29 julho 2008

Havaianas

Cabral descobriu o Brasil, banhou-se nas águas tépidas, mirou as bundas das nativas, evangelizou, escravizou, usou e estragou, e sempre exibindo um bigode farfalhudo e hálito a alho e azeitonas.

O Brasil contra-atacou 500 anos depois.
Começou com as novelas.
Vieram a seguir futebolistas, dentistas e prostitutas.
E Havaianas.

Em Abril já os portugueses andam de Havaianas no pé.
Calcorreiam quilómetros com arcos-íris nos pés, como se calçassem smarties de chulé, transformando o país num piroso calçadão cheio de joanetes, mostruosas unhacas cheias de sabugo, sujidade e pilosidade, em vez dos habituais pés rapados brasileiros, porque quem anda de chinelo é, e será sempre, um pé rapado, e nem a marca da moda muda isso.

Porque as Havainas são umas chanatas, não me venham cá com coisas.
Têm aquela particularidade tão interessante de separar o dedo grande dos seus quatro amigos, bastante útil quando se vem do supermercado com o colo cheio de compras e alguém pergunta onde fica uma esquadra de polícia, por exemplo.
Se o inquirido for pessoa capaz de deixar crescer a unhaca do dedo grande, para coçar a parte de trás da outra perna, pode sempre fazer um brilharete , levantando a perna, esticando o pé e apontando com a unhaca:
-A esquadra? É ali.

No fim de semana há para aí umas duzentas mil Havaianas por metro quadrado.
E Crocs também.

Os Crocs são outra coisa linda, não há dúvida.
Parece que foram importados dos Estados Unidos e ninguém me tira da cabeça que foi o próprio George Bush quem os inventou, quando estava a brincar com moldes de plasticina.

Fizeram dois "Aliens vs. Predador" que nem sequer vi, de tão fraquinho me pareceram.
Mas se fizerem um "Crocs vs. Havaianas" vou borrar-me até aos pés.
E quando isso acontecer quero estar bem calçado.

23 julho 2008

Porque Verão sem Eldorado não é Verão

Caros amigos, amigas e animais do bosque:

Depois de alguns meses de devaneios saudosistas, acho que está na hora de voltar ao blogue mais acarinhado da internet.

"O Eldorado" vai voltar com a mesma graça de sempre já no dia 01 de Agosto.

E quando digo com a mesma graça, não é porque o que se escreverá e o que já se escreveu tenha qualquer piada, porque nota-se mais esforço que talento.
Pelo menos é o que diz a minha mãe.
E as mães não mentem, a não ser quando é para disfarçar casos com o padeiro.

Quando escrevo "voltar com a mesma graça", refiro-me à possibilidade de ler tudo o que aqui se escreve sem pagar um tusto.
Convenhamos que, se o que aqui se publica tem a mesma piada que pisar um cagalhão com as Havaianas da moda, seria insensato cobrar entradas para espectáculo tão fraquinho.

Portanto, até 01 de Agosto é contar os dias.
Se aparecer por cá e se tornar indefectível como antes, está por sua conta e risco.

Convenhamos que há coisas piores.
Só um exemplo:
A Manuela Ferreira Leite aparece cada vez mais vezes na televisão.