26 dezembro 2006

Natal 2006

Postagem nº 16

Tradições de Natal. Cada família tem a sua. Diplomaticamente procurei corresponder e moldar-me a cada uma delas. Às famílias e às tradições.
Mas ainda vivo realidades trocadas. Na noite de consoada os meus pais foram à Missa do Galo, eu fiquei com o cão. Na noite do dia 25 eram sete pessoas à mesa (dentro do que estou habituado já é qualquer coisa...) e grande parte das prendas só foram trocadas nessa altura.
Na tarde do dia 25, cumpri outra das estranhas tradições pinhalnovenses: Ronda pelo jardim e Praça da Independência para mostrar a roupa nova, ver os putos com os brinquedos novos e avaliar quem está a engordar mais depressa com sonhos e filhozes. Desta vez, a ronda foi feita com a namorada, o primo e os tios dela. Ah, e mais o Sr. Joaquim, um duende doente pelo Benfica.
Paragem na casa da melhor cozinheira do país e depois regresso a casa dos pais com uma tartaruguinha debaixo do braço.
O estômago dividiu-se pelo Bacalhau com Natas e o Borrego Assado com Batatas Fritas, mais orgiática parada de doces. Filhozes, Azevias, Bolo de Bolacha, Rabanadas, Serradura Real, Arroz Doce e, pasme-se, Salame de Chocolate e Pastéis de Nata. Às vezes envergonha-me a exuberância destes dias. Se o pensamento resolve, mesmo que por instantes, esgueirar-se pela fresta das janelas trocando o calor do lar pelo frio da noite, guiando-se supersonicamente a outras realidades, bem mais devagar regressa turvo e impotente. Fica escrito: Eu lembro-me.
Mas deste Natal não esqueço ter na mesa a minha princesa, lado a lado com todos os outros que também amo. E um doce cafuné na nuca, feito ainda à mesa, que ultrapassa as mais delirantes fantasias sexuais. Às vezes quase vislumbro o Eldorado, mesmo que por instantes, antes do pensamento voltar a esgueirar-se pela fresta das janelas.
Foi um Natal reconfortante. Não encontro palavra melhor. Só que os dias riscam-se no calendário e o tempo não pára. Foi ainda ontem. Parece que foi 20 anos atrás. Fica a memória dos afectos.

Sem comentários: