09 setembro 2008

Benemérito de Azevedo

Questionado porque razão os preços da nova Tróia Resort eram tão proibitivos, em plena pompa e circunstância da inauguração, o tio Belmiro teve o desplante de responder da forma mais dissimulada possível.
Qualquer coisa como:
"Os preços são altos ( a começar na travessia de ferry...) porque temos aqui quatro mil trabalhadores e temos que lhes pagar os salários."

Tão bonito!
Acho que vou chorar... deixa-me limpar as lágrimas ao meu vestido de noiva.

O que daqui se pode depreender, é que o tio Belmiro não arrematou toda a península por uma prodigiosa maquia no intuito de realizar ainda mais prodigioso proveito próprio, leia-se dinheiro, guito, pilim, massa, carcanhol.
Não, cruzes credo, isso era do mais puro e desenfreado capitalismo!
Há sim uma preocupação social por detrás disto tudo, salvar os moribundos postos de trabalho da Torralta, criar mais emprego, enfim, tudo muito bonitinho e a fazer inveja aos Centros de Emprego deste país.

E se a Tróia é cada vez mais inacessível ao Zé Parvinho, digo, Povinho, é porque os preços ali praticados têm que dar para pagar os salários dos quatro mil trabalhadores, presumindo-se que não sobre mais nada para a maior empresa privada portuguesa e para o seu altruísta fundador.

Não vamos a banhos, mas olhamos a península ao longe e suspiramos:
Ali, do outro lado do rio, há uns quantos milionários que, enquanto molham o cu, pagam o salário a quatro mil trabalhadores cujos postos de trabalho foram criados pelo tio Belmiro.
Bem haja, bom homem!

P.S.:
Parece que, quando confrontado com a frase "Sr. Belmiro, os ambientalistas não vêem este projecto com bons olhos!", o todo poderoso da Sonae respondeu "Ah, sim? Onde estão aqueles binóculos que distribuí há três anos?"

7 comentários:

ana v. disse...

Gosto de estar algum tempo sem vir ao Eldorado e depois ler-te assim, de fio a pavio. Fazes-me rir.

Sobre Tróia, e agora a sério, não podendo escolher a hipótese de deixar aquilo como estava (mas sem as torres, que foram muito bem deitadas abaixo) então acho que o mal menor será ter aquilo a preços altos. Não por uma questão de qualidade do turismo (o dinheiro hoje em dia está em mãos muito pouco educadas) mas de mera quantidade. Quantos menos gente lá estiver, melhor. É simples.
Sorry, é o que penso. Estive lá em Maio e era ainda um paraíso, mas já dava para adivinhar o inferno que ali se desenhava. Para mim, Tróia acabou de vez. Mas eu sou uma milionária esquisita...

beijos

Patrícia disse...

eu faço ideia é o ordenado mensal de cada um dos 4 mil trabalhadores...

acho que vou trabalhar para troia.

João Paulo Cardoso disse...

ana v. :

Não sei se Tróia vai ter assim tão pouca gente a partir de agora...

Há cada vez mais pessoal com dinheiro na mão para gastar e nem todos os milionários são esquisitos - eu diria selectivos - como tu.

Ainda assim, haveremos de combinar uma espreitadela à Tróia do Azevedo, sem que ninguém nos encontre.
Estava a pensar aparecer ao largo da costa dentro de um golfinho de madeira, o chamado "Golfinho de Tróia"...

"Gosto de estar algum tempo sem vir ao Eldorado e depois ler-te assim, de fio a pavio."

Pois, pois...
Estas mulheres sabem-na toda ;)

Beijos.

João Paulo Cardoso disse...

patrícia:

Pois, porque seguindo a linha de raciocínio do tio Belmiro, os trabalhadores vão ser muito bem pagos!

Mas toda a gente sabe o quanto as empresas do grupo Sonae pagam a funcionários como, por exemplo, caixas de supermercado.
Com a importante ressalva de que os ordenados são pagos rigorosamente no dia combinado.

Beijos.

Mad disse...

Ouvi dizer que aqui precisavam de comentários e cá estou eu, obediente. Sim, que agora já tenho net em casa, coisa que eu não sei o que é há 9 anos!

Quanto a Tróia, aquilo está lindo. E deixem lá aquilo ser caro, que é a única maneira (e não 100% garantida) de não se estragar. Os meus sogrinhos têm lá um "appartement" mesmo de frente pró mar e, por conseguinte, quanto mais cara a coisa for, mais se valoriza o património. LOL!

Já para não falar que estou farta de ambientalistas até à raiz dos cabelos...

Beijos enormes para ti.

João Paulo Cardoso disse...

mad:

Fico feliz por já teres net em casa, embora não te fizesse tão velha.
Espero mais comentários a partir de agora, an?

Compreendo a satisfação de ter os sogros na dourada península de Tróia, embora muito boa gente prefira tê-los numa ilha do sudeste asiático.

A Quercus está aqui às minhas cavalitas a garantir que nada acontecerá à raiz dos teus cabelos porque estes fazem parte de uma zona de reserva natural.

Beijos.

Mad disse...

LOL