31 março 2008

Assim escreve Bruno Nogueira

O Eldorado - Edição nº 220

Gostava de ser assim como ele, mais novo, mais magro, mais alto e acima de tudo mais talentoso. Só prescindia da Maria Rueff que não faz o meu género, mas muitas vezes faz um bom número.
Perceberam?
Eh, eh!... "género" e "número"!!
Pois...

Aqui vai a magnífica prosa de alguém que todos conhecem como sendo um excelente humorista e um promissor actor.
Será ele o "novo Miguel Esteves Cardoso"?

O Bruno a brincar

"O português transfigura-se quando sabe que vai para o Algarve.
Há vários sítios em Portugal, lindos por sinal, para passar as férias da Páscoa.
Mas o Algarve toca fundo no coração do português.
Tudo começa na viagem.
Como assim?
Calminha.
O peso do carro.
Percebemos que uma família vai para o Algarve quando o carro está com mais duzentos quilos do que devia, com o pára-choques traseiro a fazer faísca na estrada, uma fralda pendurada na janela de trás para o menino coitadinho não apanhar sol, e com um pack de 24 rolos de papel higiénico a tapar o vidro de trás da viatura, para facilitar o acidente.
Porque toda a gente sabe que o papel higiénico está a acabar no Algarve.
Isso e a navalheira.
São duas coisas que estão no fim dos fins.
Se a mesma viatura tiver um triângulo a dizer "Criança a Bordo" da Milupa, com o Vitinho todo jeitoso, então nesse caso não se pode pedir muito mais a Deus.
Deus, ao enviar-nos para a estrada ao mesmo tempo que esse carro já nos deu tudo o que tinha a dar.

Chegam então ao destino.
O pára-choques de trás ratado e o condutor com um boné de uma gasolineira qualquer (mutação que se faz sentir a meio caminho, para os lados do Alentejo).
Pousam no hotel toda a mobília do T2 que veio na bagageira.
E saiem as pessoas em números que desafiam a lotação do carro.
Começa o fenómeno: Manadas e manadas de portugueses a correrem para a praia, como se a areia fosse acabar amanhã.
A reacção normal seria: "Vamos ficar no quarto que está chuva e frio"
Bem sei, mas isso é secundário.
Se os convidassem para ir para a praia da costa da caparica num dia de inverno achariam ridículo.
Mas no Algarve já é outra coisa.
É classe.
Dois fenómenos claramente portugueses: ir para os centros comerciais com sol e para a praia com chuva.
Há, no entanto, uma peça fundamental que se repete nestes dois acontecimentos:
O fato de treino.
Vão de fato de treino ABIBAS ou REEBOKA para o Colombo porque nunca se sabe se não vai estar lá a Vanessa Fernandes a fazer um triatlo entre a Zara, a Massimo Duti e a Fnac.
E vão de fato de treino para a praia porque os calções estão fora de questão, a não ser que queiram perder as duas perninhas com o gelo.
Chegam.
Sentam-se em cadeiras de praia a ler o Correio da Manhã e a comer sandes de borrego que levam numa geladeira.
Os mais tímidos ficam a ler a Bola dentro do carro enquanto a esposa dorme no lugar do pendura.
Voltam a casa com os carros mais leves e com o profundo sentido de dever cumprido.

Para o ano há mais."

"Para o ano há mais"; Blogue "Corpo dormente"; 25 Março 2008


O Bruno a sério

"De tudo o que me faz pensar, há uma coisa que me atropela a cabeça.
A idade.
Não a minha, a deles.
Há qualquer coisa que rasga.
Choram-me as estatísticas que eu estarei cá quando os meus pais não estiverem.
Muito nublado, bem sei.
Mas real.
Posso tê-los agora, e abraçá-los com a carne que me deram, mas...e depois?
Vejo-lhes os anos na pele e a pele dá-me saudades.
Saudades do que não vou ter.
É a lei da vida, e todas as frases feitas que pregarem nas paredes.
Mas a saúde teima em ir à sua vida cedo demais.
Não a deles, a das estatísticas.
Hoje tenho-os ali.
Visto daqui, dos meus olhos, não envelheceram.
Foram emprestando um ou outro ano aos ossos.
Quero o meu pai a ficar envergonhado quando diz "gosto muito de ti filho" e a minha mãe com gotas de amor a marcar passo nos olhos quando diz "gosto muito de ti filho, nunca te esqueças disso"
Nunca te esqueças disso.
E depois, o que fica?
As memórias não são de carne, são de lágrimas.
E essas custam mais a abraçar.
Há qualquer coisa que rasga, eu bem disse.
Sei que estão na casa dos sessentas.
Mais precisão do que essa acelera-me o sangue.
"São novos".
E porque é que não ficam sempre assim?
Atrasem o relógio quarenta anos, vá lá.
Só desta vez, ninguém vai dizer nada à terra.
Apetece deixar cair uma pedra na roda dentada e parar tudo.
A assobiar, para não ter de prestar contas.
A palavra filho é patente deles.
Quando a dizem há uma manta que protege o coração até cima.
Depois da estatística fica só o coração e a manta enrolada aos pés.
Podemos sempre puxá-la, mas nunca mais vai tapar tudo.
E não, nunca me esqueço disso."

