31 agosto 2007

Cocktails de Verão - Mojito

152


7. Mojito


Origem: A mistura de hortelã com bebidas é muito antiga. O Mojito terá sido criado no mar-alto, por um marinheiro inglês. De resto, a história da origem da bebida era mesmo contada por Ernest Hemingway nos bares cubanos.
Não é a primeira vez que Hemingway aparece citado nestas fichas de cocktails clássicos, o que significa que, se um dia quiser valer tanto na escrita como um pelo do bigode do famoso escritor, tenho que começar a emborcar todos as mistelas alcoólicas que existam neste mundo. Adiante.
Pois parece que o almirante Francis Drake, o primeiro homem branco a chegar a inúmeras ilhas do Pacífico, apaixonado pelos aromas da hortelã, teria sido o primeiro a misturar a palnta com boas doses de rum.
E o bebedolas ainda se desculpava com as propriedades apregoadamente terapêuticas do preparado, nomeadamente em relação aos problemas estomacias e respiratórios tão comuns nas travessias marítimas. Ele há cada um!
Mas a bebida, tal como é servida nos dias de hoje, para quem não cai na banalidade de pedir uma imperial, foi criada no célebre La bodeguita del Medio, em Havana, um dos bares mais famosos em todo o mundo...
É o cocktail ideal para os dias quentes.
Se adivinhar quais são neste Verão... meio bêbedo.


Ingredientes: Uma dose de rum branco
Um pouco de sumo de limão
Uma colher de chá de acúcar
Club Soda
Quatro folhas frescas de hortelã


Modo de Preparação: Diz aqui para utilizar um copo longo, colocar as folhas de hortelã, o acúcar e, com um pilão, pressionar levemente.
Acrescente o rum, o sumo de limão, muito gelo picado e mexa bem.
Complete com Club Soda e decore com um ramo de hortelã.

Atenção: A autoridade para a consciência ética e moral do "Eldorado" adverte que se beber, não deve conduzir, mesmo que seja o espírito do próprio Hemingway. Mais, adverte ainda, que beber para esquecer, pode levar a que... a que... esqueci-me!




30 agosto 2007

Persuasão

151

Hoje, ao princípio da tarde, percebi que estava de volta.
Os olhos perderam brilho. Os lábios retesaram-se ilustrando frustração. E todo o rosto adquiriu uma inexpressividade ao mesmo tempo estudada e genuína.
Então, a senhora do pronto-a-comer descodificou o grito silencioso de injustiça que me corria na alma e o ronco ruidoso do estômago guloso dos esfomeados de ocasião.

Voltou atrás, sabendo que a espreitava pelo canto do olho, enquanto aguardava na fila para a caixa de pagamento, e juntou uma segunda espetada ao prato encomendado.
Espetadas de porco, com batatas fritas e arroz de tomate e pimento.

Intervalo nas experiências gastronómicas que ainda não mandaram a cozinha pelos ares, mas catapultaram a auto-estima nesta área, para bem perto das estrelas.
Não são ainda as estrelas do Guia Michelin, mas também não me parece que vá a tempo de ser Chef de luxo no Gambrinus, no Eleven, na tasca aqui da rua, ou no catalão El Bulli, onde os comensais têm que marcar mesa com meses de antecedência.

Mas já vou cozinhando o básico: Ovos mexidos, bifes com arroz, esparguete ou batatas fritas, arroz de atum, com filetes, etc.
Só que às vezes rendo-me ao facilitismo, à preguiça, à gula, pagos a singelos 3 euros e 30 cêntimos, no pronto-a-comer Mariana, do outro lado da ponte.
Normalmente servem bem, mas hoje aconteceu a história das espetadas.

Fiquei frustrado com uma única e singela espetada, depositada com desdém em cima de um tapete bem mais substancial de arroz e batatas fritas.
E fiz aquele ar triste e desanimado que fazia derreter professoras há muitos anos atrás.
Muitas das minhas notas foram inflacionadas à conta desse ar de menino perdido que, juntamente com uma indómita força de vontade, pareciam levar-me ao colo rumo a um destino de sucessos anunciados em oráculo de confiança.
Algo que se transviou entretanto.

