29 junho 2007

Cocktails de Verão - Bloody Mary

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2. Bloody Mary


Origem: Foi criado na Paris dos anos 20 por um americano, barman do Harry's New York Bar, que funciona até hoje no nº 5 da Rue Doneau. Peter Petiot era abordado pelos conterrâneos que visitavam França e que queriam levar para os Estados Unidos uma bebida que fintasse a então "Lei Seca".
Patiot criou uma bebida vermelha, feita com vodka, sumo de tomate e limão e alguns temperos. A mistela era fácil de preparar e, ao mesmo tempo, a aparência e o odor mascaravam o teor alcoólico.
O Bloody Mary só ganhou esse nome nos Estados Unidos em 1934, porque antes chamava-se "Bucket of Blood" (Balde de Sangue). O Hotel Sheraton propagandeia nos seus cartões a paternidade da bebida.
O nome americano, segundo versões plausíveis, seria uma referência à Rainha Mary I, da Inglaterra, devido à implacável perseguição aos protestantes puritanos, no período da restauração do catolicismo apostólico romano, no século XVI. Ficou a senhora conhecida por "Bloody Mary", uma espécie de "Maria Sanguinária" em tradução livre.

Ingredientes: 1 dose de vodka, 3 doses de sumo de tomate, um pouco de sumo de limão, sal e pimenta, tabasco e molho inglês.

Preparação: Coloque a vodka e os sumos num copo grande, com quatro pedras de gelo. Mexa bem e tempere a gosto. Sirva num copo baixo, de boca larga, tipo "copo de whiskey", com duas pedras de gelo. Decore a gosto.


Atenção: A autoridade para a consciência ética e moral do "Eldorado" adverte que se beber, não deve conduzir, mesmo que se chame Manuel Vilarinho. Mais, adverte ainda que beber para esquecer pode levar a que se enrosque com a mulher do vizinho. O que não seria mau de todo, não fosse a senhora ter 75 anos e 120 quilos.

Interlúdio Melodramático

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Entre anedotas brejeiras pouco dadas a comentários (país imensamente púdico este...) e cocktails coloridos, espaço para confessionário.

Não bastando o baile de fantasmas que amedronta sazonalmente cada início de Verão, ontem foi dia de pôr os nervos à prova.
Uma surpreendente "rusga" da IGT, com modos de inquisição a fazer relembrar a PIDE que não conheci em vida; uma dor de cabeça que não me abandona há três dias; uma inconclusiva reunião de associação ignorada pelo poder local; uma chamada que poderia ser um balão de oxigénio mas que se esvaziou depressa demais; e para acabar em grande, um carro K.O., bateria morta a inviabilizar inclusive fecho de portas.

Deixei onde estava o carro moribundo e de portas destrancadas e fui para casa.
Sozinho, vento frio a bater no rosto, mochila às costas carregando o peso do mundo.
Não sei o que aconteceu ontem. Sei que a Lua Cheia não trouxe luas novas.

Hoje é outro dia com a mesma Lua?
Não sei. Vou tentar levantar a cabeça.

Pode ser que um Bloody Mary ajude.
Vamos a isso.

28 junho 2007

Quinta das Anedotas 13 - Especial "Um Dia no Intendente"

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Escola C+S. 09h05m

Uma das professoras do Tiago era brasileira.
Um dia, o Tiago chegou às aulas com uma t-shirt que se salientava por ter um grande "T" desenhado. Então, a professora não pôde deixar de comentar:
-Oi Tchiago, qui grandji Têsão!
-Ah, não professora. Isto no bolso é o Bollicao que eu trouxe para o lanche!

Abertura de Loja do Cidadão. 11h13m

O primeiro-ministro estava a fazer um discurso na inauguração da Loja do Cidadão:
-Portugueses, aproximam-se tempos difíceis; é preciso poupar mais e gastar menos...
-Beija-me, beija-me! - grita uma mulher no meio da multidão.
-É preciso aumentar os impostos e trabalhar mais horas...
-Beija-me! Beija-me! - continuava a gritar a mulher.
-Os próximos anos vão ser muito difíceis...
-Oh, beija-me! BEI-JA-ME!!
Um homem, que estava ao lado da mulher, já estava para lá de intrigado com aquilo.
-Desculpe lá... porque é que, de cada vez que o sr. primeiro-ministro fala, a senhora grita "beija-me, beija-me"?
-É que eu gosto que me beijem enquanto me fod**...

Pizzaria. 13h56m

Um homem entra numa pizzaria com duas amigas e pede duas pizzas.
O empregado pergunta, olhando para eles:
-Familiares?
-Não, são putas. Mas estão com fome!

Hospital do Desterro. 19h27m

Um rapaz, de vinte e poucos anos, sem braços nem pernas, estava a comer por um tubo.
Era hora das visitas e a família foi vê-lo.
A certa altura, passa no corredor uma enfermeira boazona e ele grita:
-Ó boa! Faz-me um bro***!!
Os pais do rapaz ficam estupefactos e repreendem-no...
- Filho!! Não digas essas coisas porque Deus castiga-te!!
-Ah é? E faz o quê? Despenteia-me?

Discoteca africana. 01h11m

O "negão" emproado, cheio de orgulho no seu físico de atleta, aproxima-se de uma mulatinha que está sozinha.
-A minina dança?
Ela nem sequer olha para ele e levanta-se.
-Não, vô mijá!
-Vai mijá, mas vorta?
-Não! Vou mijá embora!


Casa particular. 03h56m

Era ali, naquele 5º esquerdo, que Marta atendia os seus clientes.
O homem, que devia ter mais de 50 anos, estava-lhe a fazer sexo oral quando, de repente, levanta a cabeça e protesta:
-Ouça lá! Estes bichos que estão para aqui a saltar... são chatos?
Resposta da prostituta:
-Por 20 euros queria o quê? Gambas, não?

26 junho 2007

Quem me leva os meus fantasmas

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Os fantasmas de que fala a música de Pedro Abrunhosa, são os sem-abrigo do Porto e a vida interrompida por este ou aquele erro, esta ou aquela razão.
Mas a letra de "Quem me leva os meus fantasmas" pode ter múltiplas interpretações. Cola-se a nós pelo menos uma vez na vida.

O cantautor do Porto vive dias de grande inspiração.
Escreve melhor do que nunca. E mesmo a voz, entre o rouco e o desafinado, parece desta vez perfeita para fazer levitar o peso de palavras que nos metralham o cérebro.

Meus senhores e minhas senhoras, "Quem me leva os meus fantasmas".
A canção do ano.

Regresso ao Passado - A elite de jornalistas

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Os acordes e acordeões da música pimba piaram mais fino, os populares voltaram a cabeça curiosos e o convívio pincelou-se de exotismo, quando o alegado ex-segurança pessoal de Xanana Gusmão, chegou ao Parque da Comenda, palco para mais uma celebração de aniversário da Rádio Jornal de Setúbal.

Alto e musculado, cabelos mais negros que o petróleo dos mares de Timor e mais feio que um bode estrábico, a bizarra figura era, e possivelmente ainda será, o namorado da Elsa Lemos, a menina da rádio, naqueles anos do virar de século ...
A Elsa, doida por homens fardados, fossem polícias, bombeiros ou cantoneiros da Câmara de Setúbal, era a única mulher na redacção daquela que foi, durante dois anos, a rádio local com a melhor informação ao sul do Tejo.
Comprovadamente.

Éramos cinco e tal como os das histórias da Enid Blyton, éramos famosos. Não ao nível mediático, susceptível de publicação em revistas cor-de-rosa, mas famosos pelo profissionalismo, eficácia e omnipresença. Onde estava o acontecimento, estava um repórter da Rádio Jornal, por aqueles dias, uma autêntica TSF dos pequeninos.
Além da Elsa, havia o António Martins, o João Moço e eu, o primeiro a ser contratado. Todos liderados por essa grande figura do jornalismo e de Setúbal, que dava pelo nome de Rogério Severino. Falecido há mais de quatro anos, há-de merecer um post só para ele, um dia destes.

Éramos muito bem pagos, em relação a outras rádios locais. Trabalhávamos para merecer o ordenado e fazíamos cada vez mais e melhor. Por isso, éramos cada vez mais conceituados e não havia falta de gente a querer patrocinar programas, rubricas criadas por nós, tudo. A máquina funcionava e é assim que deve ser. Hoje têm medo de arriscar e as rádios definham. Enfim...

Quase todos ganhavam dois ordenados mínimos por mês, exceptuando o João Moço, que dava os primeiros passos no jornalismo e o Rogério - que sem saber dava os últimos - que era pago a peso de ouro. E com os diabos, merecia cada centavo e, mais tarde, cada cêntimo.
O homem parecia uma agência de notícias numa só pessoa. Tinha uma rede de contactos, afinidades, conhecimentos e favores em dívida, como nunca houve e nunca vai haver em Setúbal.

Freitas do Amaral, Durão Barroso, Cavaco Silva, Pedro Santana Lopes, Jorge Sampaio e muitos outros do mesmo nível, foram entrevistados, aqui e ali, pelos intrépidos repórteres da Rádio Jornal.
Chegámos a interromper plenários, simpósios, seminários para garantir entrevistas em directo, telemóveis em punho, adrenalina à solta.
Bons velhos tempos.

25 junho 2007

Princesas Ribeirinhas

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Há mais de 500 anos, Portugal soltou amarras e descobriu o mundo, fazendo-se ao mar.
Hoje, os portugueses amarram-se à terra, redescobrem os rios, fazendo-se amar.

Lisboa, Porto e Setúbal, são as maiores cidades do litoral português, mas bebem a sua identidade dos rios que molham os seus pés, Tejo, Douro e Sado.
Cidades nervosas, que buliciam em terra. O mar está ao largo, os rios só agora de novo elevados à sua condição de sempre, fontes de vida e bem-estar.

Depois, num ritmo abençoadamente mais contido, dezenas de outras cidades mais pequenas, vilas e aldeias de pescadores, deixam correr os dias, fruindo compassadamente tradições agitadas pela urgência do agora e do amanhã.

A muito bela e sedutora Alcochete é a princesa das princesas ribeirinhas, visitada amiúde com a miúda, como aconteceu no sábado.
No domingo, espreitámos Arrentela e Seixal.

Em todas, a de sempre e as de agora, o mesmo doce enlevo feito de tempo deliciosamente mastigado em esplanadas voltadas para o Tejo, observando pescadores de pele tisnada em barcos de cores garridas, em dia de recuperação de redes, de esforço, de ânimo para prosseguir no dia seguinte, uma faina de incertezas, de mágoas e ressentimentos, mas também de fé e fibra inquebráveis.
Garças, flamingos e gaivotas, pontões de madeira, moinhos de maré e maresia dilatando as narinas de quem, habituado à cidade, precisa de momentos assim.