"A falta de lei da vida"; Blogue "Corpo Dormente"; 04 Março 2008

28 março 2008

Saudades

O Eldorado - Edição nº 219

Este não é um texto prenhe de humor.
Portanto, se é daqueles que só aqui vem para rir das parvoíces que escrevo, está a perder o seu tempo.
Tente numa próxima vez.

Nos últimos seis meses vivi uma realidade que na adolescência parecia uma dimensão mítica.
Horas, semanas, dias refastelado num sofá com os dois mais belos animais do mundo, isto no meu peculiar ranking de espécies animais susceptíveis de adulação.
Uma mulher e um gato.

Por muito patético que isto possa parecer ao sarcástico leitor que vinha aqui engrossar a turba dos que, comigo, zombavam de tudo e todos, sublinho uma vez mais que este não é um texto para rir; ainda assim, compreendo que esteja agora a rir à parva.
Vou esperar mais um pouco, então.
Pronto.

A verdade é que cada um de nós - enquanto intrincado ser humano à mercê de idiossincrasias transmitidas pelo código genético, pelo meio em que se envolve ou geradas pela própria personalidade - sentir-se-á feliz em determinados momentos que só farão sentido para o próprio.

Não adianta teorizar porque é que muitos precisam de momentos junto ao mar, a outros chegará um piquenique nas montanhas, outros ainda só se contentarão com pornografia e outros há que encontram refúgio na religião.
Há os que vivem para trabalhar, outros para a família, os que gostam de filosofia, atum desfiado, o pôr do sol em dias de inverno, as corridas de Fórmula 1 e até aqueles que deliram quando o balancete lá da empresa bate certo.
Eu sempre soube que seria feliz entre gatos e mulheres.

No final de Setembro do ano passado, a minha namorada levou um gatinho amarelo lá para casa e, sei-o agora, fui ainda mais feliz do que antes.
Melhor do que ela, se existir, não quero saber, amo-a como nunca amei outra.

Já ele, amarelinho listado, de focinho e patinhas rosadas e nos primeiros tempos de olhinho bem azul, entrou na minha vida de rompante e conquistou-me de imediato.
Não precisava de ter tantos predicados. Bastava ser ele, bastava ser gato.

Só que o Tico desapareceu terça-feira, a meio da manhã.

Fica a saudade, a dor, um vazio difícil de preencher porque ele enchia uma casa. Parecia estar em toda a parte e agora não o encontramos em lado nenhum.
Ficam também as marcas de alguns arranhões e mordidelas que, espero, demorem a desaparecer.

Ficam as memórias das correrias, tropelias, saltos incríveis, pequenas sestas ao nosso colo, a forma como adorava beber água das torneiras ou como brincava com uma pequena pratinha de bombom minutos a fio, enfiando-a debaixo dos móveis, esperando que um de nós a fosse buscar.
Bolas!! E esta angústia que não passa!! É só um gato!!

Mas não, não "é só um gato".
Era, para mim, um grande amigo e para ela um companheiro de todos os dias.
Sei que será pior quando partir alguém que nos seja bem próximo, mas quem ama animais percebe que este não é um texto ridículo.

Também não é uma despedida.
Ainda acredito que ele possa aparecer, o que seria um momento de intensa felicidade.
Mas esteja onde estiver, ande por onde andar, quero acreditar que ele estará bem, apto para sobreviver nesta vida de merda, apesar da tenrura dos seus sete meses de vida.

Até qualquer dia, Tico.




25 março 2008

Sexy Singers dos Anos 80 # 12 - Susanna Hoffs

O Eldorado - Edição nº 218

Embora na minha cabeça ganhe espaço (à custa de alguns cabelos que vão caindo) ideias difusas para futuros textos engraçaditos, sendo a batalha entre professores e alunos pelos telemóveis e os penalties que o Sporting não sabe marcar, dois deles, há que dar sequência a esta rubrica sob pena de o blogue acabar ainda antes das Sexy Singers passarem todas por aqui. E depois desta ainda faltam duas.
Hoje, nesta espécie de "O que é feito de", damos espaço a Susanna Hoffs, a vocalista das Bangles. Quem?!
As Bangles, pá! Que cantavam o "Walk Like an Egiptian" ou a balada "Eternal Flame"!
Pois a menina que recordamos hoje, não faz definitivamente o género Samantha Fox ou Sabrina, é mais do estilo "querida e fofinha" e por isso lembrei-me dela para vir cá hoje.

Sobre a Susanna Hoffs - Esta moreninha que cantava com um sussurro sexy o "Walk Like an Egiptian" já tem 49 aninhos feitos. Recorri então à calculadora do telemóvel, porque o meu sobrinho de sete anos não estava disponível, e descobri que ela nasceu em 1959, o que é uma data boa para nascer como qualquer outra.
Nasceu em Janeiro, em Los Angeles, no seio (gosto desta expressão não sei porquê...) de uma família judia, o que deve ter dado jeito para fazer as contas ao que foi ganhando na sua carreira bem sucedida.
Acelerando a história porque tenho mais que fazer, digo-vos que a menina formou-se em Arte pela Universidade de Berkeley e formou também as Bangles com as irmãs Peterson (ou seriam primas?). O auge do grupo foi nos anos 80, no tempo em que as Bangles eram quatro, mas ainda em 2003 as meninas, já quarentonas lançaram o quarto álbum que se chama "Doll Revolution".

Sobre o vídeo - A febre egípcia trazida pelas Bangles ao mundo da música pop, por volta de 1986 (talvez o melhor ano da pop melódica com orelhudos refrões), fez com que milhares de pessoas em todo o mundo não se importassem de fazer figuras tristes, com uma mão estendida à frente e outra atrás.
E onde muitos viam uma alegre coreografia faraónica eu vi uma patética imitação de gansos com epilepsia.
No vídeo surripiado ao YouTube, as Bangles cantam, tocam e meneiam-se ao vivo, fazendo que algo tão espetado como o topo de uma pirâmide cresça no íntimo de cada homem.
Segue-se um vasto rol de situações, captadas num vídeo, que todos aqueles que foram apanhados pela câmera esconderão dos netos: homens de negócios, famílias com avozinha a tiracolo, empregados de mesa, trolhas, polícias e bombeiros, o sui generis Kadahfi, a já falecida princesa Diana e até a Estátua da Liberdade, aparecem com as mãozinhas espetadas, como se tivessem uma espécie de Parkinson transmitida por um mosquito do delta do Nilo.
E se aparecem quatro moçoilas a cantar, qual é a nossa Susanna Hoffs ?
É a mais baixinha das Bangles e esperemos que passe ainda muitos anos até repousar eternamente num pequeno sarcófago.

20 março 2008

Carta ao Coelho da Páscoa

O Eldorado - Edição nº 217

Caro, ann... coelho:

Eu sei que não é costume escrever cartas ao Coelho da Páscoa ou a qualquer outro coelho, em primeiro lugar porque os coelhos não sabem ler e só servem para fazer caganitas redondinhas enquanto fornicam como se não houvesse amanhã.
Peço desculpa mas é o que eu acho dos da sua laia.

E se vocês soubessem ler, com esses olhinhos vidrados de quem mastiga palhinhas ilícitas, decerto seriam míopes e toda a gente sabe que não há óculos que sirvam para coelhos, derivado de terem os abanos espetados para cima e não do lado esquerdo e direito da cabeça como nós.
O mais que poderia ser feito, seria criar uma bandolete com óculos mas já tentaram isso para o Nuno Gomes acertar com as balizas contrárias e nada feito.

