20 setembro 2007

Paranóia

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Depois de mais três saltos mortais, cinco flic-flacs e uma espargata de humor motivadas por uma cada vez mais evidente bipolaridade, chego à conclusão que sofro de paranóia.

A conclusão não foi ditada por ninguém de bata branca, nada disso. O problema não está ainda formalmente diagnosticado, mas nem precisa. As evidências são tão claras que, ao pé delas, o Michael Jackson a boiar numa banheira cheia de leite é considerada uma cena negra de film noir.

Para lhes explicar melhor o meu problema, imaginem que são o rabo do José Castelo Branco.

O rabo da bizarra figura do dejecto set, tem variações de humor mais bruscas que o palavreado usado pelo Joe Berardo quando, de manhãzinha, pede numa qualquer fina cafetaria uma meia de leite quentinha servida em copo frio e recebe em troca uma meia de leite frio servida em copo escaldado. E toda a gente sabe que copo escaldado da boçalidade de Berardo tem medo.

E aqui aproveito para alertar para os sentimentos dos copos utilizados nas cafetarias que, sem o mínimo de afecto, em gestos displicentes e apressados são levados à boca de qualquer um.

Médicos, arrumadores de carros, advogados, caixas de supermercado, professores, acompanhantes de luxo, peixeiras do mercado da Ribeira, gente com cáries, tártaro, gengivite, com restos de croquete nos caninos e bigodes de café com leite, marcas de baton, baba, expectoração... altos, baixos, gordos, magros, anões e pernetas, toda a gente coloca os beiços na borda de um copo sem fazer uma festinha na superfície aviltadamente usada e abusada, sem um beijinho suave, ou pior, sem pedir licença.

Este é um assunto que me incomoda, porque, além de bipolar, sou uma pessoa sensível, extremamente bem educada e avessa a conversas que roçem sequer a brejeirice.

Mas estava a falar no rabo do José Castelo Branco...

A referida protuberância do pseudo-marido de lady Grafstein divide-se, presume-se, em dois hemisférios glúteos, absurdamente soft, mas ainda mais declaradamente fashion victim.
A história daria mais um bom mau argumento para uma novela na TVI:

"Não perca a saga de dois gémeos balofos desavindos, não por causa do pito dourado do progenitor, mas sim porque jamais chegam a acordo sobre que roupinha hão-de vestir."

E pedem vossemecês um exemplo e pedem muito bem, até porque o mesmo sai-me barato, é só martelar mais alguns destes quadradinhos com letras e formo já mais algumas frases espatafúrdias, e tudo isto antes que aqueles dois senhores que estão ali à porta com um colete de forças me apanhem.

Exemplo: Se um dos glúteos geminianos (ou de outro signo qualquer, sendo que Virgem parece pouco credível) deseja sair à rua meio violentado por um fio dental da Triumph, o outro prefere um boxerzinho da Calvin Klein, porque lhe apetece viver um dia mais macho.
Se um deles quer assentar a pele em algodão, o outro clama por ganga deslavada.
E por aí a fora.

Mesmo noutras questões mais prosaicas, como decidir qual deles fica esborrachado contra a cadeira da esplanada, enquanto o outro ajuda a pernoca social a elevar-se e a cruzar-se sobre a outra, enquanto os meninos da Caras disparam os flashes, ou qual dos balofos merece mais palmadinhas na próxima noite com o motorista, são discutidas cara à cara, apenas separados por um rego diplomata que, se pudesse, abdicava de tão estranha carreira e, finalmente emancipado, correria mundo entregando-se a trepidantes aventuras.

Espero que, com este exemplo, tenham sinceramente percebido a que estado chegou a paranóia aqui deste vosso amigo.
No entanto, em minha defesa, e presumindo que me seguiram até aqui, quando faltam pouco mais de 10 linhas para o final desta estupenda peça de literatura autista, convidava-os a pensar na seguinte questão:

Este gajo é mais doidivanas que um touro embriagado deixado à solta no parlamento, mas se eu estive a ler tudo o que o doidivanas escreveu, se gastei 5 minutos do meu tempo com ele, se queimei as pestaninhas a ler tanta estupidez, em que estado de paranóia é que eu estou?

Pensem nisso esta noite, quando beberem o vosso leitinho, antes de irem para a caminha.
Mas sejam meiguinhos com o recipiente que levam à boca.
Nada de abocanhar o pobre objecto à parva.

14 comentários:

Anónimo disse...

Estou baralhada... Além disso não consegui evitar ficar enjoada com o copo da "fina" cafetaria...
Vou andando!

Beijos

Insolente disse...

A questão fundamental é de facto qual das bordas sustenta a outra no momento do cruzar de perna. É uma questão pouco abordada nos média e eu gostava de ter uma opinião de uma pessoa ou então da paula bobone. Ora então um grande bem haja (reparaste como eu escrevi o nome da paula bobone com letras minusculas retirando-lhe desta feita a réstia de importância que podeira ter sobrevivido à exclusão anterior de que havia sido vítima??? Eu também achei imensa piada a isso. Ou então sou também eu algo paranóico. Ora então um grande bem haja outra vez

Anónimo disse...

Nao percebi pevas! Mas que esta giro esta.

nf

João Paulo Cardoso disse...

Susana:

Pronto, pronto.
Já passou.

Beijos.

João Paulo Cardoso disse...

insolente:

Efectivamente, em Portugal, perde-se demasiado tempo a discutir questões de somenos importância, como o desemprego, a educação ou a propalada crise na justiça.

E ficam por discutir temas pertinentes como a sexualidade dos bivalves ou o bigode de Luís Filipe Vieira.

Imperdoável.

Um abraço eldoradenho.

João Paulo Cardoso disse...

n.f:

Dizes que não percebeste para não seres acusado de paranóia?
Não enganas quem bem te conhece, meu grande maluco!

Um abraço.

Anónimo disse...

Ai, estou bem melhor... Obrigadinha!

ana v. disse...

Pois eu confesso-me tripolar, já que li até à última linha este delírio de um urso polar com ar de peluxe fofinho mas que mata as focas todas do icebergue. Para a próxima trago a polaróide.

Beijo
Ana

ana v. disse...

Ah, e pede-me o que quiseres menos que me imagine o rabo do castelo branco. Isso é que é superior às minhas forças.

Mad disse...

Ainda a Susana, na sua santa inocência, se enjoa com os copos... mais depressa eu os lambia, mesmo depois de intenso uso sem intervalos para banhos de água a ferver, que ao... belheeeeeeeeeec!!!...

João Paulo Cardoso disse...

Ana Vidal:

Era tão bom que toda gente pudesse polar por aí, entre os icebergues da vida, sempre com ar de peluxe fofinho e um sorriso de foca...

Um punhado de arenques quando nos apetecesse... um mergulho gelado... uma calota a derreter... os russos a reclamarem território...

Helas!!
Mesmo no mundo branco, rapidamente se borra a pintura!!

Beijos.

João Paulo Cardoso disse...

mad:

Vós, manas Vidal são sempre muito gráficas.

Gosto disso.

Mad disse...

Por mim falo, meu caro, mas estamos aqui para o servir.

ana v. disse...

Idem, mestre.