Mas quando vi a senhora do pronto-a-comer voltar atrás, marioneta do meu charme de cachorrinho perdido, persuadida por um dos truques do passado, oferecendo-me, à sucapa, mais um belo naco de carne para que eu saísse dali abanando a cauda alegremente, lati interiormente com satisfação.
Estou de volta.

21 agosto 2007

La Rentrée

150

Então, olá de novo!

Como estão? Como vão de saúdinha, de amores e desamores?

Eu?! Não têm nada a ver com isso e só por aqui se vê que este é um blog diferente, mais interessado em bisbilhotar a vida dos outros do que relatar a própria...



Confesso que ainda estou em período de férias, mesmo que na recta final, mas como já tinha marcado a rentrée do "Eldorado" para este dia, cá estou em computador emprestado pela Rede Pública de Bibliotecas Nacionais, para escrever e doar ao mundo a mais abjecta verborreia sobre coisa nenhuma.

Sobre coisa nenhuma, mas dividida em rubricas.



El Gramado

A primeira novidade da nova época. Um comentário estúpido e sem nexo sobre o mundo do futebol. Como, por exacerbado sado-masoquismo sempre desejei ser processado por agentes futebolísticos, pode ser que seja desta.

Já me estou a ver em tribunal, acossado pelos advogados de Luís Filipe Vieira ou Pinto da Costa, porque do outro tipo alto e espadaúdo que preside aos destinos do Sporting, só tenho a dizer bem. Por enquanto.

Menina não entra? Entra sim, e pode ler, porque prometo não abusar do futebolês, seja lá o que isso for.



Quinta das Anedotas

Espaço já habitual aqui na casa que vai continuar pelo menos até me fartar, o que não há-de faltar muito.
Anedotas seleccionadas que proporcionam entre três a cinco minutos de boa disposição.

Não sei se rir é o melhor remédio, mas pelo menos a bula tem indicações terapêuticas pretensiosas, não é?



Cocktails de Verão

Publicação da origem e modo de preparação de cocktails clássicos.

Uma taberna virtual que é autêntico serviço público, a menos que uma operação stop da brigada de trânsito o apanhe embriagado. Nesse caso, não o conheço de lado nenhum.

O lema aqui da casa poderia ser: Posts amigos para quem quer ser amigo de postes.
Perceberam, sucedâneos do Vasco Santana?


Gira-discos

Uma vez por semana, viagem ao passado da pop, para fazer renascer aqueles hits orelhudos que se cantavam nos anos 80 ou por aí perto.
Tudo isto se puder continuar a surripiar vídeos do Youtube, claro.
Que os administradores Youtubeiros sejam cegos, surdos e mudos.


Johnnie Walker

Outra das novidades da saison.
Depois dos "Postais Caramelos", resolvi deixar o Pinhal Novo e visitar as terrinhas caramelas aqui perto. E depois, o mundo!!!
Sorry, foi um devaneio à Lex Luthor.

Não esperem um guia de viagens.
Vou ser politicamente incorrecto, racista, preconceituoso e absolutamente desagradável para os moradores de cada lugarejo.

O objectivo é ser expulso à pedrada de cada terreola.
Cá está: Sado-masoquismo.
Talves seja melhor procurar um psiquiatra...

****************

E pronto.
Estas são as novidades da rentrée do "Eldorado".

Não esquecendo que vou continuar a escrever sobre mim, sobre o que me acontece, sobre o que me aborrece, ou sobre um ou dois pares de meias que têm de ser cosidas.

É natural que não venha a encontrar posts todos os dias, pelo menos nesta fase reinicial.
Como disse lá em cima, ainda estou de férias.

É também natural, que o que venha a escrever, não tenha a graça de há algum tempo atrás.
Estou ainda enferrujado.
Nada que umas massagens tailandesas não resolvam.

Até breve e, como este é o número 150, aqui fica um link para um site 100% português, cheio de estilo e savoir-faire.
(nota-se claramente o acréscimo do uso de estrangeirismos neste blog...).