Em segundo lugar, não se escrevem cartas a si, Coelho da Páscoa porque vossemecê tem todo o ar de que não existe.
Desconheço a capacidade de os coelhos desatarem a pôr ovos, mais para mais, de chocolate. Há-de convir que essa habilidade não convence ninguém e, a ser verdade, já vossemecê trabalharia a recibos verdes com o Victor Hugo Cardinali.

Defender-se-á o meu caro dizendo que tudo isto existe na Ilha da Páscoa, aquele lugar com umas cabeçorras quase maiores do que o ego do Mourinho, mas ainda assim não me convences, ó espécie de ratazana com espanador na cauda.
E hei-de ir a essa ilha averiguar tudo muito bem como se fosse da ASAE, deixa-me só tirar o passe L-666 e embarco num cargueiro rumo ao sul.

De aldrabões está o mundo cheio e só te fazia bem seguires o exemplo do teu primo, o coelho da Playboy.
Esse sim, é um coelho que trabalha no duro, embora temos que convir que é quase impossível ficar mole diante daquelas coelhinhas boazonas com rabos redondinhos e mamilos espetados como canivetes na noite do Porto.

Pois esse coelho malandro da Playboy tem revistas, canais de televisão e merchandising variado. E os teus ovos de chocolate?
O mais que conseguem são umas prateleiras nos Modelos e nos Feiras Novas.
E umas cáries nos dentes dos putos amarfanhadores de bostas açucaradas como gomas com formato de lagarta das couves.

Alegará o excelentíssimo que há muito mais coisas que não fazem qualquer nexo na Páscoa, como não se poder comer carne na Sexta-feira Santa e depois desatar tudo a comer cabrito e borrego.
Ora... se vossemecê está com inveja de não ser comido por milhões de pessoas, ponha-se na fila atrás do José Castelo Branco e do Cláudio Ramos.
Não me venha para aqui com desejos frustrados.
Oriente-se.
Sente-se em cima de uma cenoura, ou outra coisa qualquer, quero lá saber.

A cerimónia do lava-pés?
Esta nem deveria comentar... que culpa tenho eu se é um roedor tão badalhoquito, valha-lhe Deus, que não lava os pés como todos nós?
Imagino a porcaria que vai para aí agarrada a essas patas compridas.

Quanto ao facto de Jesus Cristo ter ressuscitado nesta altura e só falar com a Alexandra Solnado, não seja herege por favor. Se ninguém põe a vista em cima do Messias é porque ele anda à procura da Maddie por esse mundo fora.

E em relação ao facto de existir a tradição de comer um bolo chamado folar, que tem um grande ovo no meio da testa como se fosse um ciclope, fique a saber o orelhudo que existem galinhas tibetanas capazes de cagar ovos cozidos no meio de um bolo fôfo.
Isto dá-se na mesma quinta onde as amendoeiras dão amêndoas coloridas com uma generosa calda de açúcar à volta.

Agora... Coelho da Páscoa? Nan... isso não existe.
Deixe-se de enganar as pessoas e arranje um emprego a sério, na polícia, por exemplo.
Assim poderá descobrir quem tramou Roger Rabbit.

"O ELDORADO" DESEJA A TODOS OS LEITORES UMA PÁSCOA FELIZ

17 março 2008

Jardins Proibidos

O Eldorado - Edição nº 216

Aqui no "Eldorado" gostamos muito de aniversários.
E quando o bicho da Madeira completa 30 anos sempre a roer os subsídios do "contnente", a data tem mais é que ser assinalada.

Diz que o sr. Alberto João Jardim completa hoje 30 anos de governação autónoma, autómata e autoclísmica.
Três décadas! Ena que bonito que é a eternização no poder à custa de atoardas, défice democrático e populismo embebido em poncha!

Obviamente, como em tudo nesta vida, há que procurar um lado positivo em cada situação.
E as bocas, os insultos, a má educação do governante madeirense - desde que não nos sejam dirigidas - sempre dão para rir.

Com um agradecimento especial ao semanário "Sexta", distribuído gratuitamente às sextas-feiras com os jornais "Público" e "A Bola", aqui fica o Top 10 dos insultos do Tio João.