Em Arrentela, se seguir a seta que indica a Igreja de Nosssa Senhora da Conceição, vai encontrar aí um miradouro que oferece uma desconhecida vista sobre um Tejo inesperadamente verde e negro, lismos e lodo, esperança e melancolia, traços que que tecem a impressão digital de um Portugal ad eternum.
Do miradouro avista-se a Ponte 25 de Abril, o Cristo-Rei, Almada e Lisboa na outra margem.
Sem margem para reticências, a memória e as saudades evocam, logo ali, Alcácer do Sal e o Sado, Coimbra e o Mondego, Tavira e o Gilão e, rainha entre princesas, Constância do Ribatejo. Talvez a mais bela vila ribeirinha de Portugal.

Antes que o calor torre a sua imaginação e o empurre em manada para a praia, entregue-se a uma tarde ribeirinha.
Passeie de mão dada ou mesmo sozinho, mordisque um gelado numa esplanada, petisque uns caracóis, beba umas imperiais, inspire e inspire-se.
Tal como um cafezinho, a vida é curta e bebe-se num instante.

22 junho 2007

Cocktails de Verão - Caipirinha

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Parece que, no regresso do "Eldorado", há algumas semanas, depois de um período neuro-melancómico, tinha prometido, entre outros petiscos, receitas para deliciosos cocktails, a serem editas às sextas-feiras.

Pois bem, o Verão começou ontem e cá vai disto. Cocktails no "Eldorado"!!
Isto é que é serviço público! A menos que se embebedem ao ponto de baterem com os cornos numa árvore ou, pior, numa brigada de trânsito. Nesse caso, já não tenho nada a ver com isso.

E hoje servimos... CAIPIRINHA!!
Ladies and gentlemen, the bar is open!!

1. CAIPIRINHA

Origem: pouco se sabe, sobre as circunstâncias ou o local onde nasceu a bebida brasileira que maior sucesso faz no estrangeiro, ao ponto de já estar cotada na International Bartenders Association.
Acredita-se que o cocktail tenha nascido no interior do estado de S. Paulo, como remédio para a gripe. Assim, a bebida seria uma variação de uma mistela muito popular no estado, à base de limão galego, mel e alho.
Adoçar com mel, ou adicionando licor de laranja, como fazem em alguns bares de França, é considerado no Brasil um crime de lesa-pátria.

Ingredientes: 1 limão pequeno de casca fina; 2 colheres de chá de açúcar; uma dose de cachaça (ou aguardente).

Preparação: Retire as pontas do limão e corte em rodelas bem finas. Coloque o limão e o açúcar em um copo pequeno e com um pilão de madeira, macere apenas o centro da fruta, sem forçar a casca. Isso evita a libertação de muito ácido cítrico, contido no sumo da casca, que pode deixar a bebida amarga. Acrescente a cachaça, misture e complete com muito gelo.

Atenção: A autoridade para a consciência ética e moral do "Eldorado" adverte que se beber, não deve conduzir, mesmo que se chame Alberto João Jardim. Mais, adverte ainda que beber para esquecer pode levar a que saia do bar sem pagar. O que não é mau de todo, não fosse facílimo apanhar alguém que corre aos esses.

21 junho 2007

As experiências de Bruno Nogueira

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Depois de ter apagado para sempre, por manifesta incompetência, parte do que escrevi no post nº 116 - "Factor Meme", na sequência de frustradas experiências com o Blogger e o Youtube, venho agora procurar redimir-me com a inclusão de um vídeo caseiro de Bruno Nogueira, também disponível no Youtube.

As minhas experiências no Blogger serviram para que aprendesse a colocar no post, a imagem do vídeo pretendido, em vez de estar insistentemente a pedir que carreguem aqui e ali, ou lá e acolá.

Já a experiência do Bruno, serviu, caso ainda fosse necessário, para provar que ele é um dos maiores humoristas portugueses da actualidade. E não, não falo da altura, falo do tamanho do talento dele.
Para quem gosta dos anúncios do Millenium e da Superbock, aqui vai mais do Bruno, num registo inconfundível, reproduzido com a devida vénia.



Pronto.
Acho que aprendi a mexer nisto.

20 junho 2007

Postais Caramelos 5 - Entre Linhas

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Tire uma folha branca da sua impressora. Trate de a dividir, exactamente a meio, com um risco longitudinal a negro. Pontilhe as duas metades com pontos multicolores. Eis a representação gráfica do Pinhal Novo, ainda que de forma tosca.

O caminho de ferro foi, e ainda é, o principal polo de desenvolvimento caramelo. A vila cresceu a norte e a sul do traçado ferroviário. Muito menor foi o crescimento a montante e jusante.
A linha férrea é, de resto, responsável por uma das mais emblemáticas frases nativas: "Já está crescida, a gaiata. Já passa a linha sozinha."
E aos 10 anos, gaiato crescido, já passava a linha sozinho para ir para o Ciclo Preparatório, os melhores dois anos de sempre, no meu longo (e incompleto) percurso escolar.

Naquele tempo, não havia as três ou quatro pontes rodoviárias que hoje ligam norte e sul. Naquele tempo não havia sequer passagens pedonais. A travessia da linha férrea fazia-se sobre os carris, com o inevitável rol de acidentes, uns mais fatais, outros mais fatelos, como a vez em que tive que deixar um sapato de ténis preso entre linhas, para poder salvar o couro.

Não raras vezes, extensas composições de mercadorias paravam a marcha bem a meio da improvisada passagem de peões, mas o dique de ferro e mercadorias era facilmente transposto pelos mais ousados. Por cima, arriscando o pescoço. Por baixo, arriscando tudo o resto.
Tive a minha conta de cenas dignas de duplos de cinema.