Serve para aumentar a auto-estima lusitana.
Aqui vai ele e até à próxima.

08 agosto 2007

Regresso ao Passado - Velha Infância, parte 2

149

Foram quase seis anos e meio de mimos e descobertas, longe, bem longe de qualquer tipo de responsabilidade, a não ser ter de dormir à noite e de comer à hora das refeições.
Até que chegou o primeiro dia de aulas, num qualquer dia do Outubro de 1977.

"Mamãe" levou-me pela mão, para que, logo no primeiro dia, não fosse atropelado pelo trânsito da Estrada Nacional que ainda hoje esquarteja a vila de Pinhal Novo bem a meio.
Na verdade, não havia tanto trânsito como hoje e, sendo a minha terrinha a capital da nação caramela, eram comuns as passagens de carroças puxadas por bestas acicatadas por moscas varejeiras.

E havia a carroça do homem que vendia azeite, a do homem que vendia pão, outra para a venda de leite e, não fosse Portugal, desde sempre, um país de mentalidade pouco audaz, por assim dizer, haveria também carroças com meninas nuas professando as delícias pecaminosas daquela que dizem ser "a mais velha profissão do mundo".
Nudez só mesmo a dos equídeos entregues a uma precariedade laboral jamais defendida pelos sindicatos do sector...
Adiante.

Além de "mamãe", de mão apertada na minha, seguia também a vizinha do rés-de-chão direito, com a sua filhota, que chorava baba, ranho e outras viscosidades não identificadas, abominando a ideia de se separar da asa da progenitora para se lançar num covil de outras como ela.
A miúda de então, assim que entrou celerada na adolescência, espigou desmesuradamente, ao ponto de passar a ser conhecida por "girafa".
Posso vos dizer que o tempo não lhe trouxe qualquer predilecção pelas folhas mais tenrinhas das copas das árvores, mas ela própria já foi comida uma série de vezes, facto comprovado pela descendência que a acompanha na lida de mulher adulta.
Adiante. Outra vez.

Eu não chorava. Pelo contrário invadia-me uma espécie de felicidade sem fundamento, como se tivesse sido criado por uma família hippie habituada a baforar círculos e círculos de marijuana.
Ria.
Ria-me como um perdido por ter-me achado entre iguais. Crianças ávidas de conhecimento, de convívio, e de pancada.

Logo no primeiro dia participei numa espécie de Intifada, com calhaus escolhidos a dedo e alvos bem medidos a olho, porque naquele tempo ainda a miopia não tinha encetado o 'ménage à trois' com as meninas dos meus olhos.
E foi assim que parti a cana do nariz a um rapazito que, salvo arrefecimento da memória, se chamava Hugo.
Era a primeira vez que via sangue fora da televisão e não dava para mudar de canal.

Então dei sebo às canelas até que, cinco minutos depois, já era procurado em todos os cantos pelo Hugo e por um gang infantil às sua ordens.
Mais tarde desfiz-me em desculpas e promessas de dispensar à raiva e gula dos meus pioneiros inimigos, as primeiras 50 merendas dos meus primeiros 50 recreios.

E por falar em números, foi aqui que comecei a elaborar o sempre actualizado ' ranking' das mulheres mais bonitas, no caso, das meninas mais bonitas da turma.
Eram quatro.
Duas louras, uma morena e uma ruiva que reencontrei no ano passado.
Meninas de admirar, de trocar palavras, de brincar inocentemente, porque a fase de beijos e apalpões ainda vinha longe.
De facto, o melhor da marmelada vivia ainda na zona de Oeiras e não posso dizer mais.

E o tempo correu. Voou. Esfumou-se.
Hoje, a decência e o bom senso que mataram o Peter Pan impedem-me de fazer rankings de meninas, de lançar pedras à cara de meninos e até de rir como um perdido.
Mas não faz mal. Cada coisa a seu tempo.

Ficam as memórias de uma doce e velha infância.
E uma lágrima a correr livre pelo rosto sardento.
É capaz de ser o ar condicionado a devorar as lentes de contacto.
Sim, é isso.