10. Jardinada sobre a oposição madeirense

"É o eleitorado do cachorro"; "são abutres"; "um bando de canalhas", "energúmenos"


9. Jardinada sobre os jornalistas do continente

"Uma cambada de bastardos, para não lhes chamar filhos da puta"


8. Jardinada sobre Edite Estrela

"A delinquente Edite Estrela fez mais uma das suas peixeiradas"


7. Jardinada sobre António Guterres

"É um mafioso"; "aldrabão"; "fariseu e caloteiro"


6. Jardinada sobre Mário Soares

"O inefável Mário Soares é choné"; "dada a provecta idade do cavalheiro, resta denominá-lo de aldrabão reincidente e desprezá-lo"


5. Jardinada sobre Miguel Sousa Tavares

"Defeca baba e ranho no socialista "Público""


4. Jardinada sobre José Saramago

"Não leio essas merdas"


3. Jardinada sobre a TVI:

"Para mim é papel higiénico"

(esta subscrevo)


2. Jardinada sobre José Magalhães:

"É o dos perdigotos e da visível alergia às águas correntes"


1. Jardinada sobre Lisboa e a Assembleia da República

"Estou-me a cagar para Lisboa. Quero que a Assembleia da República se foda"


Como não tenho dinheiro para pagar a advogados, deixo para outra altura mais abastada, a lista de adjectivos entre o boçal e o badalhoco (só para não sair da letra "b) que me suscita o Tio João.
Mas a secção de comentários está aberta à vossa imaginação.

10 março 2008

God Save America

O Eldorado - Edição nº 215

O próximo presidente dos Estados Unidos deverá ser, pela primeira vez, uma mulher.
Ou um mulato bem falante.
Ou um velho veterano do Vietname.
Em resumo, vem aí merda outra vez.

Peço desculpa pela linguagem, mas a palhaçada que são as eleições norte-americanas tira um monge tibetano do sério.

Como se não fosse bastante o facto de serem necessários 10 meses para escolher um mentecapto, há que contar ainda com um sistema eleitoral surrealista, propaganda cheia de frases feitas e dois únicos possíveis vencedores, democratas ou republicanos.

É como se tivéssemos de escolher entre o Tico e o Teco, só que em vez de esquilos aqui a escolha é feita entre burros e elefantes, pobres representantes do mundo animal cujas acções judiciais para processar os políticos norte-americanos por uso nocivo e abusivo de imagem está em curso desde que a Arca de Noé atracou em Manhattan.

O pior é que estas eleições são filmadas e transmitidas para todo o mundo.

No Irão, por exemplo, as famílias reúnem-se na sala para assistir aos noticiários e para escarrar no televisor.
E há mesmo quem de manhã aproveite a gosma da noite anterior para colar no televisor papelinhos com recados...

"Querido, não te esqueças de ir comprar pão."

Ou o célebre recado antes dos putos irem para a escola...

"Raija, a burka está passada a ferro na sala; Mohammed não te esqueças que hoje tens de explodir dentro de um autocarro."

Na Venezuela, tenho conhecimento que o presidente Hugo Chavez baixa as calças e roça as badanas das suas nádegas socialistas na televisão sempre que aparece a boçal fronha de Bush ou a do actual candidato republicano John McCain.
Já se aparece a figura de Hillary Clinton, ele vira-se e roça a parte da frente o que até lhe traz uma sensação de frescura aos tintins e restante genitália.
Uma aparição de Barak Obama ainda não suscita qualquer tipo de esfreganço.


Seja na Venezuela, no Irão, na Suécia, Cambojda, Paraguai ou no Kosovo adorador da grande nação americana, Barak Obama é mesmo a sensação do momento.

De onde vem? Para onde vai? Como é que se esfrega no televisor?

Questões pertinentes em relação a um homem cujo maior trunfo parece ser o de conjugar na perfeição sujeito e predicado no famoso e assertivo "Yes, we can".
Ainda assim um upgrade em relação ao asno Bush que necessita de uma equipa de 10 assessores para conseguir balbuciar a palavra "cocó".

Sendo eu um homem de esquerda, prefiro que, em Novembro, McCain seja vencido por Hillary Clinton ou Barak Obama.
E entre estes dois, começo a preferir o senador do Illinois do que ver outra vez um Clinton na Sala Oval, até porque não gosto de ver o mesmo filme pornográfico duas vezes.

Obama é bem humorado e bem falante.
O seu jeito de fazer política é enérgico, ritmado, musical.
De facto, quando vejo um preto a dar baile a uma loura de rabo grande sinto-me como se estivesse a ver e a ouvir hip-hop na MTV.