Já no tempo de universidade, e muito antes da Ponte Vasco da Gama colocar Lisboa a 25 minutos de carro, o comboio era o principal agregador de proletários ensonados que se dirigiam maioritariamente para a capital, em mais um dia de trabalho.
Dormitava-se na meia hora de comboio. Dormitava-se na meia hora de barco. Dormitava-se em pé e em andamento, na Rua da Prata, do Ouro, na Rua Augusta.
E dormitava-se ainda na cama, ignorando os despertadores, que isso de despertar ao som do telemóvel era pura ficção científica.

Primeira História
E numa dessas manhãs de frio e preguiça próprias do Inverno, daquele Inverno a sério que já não temos, insisti na ronha descurando os minutos que inexoravelmente se evaporavam e foi já em desespero de causa que corri para a velha estação, fazendo fé nos habituais atrasos da CP.
Apanhei a composição já em marcha considerável. Um braço numa pasta, outro no varão que ajudava quem subia. Ajudar, ajudava, mas em comboios parados.
Em andamento, a deslocação do tchuca-tchuca fez-me rodar 180º e embati violentamente com as costas no comboio. Muito combalido, lá consegui voltar à posição inicial e acabei por abrir a porta e entrar com o comboio em andamento, como se tivesse subido num apeadeiro imaginário, o que deixou espantado o pessoal que se amontoava junto à porta. Disse-lhes "bom dia" e procurei um lugar para me sentar...

Segunda História
Melhor fez uma outra vez o meu amigo N.
Salvo erro, ele também subiu uma vez com o comboio em andamento. Em brando andamento. Não levou a chicotada da deslocação de movimento como eu, mas teve outro tipo de azar. A porta estava fechada e dessa vez o comboio estava quase vazio. Ele bem bateu à porta, mas ninguém lhe atendeu. Era também Inverno, e o pobre N. teve que aguentar uns 5 a 10 kms de viagem, sempre do lado de fora agarrado ao varão.
E lá conseguiu subir, todo enregelado, no apeadeiro do Penteado.
A última vez que alguém passou tanto tempo agarrado ao varão, acabou na cama com o Pinto da Costa...

Terceira História
Mas uma das mais glamourosas histórias de comboios ocorreu nos míticos anos 80.
A Rainha de Inglaterra, herself, estava de visita a Portugal e iria passar pelo Pinhal Novo, onde chegaria num charmoso comboio a vapor, seguindo depois de coche não sei para onde.
Nesses tempos, com muita imaginação e tempo para gastar, ocupava algumas das tardes livres em pinhais, prédios em construção, fábricas desactivadas e terrenos cultivados ou simplesmente... inusitados.

O meu irmão, na altura com uns seis ou sete anos, ia muitas vezes a tiracolo, que é como quem diz, "ia obrigado". Nesse dia de reis e rainhas, a aventura campestre - sempre levada a cabo sem o conhecimento dos meus pais, entregues aos escrupulosos horários de duas multi-nacionais - correu menos bem. O meu irmão, longe do pequeno gigante que hoje é, não primava pela coragem e, instigado a saltar uma pequena vala fedorenta entre verdes campos, melhor não fez do que cair lá dentro.
Quando o retirei - tinha chafurdado lá uma perna - ainda me deu para o descompor pelo salto falhado, mas descomposto e nauseabundo já ele estava.
Ainda assim, segui para a segunda parte daquilo que tinha previsto para a tarde.

E foi assim, entre aplausos, flores, olhares depreciativos e narizes torcidos, que dois mal-cheirosos plebeus espreitaram a Rainha de Inglaterra, na sua primeira e última passagem pelo Pinhal Novo.

19 junho 2007

Vox Emporium 2

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Prémio "Os espelhos lá de casa não prestam"
"Não acho que a minha aparência seja completamente feminina. Sim, tenho os lábios grandes e, obviamente, não tenho barba. Mas veja bem a Penélope Cruz..."
Scarlett Johansson, in "Esquire".

Prémio "Pernilonga"
"Tive vergonha da minha sensualidade na novela, mas agora já estou habituada e até me chamam 'pernilonga'."
Daniela Ruah, in "Caras".

Prémio "Caceteiro do reino"
"Pancada é comigo! Pratiquei râguebi durante 17 anos!"
Carmona Rodrigues, na apresentação da sua candidatura à Câmara Municipal de Lisboa.

Prémio "Eu ando a ver filmes de acção"
"Um aeroporto na Margem Sul tem um defeito: precisa de pontes. Suponham que uma ponte é dinamitada..."
Almeida Santos, à Agência Lusa.

Prémio "Barbárie na Camarinha"
"Manuel Maria Carrilho não tem físico nem bagagem para aquela mulher (Bárbara Guimarães). Os homens dos livros são sempre muito ocupados."
Zezé Camarinha, in "24 Horas".

Prémio "O nome do meu marido é foleiro"
"Não é bem uma prova de amor, é mais uma mariquice minha. Vamos ser honestos: é uma foleirice."
Paula Neves, que vai tatuar o nome do marido, in "24 Horas".

Prémio "Eu é que mereço um Grammy"
"O Elton John é um piroso medonho com uns cabelinhos loiros. É um fatela."
José Cid, in "VIP".

Prémio "IP-3"
"Tenho mais curvas que outras colegas."
Raquel Loureiro, in "Nova Gente".

Prémio "Não será um traque?"
"Nos primeiros três minutos, sinto que o traseiro me vai cair. Depois, dá-se um clique e começo a divertir-me."
Júlia Pinheiro, in "24 Horas".

Prémio "O soro da verdade"
"Quero deixar-vos uma palavra de confiança. Confiança em vós, nas vossas famílias e a certeza de que cada um de vós dará o seu melhor para um país mais justo, para um país mais pobre...perdão, para um país mais solidário, mais próspero, evoluído."
José Sócrates, in "Portugal Diário".

Factor Meme

116

Não costumo ligar a este tipo de desafios, mas desta vez lá aceitei.
"O rapaz do Algarve" propõe-me postar aqui um "meme". Um quê??
Um "meme".

Passo a explicar, recorrendo ao copy/paste feito descaradamente em cima do blog dele:

" Um “meme” é um ” gene cultural” que envolve algum conhecimento que passas a outros contemporâneos ou a teus descendentes. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida enquanto unidade autónoma.”

Ele deixou uma frase, eu vou deixar um provérbio indiano dedicado a todas as mulheres (
sempre ressalvando que a melhor mulher de todas é a minha). Por isso eu escolhi para título deste post "Factor Meme", um trocadilho falhado, eu sei...

Provérbio indiano:
"Com um cabelo de mulher pode-se amarrar um elefante"


18 junho 2007

18


115

Não, não se trata de mais um texto a apelar à brejeirice, daqueles capazes de fazer eriçar os cabelos de certas carecas moralistas.
Não venho falar de menores ou maiores de 18, dos filmes com bolinhas ou daquilo que passa a ser permitido na chamada idade adulta.
Estou aqui para falar do 18, o número.

Aqueles que me conhecem bem, sabem da minha crescente paixão pela numerologia, ou pelo menos já me ouviram falar de como gosto do 10 e do 14, curiosamente, ou não, associados às datas de aniversário da minha namorada e do meu melhor amigo.
Já agora, acrescento mais quatro números do meu agrado: 6, 9, 27 e 28.

A partir daqui, já têm uma chave para o Euromilhões, mas se por algum milagre conquistarem o direito aos milhões com estes seis números (6, 9, 10, 14, 27 e 28), o mais certo é terem que dividir o pilim com mim, digo, comigo, porque eu não vou abdicar desta doce meia dúzia.

Então e o 18?
Para falar a verdade, nunca liguei a este número em especial. Está longe do top dos números que mais têm-me beneficiado ao longo destes 36 anos (curiosamente são duas vezes 18).

Mas hoje, se tudo correr bem, completa-se um ano inteiro em que nada de mal me acontece a dias 18. Mais estranho ainda: Neste ano, todos os dias 18 foram muito bons. Não foram só razoáveis, positivos ou bons. Foram muito bons. Por esta ou aquela razão.

Será este doce encantamento a 18 parte do caminho para o Eldorado? Deverei pintar um 18 na testa ou andar com 18 búzios no bolso? É que, também já repararam, não sou imune (longe disso!!) a superstições e gostava de desvendar parte deste mistério...

Pois é, pessoal. Eu sou muito mais estranho do que imaginavam.
Eu sei exactamente quais os números que me são mais favoráveis e nunca ganhei nada com isso.
Eu faço estatísticas comigo próprio, o que me coloca numa categoria próxima da esquizofrenia.
Mas prefiro que me chamem "excêntrico".

A minha maior excentricidade é querer ser feliz.
Sozinho?
Não. A dois.
Parece-me outro bom número.

14 junho 2007

Quintas das Anedotas 12

114

Uma tarde no golfe

Duas mulheres resolveram ir jogar golfe numa bela manhã de sábado.
Como o que faltava em talento sobrava em inexperiência, uma delas errou a tacada e acertou violentamente num jogador que estava próximo.
Assim que o homem foi atingido, juntou de imediato as mãos entre as pernas e gemeu de dor.

A desastrada senhora que o atingiu correu para junto dele, pediu-lhe desculpa e ofereceu-se para o ajudar, explicando que era fisioterapeuta.

- Por favor, deixe-me ajudá-lo! Sou fisioterapeuta e sei como aliviar a sua dor!
- Uhmmm... oh, não.... não é preciso... já vai passar... é só uma questão de minutos... - disse o homem, quase sem poder respirar, continuando em posição fetal, com as mãos entre as pernas.

Mas a senhora tanto insistiu que o homem deixou que ela o ajudasse.
Delicadamente, ela afastou as mãos do desafortunado senhor, deitou-o de lado e abriu-lhe o fecho das calças. Despiu-lhe os boxers, tirou-lhe o "Zezinho" para fora e iniciou uma bela massagem...
Após alguns minutos, ela finalmente pergunta:

- E agora, sente-se melhor?
- Melhor? Sinto-me fantástico! O pior é o meu dedo indicador que continua a doer-me imenso...

O melhor vendedor do mundo

Um gerente de uma loja explicava a um novo empregado como se vendiam mais artigos do que aqueles que os clientes precisavam, e eis que entra um cliente.

- Queres ver como é? - diz o gerente.
Bom dia, posso ajudá-lo?
- Eu queria sementes para relva.
- Sim senhor. Aqui está. E já agora, leva um cortador de relva para quando ela crescer.

Tal não foi o espanto do empregado quando o cliente aceitou e levou o cortador de relva.

- 'Tás a ver? Vem aí outro, vai lá tu agora.

E lá foi ele.

- Bom dia, posso ajudá-lo?
- Eu queria uma caixa de Tampax.
- Aqui está. E já agora, leva um cortador de relva.
- Um cortador de relva???
- Claro! Já que tem o fim-de-semana estragado, aproveita para cortar a relva!

No tempo das fadas

Sala de aulas de uma escola básica (das que não foram fechadas).
A professora (das que foram colocadas) pede a todos na turma (das que não batem nos professores) para que inventem uma história (daquelas bonitas).
E chega a vez do Carlinhos, que começa assim:

- Era uma vez uma prinsusa...

- "Uma princesa" - corrigiu a professora.

- Não!! - disse o Carlinhos - Nesta história é mesmo "prinsusa"!

