçosa, ainda agora foi eleito e já Luís Filipe Braguez Caldeirinha Roma sonha com férias nas termas italianas.

Em Viana do Alentejo, por favor, avisem a Sociedade Protectora dos Animais porque foi eleito Bernardino Bengalinha Pinto, possivelmente amigo do Norberto António Lopes Patinho, ali ao lado em Portel, e do João Maria Aranha Grilo de Alandroal.

Em Évora, propriamente dita, está garantida a guarda do Templo de Diana, com a eleição de José Ildefonso Leão d'Oliveira e, se em Lisboa Santana Lopes perdeu, em Mourão ganhou Santinha Lopes, no caso José Manuel Santinha Lopes, não do PSD mas do PS.

Em Borba, quando não houver Bacalhau à Gomes de Sá, há, garantidamente, nos próximos quatro anos, Ângelo João Guarda Verdades de Sá.

Mas não gozemos mais com os alentejanos e desçamos até Faro.

O Algarve continua docinho como um bolinho e quentinho como um cafezinho, mais ainda em Aljezur onde lidera um presidentezinho chamado José Manuel Velhinho Amarelinho.
Presumo que já tenha conduzido eléctricos em Lisboa.

Alô, Ribatejo!
Porque razão as gentes de Alpiarça prenderam Mário Fernando Atracado Pereira, por mais quatro anos?
Não podem ao menos mudá-lo de árvore?

Irresistível mais um salto ao Alentejo, até ao concelho de Fronteira, Portalegre, onde alguém tudo faz para conquistar a cara-metade.

Pedro Namorado Lancha, apesar da conquista da câmara, não prescinde de enviar sms's à namorada para que ela saiba o que ele está a fazer.

Ainda em Portalegre (no norte os nomes são, definitivamente menos bizarros), concelho de Nisa, encontramos Maria Gabriela Menino Tsukamoto que adoptou uma mota Kawasaki como veículo pessoal, prescindindo da Mitsubishi da câmara.

Terminamos em Sesimbra, com Augusto M. N. Carapinha Pólvora, eleito pela CDU.
Deseja-se que a oposição não lhe chateie muito a cabeça.

Luzes da Ribalta


Deverá ser o edifício lisboeta com aparência mais britânica.
Tijoleira vermelha de alto a baixo, ao mesmo tempo sóbrio e imponente, junto ao Tejo, em Belém.

Pertencia à Central Tejo, é o Museu da Electricidade desde 2006 e, rejubilem, tem entrada grátis.

"Grátis" é mesmo uma das minhas palavras preferidas, a outra é "mamas".
Infelizmente nunca as vi juntas, escritas por aí.

O Museu está atafalhudo de parafernália que fará sobretudo a delícia de engenheiros electrotécnicos, mas não chega a aborrecer de morte o visitante mais leigo nestas coisas.
Até porque muitas das instalações que eu vi têm ar de provocar choques eléctricos, o que parecendo que não, acorda qualquer tipo cheio de remelas nos olhos.

Além de tudo o que tinha a ver com a actividade que ali decorria no século passado, existem actividades lúdicas e pedagógicas para os mais pequenos e, neste momento, uma exposição sobre os 10 anos da morte de Amália.

Oportunidade para ver duas colecções, uma de vestidos mais ou menos espampanantes e outra de jóias, onde pontificam gargantilhas tipo coleiras para yetis ou cachuchos do tamanho de ovos de avestruz.

Há mais Amália no CCB e obviamente na casa onde viveu.
E no filme que a RTP transmitiu em dois episódios.
E na homenagem feita pelo projecto Amália Hoje, que junta Gift a Moonspell, grupos típicos de Alfama.

Há Amália por toda a parte, nem em vida viveu tanto.

As luzes da ribalta acendem todos os dias no Museu da Electricidade até 31 de Janeiro, mas, depois disso, o sol vai continuar a brilhar lá fora, ou não estivéssemos em Belém.

13 outubro 2009

Doce Belém


Dia imperial de prazeres e amores em Belém.

Com direito a sol e a três grandes momentos para recordar em género de episódios, a partir de amanhã, aqui no "Eldorado".

A tradição do Museu dos Coches, os novos tempos com a Starbucks e a mistura entre novo e velho no Museu da Electricidade.

Desta vez contei 37 japoneses, não está mal.

Um Espirro Divino


Milhares de católicos e aficionados pelo cheiro a cera queimada participaram ontem na procisão das velas, em Fátima, para assinalar o 13 de Outubro.