NOTA

Com a publicação do díptico "Regresso ao Passado - Velha Infância", "O Eldorado" despede-se de todos os seus amigos, para umas merecidas férias longe dos computadores.

Promete-se para a 'rentrée' um revigorado 'refresh', com novas rubricas e, pretensiosamente, o mesmo humor de sempre. Voltamos a 24 de Agosto com o especial nº 150 e as novidades para a estação Outono/Inverno.

P.S: Leia em baixo o post "Regresso ao Passado - Velha Infância, parte 1".

07 agosto 2007

Regresso ao Passado - Velha Infância, parte 1

148


Para aqueles de vós que são tão agarrados ao computador como um mexilhão é a uma rocha, e que levam o portátil para todo o lado, seja a praia, o campo, a sacristia, ou uma casa de alterne, eis um textozito leve como uma dessas porcarias das árvores, que nos entram pelo nariz e nos fazem fungar tal qual uma top model dessas anorécticas com cabeças de vento.


Pois bem, a ideia era falar neste "Regresso ao Passado" da minha infância, mas parece que isso representa mais do que um regresso ao passado. Seria mais correcto escrever isto a meias com um paleontólogo, porque seria capaz de jurar que ainda cheguei a conhecer dois ou três dinossauros. Ai não, espera... isso eram os vizinhos que moravam no 1º andar.


As memórias de infância diluem-se mais depressa que meia dúzia de moedas numa slot machine e temo que o Alzheimer esteja já a minar-me o corpo. Por onde o bicho do esquecimento entrou, não faço ideia, mas espero que esteja longe do meu melhor hemisfério cerebral que é o do lado esquerdo, correpondente à linguagem.


Lembro-me que era uma criança extraordinariamente calma.
Ou vá lá, estática.
Mortiça, pronto.

Consta que podiam regar-me com gasolina e oferecer-me uma tocha que não acontecia nada.

Passava os dias sentado, a brincar com molas de roupa, não me perguntem porquê. Sei que não se cumpriu a profecia de vir a ser dono de uma lavandaria, embora tenha enorme capacidade para sujar roupa.
Também passava o dia a escrevinhar livros, documentos, paredes e testas de familiares.
E gastava também muito tempo a afagar carinhosamente os meus genitais, mas não quero aprofundar esta questão.


Entre as tropelias que fizeram história, a da "Meia Dúzia" talvez seja a mais clássica.

Conta-se em três tempos.


1. Quiçá a pensar na elaboração de mais um dos seus doces conventuais, "vovó Catarina" comprou farinha, açúcar e meia dúzia de ovos. Como o saco se tornara pesado para a sua espinal medula, colocou o saco com os víveres em cima da mesa e foi à sua vida.
Então, assegurando-me antes ao espelho que não era felino e que por isso a curiosidade não me matava, resolvi espreitar para dentro do tal saco, par ver se havia guloseimas.
E tanto mexi que parti um dos ovos.
Pânico! Drama! Horror!
Deu-se então um choque entre neurónios em contra-mão, que comprovou, pela primeira vez, o grave caso de esquizofrenia que me afecta desde sempre.

2. Como disfarçar um ovo partido? Com cola? Comendo-o mesmo cru? Fingindo ser uma galinha desvairada em busca dos progenitores perdidos?
Nannnnn....
Agarrando em toda a caixa e despejando os cinco ovos inteiros e o outro partido no quintal da senhoria, a D. Olívia, que assistiu em vida ao milagre da chuva de ovos moles, 300 e tal quilómetros a sul de Aveiro.
Desculpando em homem o puto de então, devo dizer que a teoria era a de fazer desaparecer todos os ovos, dando a impressão que não foram, de todo, comprados.
Só que esparramados entre dálias e margaridas e disputados por uma dezena de galináceos espalhafatosos, os ovos (ou o que restavam deles) chamaram mais a tenção que os últimos episódios de "Gabriela" que então paravam o país.