07 março 2008

Os Domingos Estão Mais Bonitos

O Eldorado - Edição nº 214

Liga-se a televisão por volta das duas da tarde, na SIC, e o queixo descai, a baba escorre, os olhos reviram-se e o coração bate mais forte.
Chama-se "Fama Show" e substitui o velhinho "Êxtase".
E o pior vai ser esquecer o antigo nome, quando servem sobremesa assim, depois do almoço dominical.




Liliana Campos, Claúdia Borges, Orsi Fehér, Rita Andrade e Vanessa Oliveira.
E no Canal 1, à mesma hora, Marta Leite de Castro.

Feras tão belas como estas, à solta na televisão, só há mais de 30 anos, no "Sandokan"...

04 março 2008

Curso Acelerado de Futebol para Meninas

O Eldorado - Edição nº 213

Mas, afinal de contas, o que raio é um derbi?
Esta é, sistematicamente, uma das perguntas mais repetidas pelas moçoilas que nada sabem de futebol e que desde sexta-feira não ouvem falar de outra coisa.

Imbuído do espírito de serviço público para quem gosta de serviço de chá, "O Eldorado" vem aqui e agora descodificar alguns dos termos mais obscuros do futebol português.
Bem... isto colocado desta forma parece ser um assunto para demorar horas e vossemecês têm mais que fazer.
Vou então ser rápido.

Um derbi é um jogo entre equipas rivais da mesma cidade ou região. Por isso na sexta-feira houve o Derbi do Minho (0-0 entre Sp. Braga e V. Guimarães), no sábado o Derbi da Cidade Invicta (0-0 entre Boavista e F.C. Porto) e no domingo o Derbi de Lisboa (1-1 entre Sporting e Benfica).
Ou seja, um derbi também é um jogo para apostar "x" no Totobola, se é que alguém ainda joga a essa coisa.

O futebol é, de facto, um desporto com uma linguagem muito própria.

Diz-se, por exemplo, que determinada equipa prefere "reforçar o miolo".
A expressão remete para noitadas gay numa padaria perto de si, mas não.
Significa jogar com mais gente no meio-campo.
Não é preciso explicar meio-campo, não?

E "atacar pelos flancos"?
Dirá alguém que se trata de um maroto que adora fazer cócegas à namorada.
Errado. Significa que a equipa ataca pelos extremos, junto à linha lateral.

"Marcação à zona", poderia ser um termo utilizado por um gang interessado em assaltar uma joalheria, mas diz respeito à colocação de jogadores atentos a determinada zona do terreno, susceptível de ser atacada pelo adversário.

"Fazer todo o corredor", poderá ser uma frase que já utilizou na conversa com a sua senhora da limpeza, mas no futebol quer dizer a capacidade que um futebolista tem para atacar e defender, subindo e descendo no terreno.
Dir-me-ão que o terreno não é íngreme, e não é.
Eu é que nesta altura do jogo estou quase a pedir substituição, porque não é nada fácil descodificar o futebolês em poucas linhas.

E ainda faltava falar de tanta coisa!
Como o "4-4-2" , o "4-5-1" ou o "4-3-3".
Velhas tabuadas encontradas nas pirâmides maias? Não! Não! Não!
Como as nossas cabeças já fumegam, é melhor ficar por aqui.

A propósito de cabeças a fumegar...
Se para vocês é complicado perceber o "futebolês", para mim também foi confuso ouvir que determinado cabeleireiro "fazia um bom 'brushing"'.
Por um lado, é facil duvidar da masculinidade de grande parte dos profissionais desse sector, mas há limites!!

Já sou menos céptico com jardineiros capazes de "dar uma boa poda".
Quando via filmes badalhocos apercebia-me que era uma profissão muito dada a saltar a cerca... para o jardim da vizinha.

Em resumo, pedia-lhes o favor que fossem mais tolerantes com o "futebolês" porque expressões enigmáticas há em todas as áreas e em todas as actividades, como o simples facto de comer uma bolacha Maria.

Há quem prefira "mordiscar o rebordo segundo os ponteiros do relógio", outros serão mais dados a "abocanhar vorazmente", outros ainda serão adeptos de "lânguidas lambidelas".
Já eu gosto de afogá-las numa calda de chocolate.
Como é que eu chamo a isso?
"Maria Caldas".