02 outubro 2009

Coisas Sérias


Os especialistas em previsões económicas dizem que o pior da crise já passou.

2010 deverá ser um ano de crescimento económico, mesmo em Portugal, mas o desemprego deverá continuar a aumentar até uns escandalosos 11%.

Enquanto isso, nos Centros de Emprego, técnicos especializados, com emprego garantido atrás da secretária, autêntico filtro do sofrimento alheio, aconselham os utentes (a.k.a. "desempregados") a "reformular" currículos, substituindo 12 anos de escolaridade real por apenas 9 anos de estudos.

Esqueçam três anos de conhecimentos.
Esqueçam três anos de vida.

E começa-se a acreditar que não se tem mesmo o 12º ano completo (e em alguns casos estudos universitários, licenciaturas, mestrados e doutoramentos) porque não se percebe, de todo, a equação que domina ultimamente a base da cadeia alimentar do mercado de trabalho:

Menos estudos, mais possibilidade de emprego.

Já tinha ouvido falar do triste esquema, mas agora a história foi comprovada por alguém que me é próximo.
E a proximidade é tanta, quanto mais longe se vê o fim deste problema.

Por causa disto, dor e revolta rasgam a esperança, mas havemos de resistir, insistir, lutar, conseguir.

Agora, é imprescindível que o país ajude, seja qual for o governo que vai ser formado.
É preciso que o mundo ajude, chute a crise para longe.
É preciso, em resumo, sorte.

E essa vai acabar por bafejar quem tanto merece, mais tarde ou mais cedo.

1 comentário:

Sun Iou Miou disse...

Já pensei muitas vezes nisso, esquecer ofício e saberes e ir trabalhar para uma fábrica, a apertar parafusos, pôr a mente de férias. Maus tempos para a lírica dizia uma música dos oitenta.
Agora são piores.