O santuário já fez saber que não tem um plano de contingência para um hipotético surto de Gripe A, possivelmente confiando única e exclusivamente na fé.

Acontece que a gripe não afecta só muçulmanos e a Nossa Senhora, embora sem Tamiflu na algibeira, não por acaso escolheu aparecer em Maio e em Outubro.

"No Inverno o frio afecta-me as varizes e no Verão gosto de fazer uma prainha", terá dito a Virgem num fim de tarde numa esplanada, enquanto emborcava uma imperial.

Não se ignoram assim os ensinamentos de Nossa Senhora mas os senhores da Igreja é que sabem e parece que o único procedimento já definido é o seguinte:
Quando alguém fizer "Atchim", diga "Santinho".

07 outubro 2009

O Zorro no Pingo Doce


Ao contrário do que rezam mitos urbanos, não sou um Zorro mascarado que passa as noites a salvar donzelas em perigo.
Ou, se calhar, até sou.

Ontem à noite, com toda a habilidade que tenho para conduzir veículos a motor, comparável à de um babuíno com um problema de trigonometria à frente, fui chamado a tirar um Seat cinzento cujas rodas dianteiras tinham afocinhado num desnível alcatroado de um parque de estacionamento de um Pingo Doce longe de casa.

Duas senhoras em apuros, vendo-me estacionado ali ao lado, desataram a desfraldar ao vento que zumbia, uma velha bandeira que, digam o que disserem, ainda significa alguma coisa.
É um pedaço de pano vermelho berrante, com letras garrafais, onde está escrito "ele que é homem, resolve".

Mesmo que algumas crises de confiança façam parte do meu adn, homem que é homem, não diz "não" e eu sou muito homem, embora educado para não parecer um troglodita.

Por isso, primeiro, e até porque a condutora do veículo, grávida ainda por cima, insistia em não sair de trás do volante, comecei por ser "O Homem Que Resolve Como se Fosse um Engenheiro" e sugeri uma marcha atrás com travão de mão engatado, para que, quando o focinho do Seat levantasse um bocadinho, aproveitasse o balanço.
O carro foi abaixo.

Assumi então o papel de "O Homem Que Resolve Porque é Homem Ponto Final" e em menos de 10 segundos, colocando a teoria do "Homem-Engenheiro" em prática, resgatei o Seat das trevas, abri um sorriso luminoso que acendeu a tarde cinzenta, aconselhei a pré-mamã a ficar mais calma, esquecesse até o pequeno episódio, retorqui os agradecimentos e saí a cavalgar em direcção ao pôr do sol.

E enquanto conduzia o Silver, digo, o Citroën Saxo até a casa, não deixava de sorrir com o que se tinha passado, verdadeiro espelho do que foi a minha vida de Zorro adolescente:
Algum jeito para desengatar mulheres longe de casa, nenhuma aptidão para engatar mulheres lá para casa.

Mas isso já lá vai e agora corre tudo sobre rodas, digo, sobre cascos.
Aiô, Silver!!

06 outubro 2009

O Bruxo de Madrid


U
m bruxo espanhol chamado Pepe, que los hay, foi contratado para "embruxar" Cristiano Ronaldo, fazendo com que o jogador se lesionasse gravemente.

O bruxo diz que quem o contratou foi uma "mulher rica traída pelo jogador".

Dizem que a lista de suspeitas que se enquadram neste perfil é maior que a bicha para entrar no Museu do Prado, mas não vamos agora borrar ainda mais a pintura.

Jogos de Plasticina


T
emo que na sequência da publicidade com "sobreposição de rostos", os criativos da TMN se lembrem de juntar Toy e José Castelo Branco...

Era coisa para, na pior das hipóteses, criar um buraco negro capaz de engolir o sistema solar, ou, com um bocadinho de sorte, apenas mandar a televisão pelos ares.

De qualquer forma, tenho medo.

05 outubro 2009

Manual Para Escritores Lobisomens


O que é necessário para se ser escritor?
Um misto de esforço e talento?
Imaginação desenfreada ou um caldeirão de vivências?
Viver exilado numa ilha vulcânica ou encetar relações íntimas com jovens escritoras brasileiras?
Ou, mais prosaicamente, um título que inclua a palavra "sexo"?

Não me leve a mal quem escreve profissionalmente e que ociosamente (em insano instante) me lê, mas dou grande relevância à última hipótese.

Não que seja necessário escrever a palavra "sexo" em todos os títulos, de todas as capas, de todos os livros, mas porque um bom título faz toda a diferença.

Espreite-se a obra dos dois pesos-pesados da literatura nacional, José Saramago e António Lobo Antunes:

Saramago é metafísica agnóstica com os seus "Ensaio Sobre a Cegueira", ou "O Homem Duplicado", ou ainda "o Evangelho Segundo Jesus Cristo".

Lobo Antunes é psicologia poética com títulos como "Eu Hei-de Amar uma Pedra" ou o neófito "Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?"

Se quereis ser um Lobo da literatura, devereis atentar na necessidade de nomear uma obra com ideias aparentemente desconexas.
Cavalos no mar que fazem sombra aos peixes é uma excelente ideia.

"Que Farei Quando Tudo Arde? " resulta melhor na época de incêndios e "Eu Hei-de Amar uma Pedra" soa a toxicodependência, mas é tudo de uma imaginação prodigiosa que causa inveja nas entranhas de esforçados blogueiros como o pateta que escreveu estas linhas.

Há mais.
"Exortação aos Crocodilos", "Não Entres Tão Depressa Nessa Noite Escura", "Os Cus de Judas", e por aí fora numa demonstração de genialidade ímpar ou de consumo regular de estupefacientes.

Tentei snifar estes inspiradores sopros de talento, sem recurso a alucinogéneos e, ainda sem sinopes, esboços, rascunhos ou sequer rabiscos, tratei já de nomear os meus primeiros livros.

- "Morreu-se-me o Amor Quando Chamo o teu Nome"

- "Aos Olhos do Céu os Homens Cegam na Terra"

- "As Cores da Alma Quando Canta"

- "Banho de Prata ou Chuva de Limalhas"

- "Já Se Matam Saudades Com Abraços de Urso"

Como se vê, não é fácil ser um escritor Lobo.
Talvez seja mais livre de escolhos a perspectiva de ser um Lobisomem Escritor.

Seguir o sangue quente dos passos mundanos dos génios da literatura, quiçá namoriscar uma brasileira bem jovem, torneada sim, boas formas, mas melhor conteúdo, onde a inteligência abunda.
A bunda, sim.
Escritor é homem de grande ego, de grandes coisas.

O que é, então, necessário para se ser escritor?
Talvez um misto de Lobo e Lobisomem.

Não hei-de amar uma pedra mas escreverei, garantidamente, um livro intitulado
"Em Terras de Verdade, Dar Abunda".

02 outubro 2009

Coisas Sérias


Os especialistas em previsões económicas dizem que o pior da crise já passou.

2010 deverá ser um ano de crescimento económico, mesmo em Portugal, mas o desemprego deverá continuar a aumentar até uns escandalosos 11%.

Enquanto isso, nos Centros de Emprego, técnicos especializados, com emprego garantido atrás da secretária, autêntico filtro do sofrimento alheio, aconselham os utentes (a.k.a. "desempregados") a "reformular" currículos, substituindo 12 anos de escolaridade real por apenas 9 anos de estudos.

Esqueçam três anos de conhecimentos.
Esqueçam três anos de vida.

E começa-se a acreditar que não se tem mesmo o 12º ano completo (e em alguns casos estudos universitários, licenciaturas, mestrados e doutoramentos) porque não se percebe, de todo, a equação que domina ultimamente a base da cadeia alimentar do mercado de trabalho:

Menos estudos, mais possibilidade de emprego.

Já tinha ouvido falar do triste esquema, mas agora a história foi comprovada por alguém que me é próximo.
E a proximidade é tanta, quanto mais longe se vê o fim deste problema.

Por causa disto, dor e revolta rasgam a esperança, mas havemos de resistir, insistir, lutar, conseguir.

Agora, é imprescindível que o país ajude, seja qual for o governo que vai ser formado.
É preciso que o mundo ajude, chute a crise para longe.
É preciso, em resumo, sorte.

E essa vai acabar por bafejar quem tanto merece, mais tarde ou mais cedo.

01 outubro 2009

Nostalgia Eldorado # 02


P
ara assinalar o Dia Mundial da Música, aqui fica este concerto do Rato Mickey, que fez sucesso em 1929, há 80 anos.

A "Nostalgia Eldorado" é editada neste blog às quintas-feiras para vos dar algum descanso das estórias mirabolantes que saiem desta cachimónia desparafusada.
Tenham dó de mi.