E lá recomeça ele.

- Era uma vez uma prinsusa, que vivia suzinha na turre do seu castalho e estava muito traste por estar suzinha. Resolve então enviar um bilhuto a prinsusu, que também vivia suzinho noutro castalho. Depois de enviar muitos bilhutos, um dia o prinsusu agarrou no seu cavelo e cavinhou, cavinhou, cavinhou pela florusta, até chegar ao castalho da prinsusa.
Quando chegou à purta do castalho, deu-lhe um pintapu e a purta caíu.
Subiu a correr até à turre da prinsusa, rebentou com a purta do quarto da prinsusa, olhou para ela, ela olhou para ele, e ele vai e dá-lhe três fadas!

13 junho 2007

Floribellos

113

Fernanda e Catarina mereceram há meia dúzia de anos o epíteto de "Namoradinhas de Portugal" por serem belas, charmosas e... solteiras.
Até que casaram. Cada uma com o seu sapo encantado.

Para os românticos e solitários machos latinos, pior que a notícia do enlace, propagandeada aos quatro ventos pelas revistas cor-de-rosa, foi mesmo terem tido conhecimento que as princesas da tv tinham casado cada qual com o seu sapo encantado.

De facto, e este é um ponto de vista dos românticos e solitários machos latinos, os sapos João e Pedro Miguel, nada têm a ver com galãs da ordem dos Clooneys, Pitts e afins.
São gajos como os outros.
Pior, são gajos desgrenhados.

Mas havia algo a lamentar para além dos casamentos das divas com sapos encantados desgrenhados.
Princesas e sapos procriaram.

Pouco tempo passou, mas para mal dos pecados dos românticos e solitários machos latinos, o sapo João voltou a encenar uma peça na Catarina e o batráquio Pedro Miguel inaugurou mais um "Amo-te" na Fernanda.
Catarina-2 Fernanda-2.
Siga para prolongamento.

E afinal são sapos, perdão, gajos comuns. E desgrenhados.
E os homens já não se querem feios e a cheirar a cavalo.
Desde que não se chegue num piscar de eyeliner ao outro extremo.

O canal 1 da RTP transmite esta noite uma reportagem com o elucidativo título "Os Homens Querem-se Belos?"
Na peça, com duração de 15 minutos aproximadamente, poderemos ver homens a fazer depilação, máscaras faciais, massagens e até maquilhagem, como um pouquinho de sombra nos olhos, que fica a matar num marmanjo de um metro e 85cm.
Convenhamos que homens a usar lápis e batons é passar das marcas.

E tudo começou, uma vez mais, com mensagens subliminares veiculadas pelos media, que as senhoras foram interiorizando. Homens com pêlos passaram de moda. Rabioches machos passaram a objecto de admiração e desejo. E muito mais.

Hoje, se perguntarem a uma dessas adolescentes que delira com os "Morangos", que tipo de homem prefere, ela responderá mais ou menos isto:

"Moreno, cabelo mais ou menos comprido, extremamente atraente, olhos verdes, lábios carnudos, pouca ou nenhuma barba, ombros largos, mãos grandes e bem tratadas, peito musculado e sem pêlos que dê para agarrar e mordiscar os mamilos, bem dotado de pénis,rabinho rijo e bem torneado, pernas esculturais e sem pêlos."

Isto para mim não é gostar de homens. É gostar de travestis.
Voltem, sapos!
Estão perdoados!



12 junho 2007

Regresso ao Passado - Boca Doce

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Todos nós abocanhámos o mesmo tipo de biberão no princípio de tudo.
Alguns de nós ainda têm a sorte de reviver esse genesis mamário, agora numa vertente claramente mais lúdica.
Algumas de vós também.
Suas malucas.

Mas a partir daqui, cada um de nós comeu coisas diferentes e...
Bolas! Ainda agora só pus os talheres e isto já está a descambar!!

Enfim, o que eu queria fazer neste post de "Regresso ao Passado" era abrir o apetite para sabores de outrora, ou aventuras gastronómicas do tempo da outra senhora. Por exemplo, a senhora minha avó Catarina
A minha avó Catarina tinha, e ainda tem a título póstumo, o estandarte para "A Melhor Cozinheira da Família", embora a minha futura sogra prepare-se para conquistar o tal estandarte, quando se tornar membro efectivo da minha família. Ou eu da dela.

Mas a minha avó tinha aquele toque... ann... conventual, por assim dizer.
Recordo com saudade dos belos nacos de carne assada, adormecidos indefesos em dunas de puré de batata, polvilhado com noz moscada. Nham, nham!
Ou o seu leitoso arroz doce, orgasmicamente generoso em canela.... Nham, outra vez.

Nos últimos tempos de vida, minada pela doença que a fez colocar pela última vez os talheres do lado direito, a mão fugiu-lhe um pouco porque a cabeça fugiu-lhe ainda mais.
O meu avô, mais letal que a pimenta em matéria de críticas, para mais acicatado por um tempero de malagueta comunista que nunca o abandonou, foi implacável no arrazoado com que avaliou um célebre arroz doce de um dos natais da década de 80.

Estava durinho o arrozito. E para exemplificar que aquilo estava mais para o cru do que para o cozido, o meu avô Henrique, que também já cumprimenta Lenine no Além, retirou um ou dois bagos da boca, olhou exaltado para a minha avó, e arremessou com violência os bagozitos de arroz contra o tampo da mesa, ao mesmo tempo que gritava:

- Olha-me para esta merda!! Até salta!!

E sim, ricochetearam como balas no tampo da mesa e acertaram-nos perto dos olhos e ainda bem que foi só assim, para que eu posso estar agora aqui a escrever isto.


