07 outubro 2008

O Spray da Fatinha

A senhora que vem aqui à rádio, aos sábados, dar um jeitinho no lixo, já foi assaltada.
Muitos de nós já passámos pelo mesmo, inclusive este vosso palhaço.

A Dona Fátima esteve imigrada na Alemanha e já então se queixava da falta de segurança.
Agora, como sai de casa ainda cedo, alvorada de sábado, e como se tornou moda assaltarem tudo e toda a gente, e acima de tudo porque estamos em Setúbal, a Fatinha anda preparada.

Num movimento pleno de suspense e souplesse, como se em part-time fosse assistente do Luís de Matos, abriu à minha frente a sua mala Sport Billy e retirou de lá de dentro um coelho albino, digo, um... tchan, tchan, tchan, tchan: Spray de Defesa Pessoal!!

Confesso que fiquei entusiasmado com a visão de um gadjet que só conhecia dos filmes.
O material era de origem espanhola - diz-me a Fatinha que em Portugal não é permitida a venda deste aniquilador de malandros - e exibia-se garbosamente em negro com as palavras "Spray de Defensa Personal" em branco.

Duvido que alguém que leve com aquilo nos olhos tenha tempo de ler alguma coisa mas, se tiverem, os profissionais das mãozinhas leves ficarão a saber que o spray contém um tal de, em espanhol, O-Clorobenzal Manolonitrilo...

"Ó velha, não me dispare essa coisa para os olhos que eu sou alérgico ao Clorobenzal Manolonitrilo e fico com os olhos iguais aos da Carolina Salgado!
Mande-me antes esta pedra da calçada à cabeça, vá!"

E isto porque há gente muito masoquista.

Só isso explica o êxtase com que olhei para o pequeno spray nas mãos da Fatinha, reprimindo o desejo avassalador de experimentar levar com o gás pimenta bem no meio da fuça.

Será que faz arder os olhos?
Cairei para trás num esgar de dor?
Direi palavrões em espanhol como o Hugo Chávez?
Não resisto!! Quero experimentar essa porra!!
Dá-me cabo dos olhos, Fatinha!!

Depois tomei os comprimidos contra a esquizofrenia e passou-me.

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