11 fevereiro 2009

O Prédio do Asco


Com muita pena minha não moro em Belém mas no prédio onde ainda vivo tenho a minha dose de velhos do Restelo.
Porque em primeiro lugar eles são mesmo velhos, alguns deles despediram-se pessoalmente de Pedro Álvares Cabral há mais de 500 anos.
E depois porque são avessos à mudança.

Quando escrevo ali acima "avessos à mudança" falo não só porque nenhum deles tem vontade de sair dali para fora, mas porque avanços no bem-estar e na qualidade de vida são para eles uma fonte de transtorno e um acrescento de dores traumáticas a acrescentar às artroses, varizes e bicos de papagaio.

A televisão por cabo chegou ao fim de várias batalhas e com a promessa de que não faltaria pornografia ao velho tarado sexual do 2º esquerdo, o que veio a ser determinante.

As melhorias na canalização ocorreram quando dos canos já saía mais lama do que água.
Juro que cheguei a abrir a torneira da cozinha para ver dali escorrer uma rã e seis girinos que se aninharam com carinho numa alface que estava a lavar para a salada.
Uma família inteira de batráquios que chegou para o almoço.
Se soubesse tinha posto mais carne a descongelar.

Já um mergulho nesse mundo obscuro do perigo e da loucura que representa pôr gás canalizado no 16 3º dto. da Praça da Independência, nem pensar, porque um dia aquilo explode e vai tudo pelos ares, valha-nos Deus, Nossa Senhora, Jesus Cristo, amen.

Tanta preocupação com o gás vem das mesmas pessoas que passam as noites a torpedear a sopa de feijão que sorveram ao jantar, com umas côdeas de pão de Mafra e umas baratas mais suculentas que eles apanharam sabe-se lá onde.

E no que toca a gastar o dinheiro em caixa, as idiossincrasias, minudências, mesquinhices e sobretudo forretices vêm mais depressa à tona que as assinaturas rabiscadas por José Sócrates em tudo o que era projecto, cheques e cuequinhas de fãs.

O telhado deste prédio do asco está a cair mas ninguém ousa pôr a mãozinha na caixa de esmolas e adivinhem vossemecês em que tola vai cair a primeira telha.

Já quanto à pintura da fachada o assunto está resolvido.

Como tintas, pintores e troca-tintas se afiguravam carotes, foi decidido o recurso a formigas africanas munidas de lápis de cor ou em alternativa gastar-se-á algum graveto em cola U-HU para bem engendradas aplicações em papel de lustro.
O Prémio Valmor está no papo.

6 comentários:

Maria Feliz disse...

Não entendo do que te queixas! A sério que não.
O meu prédio esteve um ano em obras, os andaimes estiveram lá tantos meses que a erva cresceu meio metro pelo meio. Entrar no prédio era um misto de estaleiro e selva amazónica. Depois de acabadas (ufa, safa!) continua a discussão entre vizinhos reformados e com muuuuuito tempo livre, para ver se correm ou não com a empresa de gestão de condomínio. E zangaram-se as vizinhas que íam juntas à missa de sábado e a polícia apareceu com uma denúncia de violência doméstica às 2h da tarde...
Deixa lá cair as telhas. Antes isso que esta novela!

Anónimo disse...

Obrigado por publicares a morada.

nf, aka stalker

Patrícia disse...

Eu bem sabia que isto dos sex files era publicidade enganosa. pensava que iria sr mais q a pornografia do 2º esq, que, vai-se a ver, mais não é que um filme onde qualquer beijinho onde se vê a circulação de linguas...
Tretas.

João Paulo Cardoso disse...

Dancing Queen:

E depois admiram-se que haja cada vez mais gente com rendas em atraso!

A razão não é a crise, é a Cris do 1º frente, uma maluca que leva aos três e quatro homens lá para casa!
Porcalhona!

(não és tu, que pela foto pareces muito lavadinha...)

Beijos.

João Paulo Cardoso disse...

nf:

Abato todo e qualquer um que apanhar de binóculos em cima dos choupos.

JPC, aka sniper

João Paulo Cardoso disse...

Patrícia:

Nunca prometi pornografia aqui na freguesia.

Deixo isso com o Valentim Loureiro e a Cicciolina.

Beijos.