Houve também aquela bela tarde de calor que, atiçado pela sede e pela gulodice, flirtei com um copo de sumo amarelinho, que piscava-me o olho no lava-louças. Mas havia algo de estranho naquele quadro. Os sumos amarelinhos, ou de qualquer outra cor, não costumavam ficar ali.
Hummm... o pequeno JP depressa desconfiou e mais depressa ainda indagou a sua avozinha...

- Ó avó, porque tens umas orelhas tão grandes?
Ai, desculpem. Isto é de outra estória.

- Ó avó! Isto que está aqui num copo, no balcão, é sumo ou outra porcaria qualquer que vai servir para fazer uma linda piada, baseada em factos reais, para pôr na internet?
- É sumo e a internet ainda não foi inventada.
- Ah, 'tá bem...

Meia hora depois, no posto de saúde:

- Então, este menino bebeu um copo inteiro de Sonasol, não foi? Isso deve estar a arder muito, não está? Olha, como é que te chamas?
- Jfgkjsxwkmmm....


Tenho saudades da minha avó.

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08 junho 2007

Postais Caramelos 4 - As Festas Populares

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Cantava Buarque "Estava à toa na vida, o meu amor me chamou, para ver a banda passar, tocando coisas de amor"...

Eu e ela, não fomos propriamente para ver a banda, mas foi noite de Cortejo Etnográfico nas Festas Populares de Pinhal Novo e esse veemente pulsar caramelo tinha mesmo que ser sentido in loco.
Carros alegóricos, puxados por tractores, iluminados a preceito, desfilaram exibindo reproduções da velha estação da CP, da Igreja, do chafariz, entre outras, embaladas num misto de bocejos e euforia.
Moda caramela também em destaque, já a merecer um certame em nome próprio. Tambores e gaitas de foles. E cães assustados com o rabinho entre as pernas.
Genuíno orgulho de ser caramelo este, desta mescla de gente vinda do norte e do Alentejo, que assentou arraias em Pinhal Novo, entre o Tejo e o Sado.

Em tudo o mais as Festas Populares deste ano estão mais fraquinhas. A começar pela pimboseira do cartaz, anunciando Ágata, Vitorino e Toy. Os dois primeiros não encheram a Praça da Independência, longe disso. O último canta, ou melhor, grita no Domingo, último dia da edição deste ano e possivelmente o último dia de sempre. É que as sequelas causadas pelos gritos do Toy são semelhantes aos estragos causados pelas bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki.
De qualquer forma, a construção de um mega-bunker debaixo do campo de relva artificial do Pinhalnovense está na fase final e por isso não tenho assim tanto medo do berrador setubalense...

E se os espectáculos são mais fraquinhos que em edições anteriores, a oferta de comes e bebes nunca foi tão abundante. Não só porque é importante distrair a caramelagem com alguma coisa, como se afigura de bom tom disponibilizar cerveja ao desbarato, para combater os perigos de insolação do deserto sulista, mesmo que à noite.

E assim, um pouco por todo o lado, vendiam-se farturas, churros, bifanas, charros e drunfos, febras, cachorros, caracóis, imperiais, vinho carrascão, doçaria regional e a espectacular Sopa Caramela, que deveria ser servida nas escolas básicas em substituição de sumos ou leitinhos de chocolate.
A sopinha tem repolho, feijão, carninha e um 'je ne sais quoi' que revitaliza corpo e mente bem mais depressa do que 10 latas de Red Bull. Mas é bom que os ingredientes estejam fresquinhos porque em vez de gritar "Sopa caramela dá-te aaaasas!!!", poderá lamentar um "Sopa caramela dá... ASAE"...

Depois existem dois guetos tribais já com alguma tradição: o espaço dos motards e o Pátio Caramelo. Num e noutro local, a cerveja jorra em maior quantidade que a água que corre no Nilo, com milhões de decibéis em alta potência a fazer a vez de crocodilos.
De resto, a poluição sonora no Pátio Caramelo é tão intensa que a Sonotone está a pensar patrocinar o espaço em exclusivo, no próximo ano.

E há ainda as noites de fados, de largadas e de marchas populares. Os stands comerciais e outros representativos de instituições e associações da maior importância como o Núcleo de Árbitros de Pinhal Novo. Oh, o que seria daquela vila sem o seu prestigiado núcleo de árbitros responsáveis por iniciativas inesquecíveis como... como... o de terem direito a uma barraquinha nas festas...

E claro, os carrinhos de choque, o carrocel Royal e todos os outros, a barraca dos matraquilhos e jogos electrónicos ou os divertimentos mais radicais como os saltos de elástico, o escorrega-gigante ou o "estaciona onde puderes".

Se sobreviventes houver depois do atentado toyrrorista, tudo vai terminar com um monumental fogo de artifício, espécie de assinatura divina em technicolor, como que garantindo que na segunda-feira tudo voltará à normalidade.
Espero que sim.
Não só por causa do barulho e da confusão.
É que não gosto de estacionar em cima de postes de electricidade.

06 junho 2007

Estrelas das letras

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Neste último fim-de-semana fui à Feira do Livro.
Um dia de calor passado entre as barraquinhas das editoras, leitores compulsivos ou de ocasião, amigos do alheio, amigos alheados, simples curiosos e um desfile de estrelas das letras, dignas de uma colecção de luxo de um qualquer grémio literário.

Na minha caderneta de cromos escritores, colei visualmente a imagem de Maria Filomena Mónica, Maria de Lourdes Modesto, Ana Maria Magalhães, Isabel Alçada e olhem agora estes: José Luís Peixoto, José Saramago, António Lobo Antunes, Pepetela, José Eduardo Agualusa, José Rodrigues dos Santos...
Acho que este Sábado, 02 de Junho, foi o dia mais forte da Feira do Livro deste ano. Quiçá de sempre.

