29 outubro 2008

Doping

Quando o talento não chega, o trabalho não dá frutos e a sorte anda longe, o que nos resta?
Cortar os pulsos?
Imigrar para a Austrália?
O Professor Bambo?
Não... o doping.

"O Eldorado" em mais um assomo de serviço público na internet, aconselha a todos os leitores e amigos mais descontentes o último e mais sensato dos recursos:
O enforcamento.

Pronto, o penúltimo recurso e quase o mais sensato dos recursos:
Dopem-se, pá!

Antes que me acusem de incentivar o consumo de estúpidofacientes, ou que desatem a correr para o Casal Ventoso, convém antes do mais dizer... ann... escrever que me refiro a doping motivacional.

Fiquem a saber que ontem, depois de ter posto aqui um vídeo do Robbie Williams para motivar a malta, recebi vários telefonemas de travestis que em noites frias palmilham as ruas do Bairro Alto sem ter uma palavra amiga, o encosto de um ombro ou qualquer outro tipo de encosto nem que seja pelas costas.

Os... as... os... coisos... mostravam-se sensibilizados com o meu gesto e encararam a versão do "My Way" como motivação para trilharem o caminho do sucesso, se possível em velhas carrinhas pão de forma multicolores que, depois de pegarem de empurrão, saíriam daqui rumo a Ibiza.
Ou até à Praia do Meco se o dinheiro não der para a gasosa.

Doping motivacional.

É também o segredo para Barack Obama chamar a si a liderança dos Estados Unidos.
Ênfase no discurso positivo, na confiança, na diferença.

"Votem em mim! Eu sou diferente!
Antes do mais, sou preto!"

"E é verdade", pensam os americanos, "este homem não mente, vamos votar nele".

Há uma enorme multiplicidade de géneros de doping motivacional:

  • Estar apaixonado
  • Ver um filme da Soraia Chaves
  • Beber Guaraná com Red Bull
  • Usar uma fita do Senhor do Bonfim toda esfrangalhada no pulso esquerdo
  • Usar o pulso direito a ver um filme da Soraia Chaves
A história do Senhor do Bonfim tem muito que se diga, mas representa um dos mais importantes tipos de doping motivacional, a religião.

Isso explica os resultados da seleccção nacional com Scolari, a Nossa Senhora do Caravaggio e o pimbolim, em contraste com os resultados obtidos até agora por Carlos Queiroz e por uma pata de coelho meio surrada que ele usa no bolso do casaco.

O futebol é campo fértil para estudos sobre doping motivacional.

A selecção da Argentina tem novo seleccionador, nada mais nada menos do que Diego Maradona.
O upgrade motivacional está garantido, afinal ele foi um dos melhores futebolistas de todos os tempos.

E se não houver jeito para usar os pés, Maradona não deixará de os ensinar a usar as mãos na grande área ou o nariz junto às linhas.

O Benfica motiva-se mais com a Vitória lá no alto do que com as vitórias cá em baixo, as que valem três pontos e garantem que um chefe de família benfiquista não chegue a casa alcoolizado pronto a arrear na mulher.

O Sporting tem a tranquilidade do Paulo Bento e se o FC. Porto parece, de momento, não ter nada, é só porque o seu líder não tem passado pelo Calor da Noite onde ganhava motivação para brilhantes contratações de craques, árbitros e rameiras.

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