3. Descoberto o fraco embuste, uma assembleia de adultos teve lugar na cozinha da "vovó", encostando a oposição contra a parede. Sendo o único vereador representante da minha bancada, argumentava debilmente, inventando mil e uma mentiras de pernas mais curtas que as das galinhas que se ouviam ainda a cacarejar ruidosamente no piso térreo.
A história termina com o meu pequeno traseiro de então, bem vermelho, depois umas chineladas bem aplicadas.
E nesta altura ainda não existia o psiquiatra bonzinho da SIC para defender a criatividade de uma criança, adepta de ovos voadores...



NOTA

Com a publicação do díptico "Regresso ao Passado - Velha Infância", "O Eldorado" despede-se de todos os seus amigos, para umas merecidas férias longe dos computadores.
Promete-se para a 'rentrée' um revigorado 'refresh', com novas rubricas e, pretensiosamente, o mesmo humor de sempre.
Voltamos a 24 de Agosto com o especial nº 150 e as novidades para a estação Outono/Inverno.

P.S: Leia acima o post "Regresso ao Passado - Velha Infância, parte 2".

06 agosto 2007

Arroz com Atum

147

Aquele bloco de notas quadriculado da série Papyrus, da Ambar, andava aos caídos lá por casa.
Por vezes alguém rabiscava nele qualquer coisa, arrancava-lhe uma folha e deixava-o de novo entregue a si mesmo.
Até que peguei nele - quase 20 anos depois do que deveria ter feito com um da sua espécie -, desenhei-lhe uma frigideira fumegante e escrevi em letras toscas "First Time Cooking".
Tinha começado uma bela aventura.

Aos 36 anos não sei cozinhar.
Não será o mais terrível dos handicaps, mas era uma lacuna que tardava em ser dizimada pelo assombroso acto de coragem que representa vestir um avental, respirar fundo e rezar aos deuses para não enviar a cozinha pelos ares, para bem junto deles.

"First Time Cooking".
Arroz Branco numa página. Ovos Mexidos na página seguinte.
O bloco quadriculado tem só duas páginas, mas já é tão acarinhado por mim como a Bíblia lá de casa. E assim acontece por cinco razões:

- Por vergonha: Bolas, já estava mais que na altura de aprender a cozinhar.

- Por necessidade: Estou há 15 dias sozinho em casa e não posso estar sempre a ir comer fora, ou a trazer comida feita para casa. E preciso alimentar a barrigona.

- Por crescimento pessoal: Se muitos aprendem a cozinhar, porque não aprenderia eu?

- Por curiosidade: Depois de frustradas tentativas há alguns anos, conseguiria fazer alguma coisa comestível?

- Por amor: Motivado pela mulher que amo, tudo parece mais simples.

E foi com todo o carinho, paciência e amor da minha namorada, que numa noite de quarta-feira, seguindo as suas indicações, comecei a escrever "o livro" que jamais publicarei. Por pudor e porque é tão estúpido como um rinoceronte de mini-saia cor de rosa.
"First Time Cooking".

E chegou o dia.
Propunha-me fazer algo que uma criança de cinco anos conseguisse fazer e não me refiro a tirar macacos do nariz e a colá-los debaixo do tampo da mesa.
Arroz branco com atum.
Eu sei que para a maior parte de vós, isto é tão simples como beber um copo de água, mas para mim é algo susceptível de eriçar os pêlos das costas e causar formigueiro na planta dos pés. Por isso benzi a cozinha e chorei agarrado a uma cebola, por não ter meia dúzia de cozinheiros às minhas ordens.

As lágrimas, por causa da cebola que picava enquanto sonhava ser Maria Antonieta, acordaram-me do devaneio pantagruélico. Depois piquei um alho, cobri o fundo de um tacho com azeite, coloquei um pouquinho de sal e pus ao lume.
"Olha, até está parecido com o que tenho visto na televisão..."

As indicações seguintes falavam em deixar azeite, alho e cebola ao lume, até que esta ficasse "translúcida".
Nem branca, nem loura, nem preta.
"Translúcida".
Como medir a "translucidez" de uma cebola? Será necessário o auxílio de críticos de arte?
Perguntar-se-á à própria cebola, enquanto é a vez desta chorar, em crepitante agonia?

