O Eldorado - Edição nº 182
"O teu pai tem um rabo muito bonito, mas tu és muito feia"
Ao que parece, fazendo crer nas informações sempre idóneas (ou idiotas, não sei bem) do jornal "24 Horas", terão sido estas as palavras que um puto de 12 anos disse a uma das filhas de José Mourinho, no final de mais um dia de aulas no Colégio St. Peter's School, em Palmela.
Depois disto, há quem jure a pés juntos que Mourinho puxou os cabelos e as orelhas de quem elogiou o seu rabo, mas depreciou a sua filha.
Mas, afinal, parece que as câmaras do colégio não mostram qualquer agressão, ficando-se, Mourinho, por uma admoestação mais exaltada e o pedido do número de telefone dos pais do puto desbocado.
E o que está em causa neste recambolesco episódio da vida de algém especial, não é tanto o despropósito da boca do mais novo ou da reacção intempestiva do mais velho, logo mais responsável, e ainda por cima figura pública.
Também não estão aqui em causa as fantasias sexuais de um rapazola que não hesita em classificar o rabo daquele senhor grisalho que treinava um clube inglês como sendo "muito bonito".
Está a meio da adolescência e sabe-se como esse é um período de confusão de personalidade, de afirmação de um espaço próprio, de experimentação sexual e de audição de música de má qualidade.
Tudo isso é normal e, aferindo tudo desta forma, eu fui o mais anormal possível.
Por último, não está em causa o que à partida parece ser uma política educacional sem resultados práticos, num colégio que custa às abonadas carteiras dos paizinhos ricos, mais de 500 euros mensais.
O que está aqui em causa é o seguinte:
Que parte da frase Mourinho não gostou de ouvir?
- Será que o ex-treinador do Chelsea sabe que tem um rabo muito bonito, mas não gostou que tivessem caracterizado a filha como sendo muito feia?
Confirmar-se-ia a vaidade e a protecção intransigente dos seus, idiossincrasias que são atribuídas ao setubalense.
- Pelo contrário, confirmará ele que a filha é um tudo nada desfavorecida, mas não admite que classifiquem a estética do seu rabo?
Estaríamos perante uma pouco conhecida faceta de Mourinho, traumatizado com o seu derrière mas defensor da honra das filhas, independentemente da sua beleza física.
- Preferiria ele que o petiz trocasse os períodos da frase, disso resultando toda uma sintaxe diferente, como no caso "o teu pai tem um rabo muito feio, mas tu és muito bonita" ?
Neste caso, Mourinho colocaria o ego de pai babado à frente da sua parte de trás, o que demonstra, no limite, um bom sentido de orientação.
- Escolheria ele, ao invés, a versão Bechamiana "o teu pai é muito bonito, mas tu tens um rabo muito feio" ?
Se assim fosse seria a assumpção de uma forma de vida holística, menosprezando até os fracos atributos dos elementos do seu clã.
- Sobra a opção "o teu pai é muito feio, mas tu tens um rabo muito bonito".
Esta é a opção mais recorrente em Portugal. Tivesse o fedelho dito isto à filha de Mourinho e este imbróglio nunca teria acontecido.
A menos que Mourinho ripostasse, sentido: "Então e o meu rabo não é muito bonito?"
E voltaríamos ao ponto de partida.
8 comentários:
Continuamos numa de eufemismos, hein? Parece-me que o mais provável que um puto tuga de 12 anos diria de qualquer rabo, fosse ele do Mourinho ou da filha, seria "Fónix, ganda c*!". Quais "rabo muito bonito", qual quê! Tens a certeza que o puto não era inglês?
mad:
Eu já não tenho certeza de nada porque a realidade ultrapassa sempre a ficção e por este andar o "Eldorado" tem que fechar as portas...
Beijos.
Ainda há outra hipótese: O teu pai é bonito, mas tu tens cara de cu. Cheira-me (neste contexto, não me soa bem a palavra) que foi qualquer coisa como isto...
Bela análise, completa, alargada, gostei...
Mais que tudo gostei da pequena mas brilhante análise do comportamento adolescente e tenho a dizer-te; visto as coisas daquele ponto também eu me senti comparativamente anormal. Fico contente que contigo as coisas também tenham sido diferentes.
Um beijo
A este respeito, ocorre-me uma história que o meu bisavô contava:
Certo indivíduo tinha a infelicidade de ter cara de cu. De tal forma que o seu melhor amigo, muito gozão, gritava, sempre que o via: "Olá, cara de cu!". Para mor vergonha do visado e gargalhada de quem estivesse a assistir.
Um dia, furioso, o cara de cu avisou o amigo de que lhe racharia a cara caso repetisse a brincadeira. O amigo afastou-se, assustado.
Passado algum tempo, estava o cara de cu numa esplanada, a beber um sumo, quando passa o amigo. Que, instintivamente, grita: "Olá, ca...", calando-se perante as trombas ameaçadoras que o outro lhe dirige. Logo o amigo corrige, sorrindo: "Então, pá, aí ao solzinho, a tomar o clistere!!"
Ana:
O que só prova que somos todos descendentes de Bocage mas, quando enriquecemos, perdemos a capacidade de mandar um peido para o ar e rir de nós próprios.
Beijos.
Susana:
Foi uma adolescência tão fora do normal que se tornou igual à de toda a gente.
(Boa, esta ganza, sem dúvida. Pena não me lembrar a quem comprei isto...)
Beijos.
hucleberry friend:
Uma história "profundamente" hilariante.
Espero que a ASAE tenha fechado essa esplanada, já agora...
Um abraço.
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