08 agosto 2008

O Sequestro de Campolide

Além de eu e você, cidadãos comuns que pagam os impostos e levam o cão à rua, há os outros.
E os outros são aqueles que se destacam.
Pela positiva ou pela negativa.

Não há ninguém que se torne famoso por ser absolutamente banal.

"Epa, lembras-te de sicrano? Aquele gajo que não era nada de especial e toda a gente o conhecia por isso, por ser tão cinzentinho, tão cinzentinho que parecia assim uma espécie de nuvem tóxica?
Morreu ontem!"
"Não me digas! Ainda na terça-feira falei com ele sobre coisas tão corriqueiras e sensaboronas!"

Os que se destacam pela positiva, são os que atingem a elite na sua actividade profissional, desportiva, ou cópula em série, no caso do Zezé Camarinha.
Aparecem sobretudo nas revistas cor de rosa, a recordar glórias passadas ou a mostrar a casa de campo no monte alentejano, fotografados junto com a família e promessas de amor eterno que duram o tempo de um duche frio.

Os que se destacam pela negativa têm os seus quinze minutos de fama nos telejornais, exceptuando no caso do Vale e Azevedo e dos McCann, que aparecem mais vezes que José Sócrates, uma quase proeza olímpica.

Ontem foi dia dos sequestradores de Campolide.
Escolheram o Banco Espírito Santo que tem o neon mais brilhante, fizeram reféns que mantiveram sob sequestro até à hora dos telejornais, vieram à rua variadíssimas vezes, ofereceram-se para serem baleados pela polícia, sendo que um deles até fez questão de morrer e tudo.

Assaltar o banco quando estivesse mais vazio e fugir com o dinheiro?
Nannn.... isso era muito fácil.
Um assalto com pica e com pixels é muito mais giro.

2 comentários:

A. João Soares disse...

Morreu mas teve o seu momento de celebridade!!!
E o primo beneficiou, sem nada arriscar!!!
Abraço
A. João Soares (é link)

João Paulo Cardoso disse...

a. joão soares:

E seu Wellington, nome do torpedeiro britânico mais utilizado na segunda Grande Guerra, se sair vivo do hospital, ainda rentabilizará a experiência contando tudo em livro, como está na moda.

Um abraço.