" - Ouve lá, peço desculpa de te estar a magoar, eu sei que 'tá a ficar um calorzinho insuportável aí dentro e não sei que mais, mas essa corzinha em ti é assim a modos que translúcida, não é? Vá lá, ajuda-me nisto! Estás translúcida ou não?"

Como quem cala consente, afoguei-a com duas canequinhas de água e coloquei em lume alto.
Lavei o arroz e, quando a água estava a ferver, juntei uma canequinha de arroz agulha.
Baixei o lume, tapei a panela, voltei a benzer a cozinha e esperei os 12, 13 minutos mais longos da minha vida na cozinha.

Estava na hora.
Imaginava o arroz mais preto que o Pelé a rebolar nu numa mina de carvão.
A cebola certamente teria se vingado, comido o fundo da panela, fugido e estaria a preparar uma revolta de frutas e legumes.
Se fosse um desses meninos gays que falam da vida social na tv, talvez até gostasse de ter bananas e courgettes a investirem militarmente sobre mim. Como não sou, tive medo e afastei a ideia de tão inusitado motim.

Levantei a panela. Ao longe soavam rufos de tambores, para alimentar o suspense enquanto eu ainda morria de fome.
"Olha! Continua parecido com aquilo que vejo na televisão!"

Pus metade do arroz num prato, juntei o conteúdo de duas latas de atum, fechei os olhos, abri a boca e provei.
"Olha, sabe bem! Quem diria?!"

Não foi das melhores refeições que comi na vida, mas tirando bifes esturricados com batatas fritas e ovos dizimados, digo, estrelados, aquela tinha sido a minha primeira experiência com os tachos.
E tinha corrido bem.
O arroz estava bom. E para a próxima ainda vai estar melhor.

Quero agradecer à minha musa inspiradora, ao arroz Cigala e às seguintes entidades:
Santa Rita de Cássia, Odin, São Cristóvão, Santa Bárbara, Maria de Lurdes Modesto, Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, Iemanjá e Nossa Senhora de Fátima.

03 agosto 2007

Cocktails de Verão - Daiquiri

146

6. Daiquiri


Origem: Existem duas versões. A primeira conta que a bebida surgiu por volta de 1900 numa mina em Santiago de Cuba, controlada pelos americanos e que se chamava, justamente Daiquiri.
Parece que o engenheiro Jennings S. Cox criou este cocktail e ofereceu-o aos mineiros, com o pretexto de que era um perfeito remédio para combater a febre amarela.
Já não se fazem patrões como antigamente. Estão a imaginar aí o chefinho aparecer com umas imperiais para o pessoal, com o pretexto que é um perfeito remédio para combater a sede? Pois...

Uma outra versão para a origem do Daiquiri, fala que os soldados cubanos que combatiam os colonizadores espanhóis, carregavam na cintura um pequeno vasilhame forrado a couro, contendo uma mistura de rum branco e sumo de limão. Chamaram-na "Elixir da Valentia".
Acho que estava na altura de recorrerem mais vezes ao elixir para expulsar os Irmãos Barbas, mas eles é que sabem...

Depois dos espanhóis, foi a vez dos americanos invadirem a ilha (o pessoal gosta de praia e forró, está visto...), entrando pela Praia de Daiquiri e logo aprovaram a mistura, adicionando, contudo, gelo picado para aliviar o calor escaldante da região. A bebida teria assim sido baptizada com o nome da região.

Facto confirmado é a celebrização do cocktail por Constantino Ribalagua, lendário barman do La Floridita, em Cuba.


Ingredientes: 2 partes de rum branco
1 parte de sumo de limão
1 colher de chá de açúcar
1 pouco de grenadine


Modo de Preparação: Coloque quatro cubos de gelo numa coqueteleira, adicione o rum, o sumo de limão, o açúcar e agite bem. Sirva num copo de cocktail, deitando no preparo um pouco de grenadine. Vai acima, vai abaixo, vai ao centro e emborque lá para dentro.


Atenção: A autoridade para a consciência ética e moral do "Eldorado" adverte que se beber, não deve conduzir, mesmo que se chame Fidel Castro. Ou Raul Castro. Ou Inês de Castro. Ou more em Castro Marim. Ou tenha mandado castrar o gato, sei lá, não me chateiem. Mais, adverte ainda, que beber para esquecer, pode levar a que se esqueça de beber. Por outro lado, se não beber, já não se esquece. Mas como o que queria era mesmo esquecer, vai ter que beber. Mas... lá está... pode levar a que se esqueça de beber e... ora, esqueça!

01 agosto 2007

Quinta das Anedotas 15

145

Especial "Estranhos Desejos"


It´s a Pig Big Love
Um pobre náufrago foi parar a uma ilha deserta, só com um cão e um porco como companhia.
Entre os três lá organizaram a vidinha. Viviam todos na mesma cabana e dividiam habitualmente as tarefas do dia-a-dia (que lindo...).
Mas, ao fim de três meses, o homem começou a ter um comportamento duvidoso com o porco.

Certa noite, voltou-se e pôs-lhe um braço por cima, mas o cão rosnou ameaçadoramente e o homem deixou-se de coisas.
A cena repetiu-se algumas vezes e o cão garantia sempre que a honra do porco se mantinha intacta.

Tempos mais tarde, ocorreu outro naufrágio que levou à ilha uma bela mulher.
A vida de todos organizou-se de modo diferente, mas todos continuavam a viver debaixo do mesmo tecto e a partilhar as tarefas domésticas (que lindo... outra vez).
Só que algum tempo depois, o homem volta a proceder de forma estranha.
Certa noite, recosta-se, boceja, estende um braço por cima da louraça e diz-lhe baixinho ao ouvido:

- Olha... importas-te de ir dar uma volta com o cão?

Tarzan e Jane
Jane, uma loura inglesa de 35 anos, em aventureiras deambulações pela selva, dá de caras com o selvagem Tarzan. Foi atracção à primeira vista. Atiçada pelos promissores prazeres da carne, esqueceu o casamento de 15 anos e foi directa ao assunto:

- Tarzan... como você faz sexo?

- Ah, isso... - respondeu Tarzan com um sorriso malandro. - Uso um buraco numa árvore!

- Mas isso é errado! Vou mostrar-lhe como se faz!

Jane tirou as roupas, deitou-se de pernas abertas e disse-lhe:

- Aqui, Tarzan. Tens que meter aqui.

Tarzan tirou a tanga, exibindo um membro descomunal (momento dedicado às meninas que leem "O Eldorado") aproximou-se da Jane e... acertou-lhe com um violentíssimo pontapé, lá mesmo no sítio.

- O... o... o que... para que foi isso? - conseguiu soluçar a Jane, contorcendo-se e rebolando-se com dores.

- Era só para ver se não tem abelhas...

Baile de Mascarados
Um sujeito de cabelo comprido, meio hippie, senta-se no autocarro ao lado de uma freira lindíssima. Sendo maior a lata e o desejo do que o respeito e a fé, pergunta-lhe se gostaria de ir para a cama com ele.
A religiosa fica escandalizada e desce na paragem seguinte.

O motorista, que ouviu o diálogo, olha para trás e cochicha com o hippie:

- Eu sei como você pode papar essa freira!

O hippie, barbudo e desgrenhado, fica curioso.

- Todas as quartas-feiras à noite ela vai ao cemitério rezar. Como você tem cabelo comprido e barba, só tem que vestir uma túnica branca e cobrir um pouco o rosto. Ela vai pensar que é Jesus Cristo... e então você ordena que ela se divirta!

O barbudo desgrenhado achou uma boa ideia e quarta-feira escondeu-se no cemitério, à espera da freira. Assim que ela chega, ele salta de trás de um túmulo e grita:

- Eu sou Jesus Cristo! Ouvi as suas preces e elas serão atendidas! Mas antes você vai ter que fazer sexo comigo!

A freira concorda, mas pede que seja sexo anal, pois quer manter o voto de castidade.
E assim que termina, o sujeito não se contém.
Tira a túnica do rosto e diz:

- Ah! Ah! Ah! Eu sou o hippie do autocarro!!

E a freira tira o véu...

- Ah! Ah! Ah! E eu sou o motorista!!