17 setembro 2008

O que Fazer Depois de Morrer


Hoje em dia, os chamados "livros de auto-ajuda"cobrem todas as áreas:

"Como Despachar o seu Marido", "Os Segredos do Segredo do Segredo para Além do Segredo", "A Cura Através das Conchinhas de Praia", etc, etc, etc.

Etc.

Et cetera.

Idem.

Ibidem.

Et pluribus unum.

Há dias vi numa livraria o seguinte título:
"O Que Fazer Depois de Morrer"
A sério, este existe mesmo.
Craig Hamilton-Parker é o autor.

O que pode levar à seguinte situação:


Cemitério de Carnide.
Lisboa.


"Olha... engraçado.
Está tudo às escuras aqui e parece que estou dentro de uma caixa...
Bem... vou levantar-me porque tenho mais que fazer."

Forte cabeçada com direito a palavrões Hugo Chavianos.

"Chiça!!
Tu queres ver que eu morri?
Olha que chatice!
Como é que será que ficou o resultado do Sporting ontem?"
Breves momentos de silêncio para pensar na vida que passou depressa demais.

"O que é que eu faço agora?"

Várias batidinhas de percussão e um som estúpido a imitar uma guitarra portuguesa.

"Povo!
Que lavas no riooooooooo!!!!!
E talhas com o teu machado!
As tábuas do meu caixãoooooo."

Outra vez o som ridículo a imitar guitarra portuguesa.

"Pode haver quem te defenda!!!
Quem compre o teu chão sagradoooooo!!!!
Mas a tua vida não!"Pausa para tirar um burrié e colá-lo no tampo do caixão.

Espirro, sem a habitual réplica "santinho".

Valente traque e vontade de abrir uma janela.
Não há.
Paciência.
Cá se fazem, cá se cheiram.

"É verdade!
Onde é que está aquele belo livro do Craig Hamilton-Parker?"

Prospecção no bolso do casaco onde encontra um terço, bilhetinhos escritos por alguém e um rebuçado Dr. Bayard.

"Olha, um rebuçadito.
Ainda bem.
Estava a morrer de fome."Outro espirro.

"Mau!!
Queres ver que estou a chocar uma gripe?"

Mais iniciativas de prospecção.

"Não encontro a merda do livro.
Estou lixado com isto!
O que é que eu faço agora?"

Agora sou só eu que venho aqui escrever que, se não estão a gostar, isto está quase a acabar.
Ah! O nosso herói encontrou o seu telemóvel.

O dele.

O que é que o seu telemóvel estaria a fazer dentro de uma urna no cemitério de Carnide?
Vamos lá a não ser parvos.
"Deixa-me lá ligar para a Maria a ver se ela vem cá trazer a merda do livro."

Vendo computador e impressora usados.
Bom preço.

"Não tenho rede, é o costume!
Isto assim não há condições, para o ano não venho para aqui."

***********
Se gostou deste post-mortem (trocadilho genial, n'est-ce pas?) deve estar mortinho para comentar, não?

6 comentários:

Mad disse...

Com um valente traque sem ventilação e o tipo não morreu de vez?

De morrer a rir, este teu desvario.
Bjs.

João Paulo Cardoso disse...

mad:

Mais vale morrer em graça do que (tentar) ser engraçado, mas vou continuar a insistir.

Beijos.

ana v. disse...

LOL

Há séculos que não ouvia (ou lia) a palavra burrié, das mais fascinantes do dicionário!
Bem hajas, JP, por este momento escatológico em que já quase morri a rir. Quase... porque primeiro tenho de encontrar o livro do teu amigo para saber o que fazer quando isso acontecer mesmo, não vá eu chatear-me como uma perua, ao ponto de ter que ter de me entreter com traques e burriés...

beijos moribundos!

Anónimo disse...

Muito fixe. Ja tinha ouvido o trailer por telefone, mas a versao completa esta demais.

Genial este meu primo. Deve ser de familia. Well done.

nf

João Paulo Cardoso disse...

ana v.:

Este blogue é reconhecidamente um dos melhores do mundo na utilização de termos escatológicos.

É nisto que somos bons.

Beijos.

João Paulo Cardoso disse...

nf:

Este blogue é também inovador na disponibilização telefónica de sinopses dos posts a editar.

Um abraço.