22 outubro 2009

Os Novos Testamentos


Também eu ando a pensar escrever umas coisas ousadas sobre o Criador, mas a minha mãe não gosta que eu fale mal do meu pai.

Mas vamos supor que podia.

O que é que poderia escrever para "esticar a corda" como fazem tão bem os mais bem sucedidos escritores lusos, nos novos testamentos, ora ultrajando Deus, ora esmiuçando os meandros de Alá?

Falar da calvície e da barriga de grávido, parece ao mesmo tempo evidente e insensato.
O oráculo hereditário não mente, antes assusta, deprime e instiga a operações plásticas.

Talvez esboçasse zombar da inaptidão para uma série de coisas, mas o homem sabe fazer quase tudo, parece uma Bimby humanóide.

Afirmar que teria eu casado com a minha mãe, se a tivesse visto primeiro, representa uma impossibilidade biológica, complexo de Édipo e estupidez.
Não necessariamente por esta ordem.

Terei então que abdicar de escrever sobre este (muito pessoal) criador.

Sobre Deus também não escreverei, pelo menos até Janeiro.
Nessa altura, em pleno Inverno, então sim, habilitar-me-ei ao quentinho do Inferno, para onde parece que vão também os vigaristas, as prostitutas e os animais com três cabeças.
Afigura-se divertido na hora de jogar à sueca.

Sobre Alá também convém não me alongar por aí além, já agora, uma frase bonita para um cantor pimba que não consegue pronunciar os "éles".

"Sobre Alá, lá, lá, lá
Também convém
Não me alongar, lá, lá, lá
Por aí além!"

E não convém porque, apesar de ainda viver no mesmo terceiro andar, e não no alto da Torre das Amoreiras, não é de desprezar a possibilidade dos terroristas islâmicos, mandarem um planador contra o telhado, ou um desgovernado aviãozinho de papel.

"Ah, não sei quê, coisa e tal, ó JP: um aviãozinho de papel não mete medo nenhum!"

Mete medo se for de papel higiénico.
Sujo.
You know.

E é por ter escrito a palavra "sujo" que me lembrei não só do livro de cheques do Vale e Azevedo, como sobre que criador escrever.

Um criador de porcos.
Alguém que não se importe de ver o seu trabalho catalogado como porcaria.

Ouço alguém desse lado sugerir que o livro poder-se-ia chamar "José Saramago", mas Caim me conhece sabe que não iria tão longe.

Sem comentários: