17 março 2010

Narina Morta e Oceano


A senhora constipação que se tem deitado comigo, naquele que já é considerado o menos excitante adultério da história, é adepta de perverso fétiche.
Gosta de me foder o nariz.

Tenho andado mais entupido que um tribunal português, respirando entre dentes, algumas noites até abraçado a uma garrafa de oxigénio em bededeiras de ar puro.

Na ressaca, o mesmo de sempre.
À noite, uma narina morta ; de manhã, um oceano de muco.

Parece-me que tinha lido nas revistas cor de rosa, que a relação entre narina morta e oceano era coisa do passado mas, afinal de contas, toda esta gente se deita comigo, tornando a cama pequena e grande o pesadelo.

Metade do meu rosto está atrofiado com aquele mucoso boneco verde da publicidade que, a despeito de dezenas de visionamentos, não deu para fixar o nome do produto.
Um problema de memória ou de má ideia publicitária, não sei bem.

A própria expressão "cara-metade", tem muito que se lhe diga.

Se a minha cara-metade é a mulher por quem continuo seriamente apaixonado, e se metade da minha cara está atrofiada, então não tenho rosto, estou clinicamente morto.
Dr. Teixeira dos Santos, pode esperar sentado pela minha declaração de IRS.

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