Um mar de gente, onde ainda deu para avistar a Helena Laureano e a filhota, a Helena Roseta e os jornalistas e o Daniel Nascimento e as suas mariquices, formava fila indiana para autógrafos, para ir à casa-de-banho, para comprar um gelado ou até para poderem atar o cordão do sapato à sombra.
Como é que se ata algo a uma sombra? Talvez J.M. Barrie, criador de Peter Pan, soubesse responder a esta questão para um milhão de euros, mas como ele já morreu, não compareceu a esta 77ª edição da Feira do Livro. Acho a justificação razoável.

Quatro-fileiras-quatro de pavilhões de editoras. Quatro-viagens-quatro de sobe-e-desce no Parque Eduardo VII. Pés cansados, pernas doridas e reputação manchada.
É já a segunda vez este ano que escrevo sobre actividades no parque mal afamado.
Sendo a pedofilia e a prostituição algumas das famigeradas atracções do Parque Eduardo VII, parece-me que optar por uma visita à Estufa Fria antes, e uma Feira literária agora, é desprezar todo um esforço turístico de quem dá o corpo por aquela causa. Literalmente.

Entretanto, o caldinho de caprichos que fazem parte da minha personalidade, começou a ferver: Eu queria comprar um livro! Eu tinha que comprar um livro! Mas tinha que obedecer a três condições: Ser uma pechincha; ser volumoso; ser um romance de aventuras.
E foi assim que comprei "Ouro Inca", de Clive Cussler.
Para um Verão bem alienado, como se pretende na 'silly season'.

Acho que o Lobo Antunes e o Saramago compreenderão porque os deixo para ler no Inverno.
Para mais, se nem sequer conseguir chegar a meio, sempre farão uma boa fogueira até ao fim.

04 junho 2007

Back to Eldorado 3 - Regras para Comentários

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Antes do mais, convém referir que antes deste post, escrevi outros dois.
Por isso deixe este para mais tarde, e comece pelo nº107, "Back to Eldorado", depois o 108 e finalmente este.


Tipo de comentários que serão recebidos com agrado:


"O seu blog mudou a minha vida. Eu era uma pessoa só, toxicodependente e sem amor à vida, mas deixei a droga, sou director de um banco, casei e tenho dois filhos. Tudo desde que começou a escrever o 'Eldorado' em Dezembro"
Gustavo Teixeira, 49 anos.

"De facto, a sua imaginação é prodigiosa. Ao pé de si, o Gabriel Garcia Marquez é uma coisinha sem sal" Maria do Carmo, 32 anos.

"Eu acho o João Paulo extremamente sexy"
Sónia, 25 anos.


Tipo de Comentários tolerados apenas porque sou extremamente educado:


"Gostei muito deste post. Concordo com tudo, ao contrário do que escreveu a Lollipop"
Vixen, 28 anos.

"Nem todos podem ter a sua opinião, ó sua parva!"
Lollipop, 27 anos.

"Parva és tu!"
Vixen, 28 anos.

"Não, és tu!"
Lollipop, 27 anos.

"Epa, CALEM-SE!!"
João Paulo Cardoso

Tipo de Comentários completamente despropositados, que até poderão ser publicados por estar alucinado ou a dormir:

"Kurto bué o 'Eldoradu'. Ax anedotax eh k xão mto velhax, lol! Fat props p/ u pexoal do 'Xico Martelo'. Xico rules!! Eh só bombar!! Lol" Ruca, 16 anos.

"Vende-se moto Kawasaki KLE 500. Ano 2002. Está como nova. Contactar o 965344354"
Miguel Araújo, 41 anos.

"O meu namorado apalpou-me o rabo, estarei grávida?"
Regina Quendera, 21 anos.


E por hoje é só.
Até breve, ainda esta semana.

Back to Eldorado 2 - Relação de Conteúdos

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Como não há fome que não dê em fartura (provérbio sem nexo na África Austral), eis o 2º post do dia...

É só para vos dizer que o "Eldorado" vai voltar às rubricas fixas, em especial às terças e quintas.
Porquê às terças e quintas? Porque sim.
E então, já que no princípio dos tempos escrevia que isto era uma casa de petiscos, eis o menu aqui da tasca para os próximos tempos... Começa a 12 de Junho.

Terças sim, terças não:

Regresso ao Passado - Nostalgista inveterado, e já com uma idade a pedir meças a algumas tartarugas, lembrei-me de deixar escorrer por aqui as saudades de tempos bem passados, músicas que marcaram, cinema e séries de televisão inesquecíveis, e tudo o que puder retirar do baú. Se puder acrescentarei um link para modernizar a coisa.

Terças não, terças sim:

Vox Emporium - As melhores gaffes, dislates, bocas, farpas e impropérios lançados goela fora por gente famosa, que devia pensar mais antes de abrir a bocarra. De 15 em 15 dias, serão atribuídos 10 prémios especiais aos mais desbocados.

Quintas sim, quintas não:

Postais Caramelos - Crónicas descomplexadas inspiradas em deambulações pedestres pela capital caramela, o Pinhal Novo. Tudo começou por uma banal ida à varanda lá de casa. Da última vez, já fui até ao Jardim, imaginem só! Da próxima vez, provavelmente, já terei de levar farnel! Sou um trota-mundos é o que é...
Ah! E não se esqueçam: 11ª edição das Festas Populares de Pinhal Novo, de 05 a 10 de Junho!
Apareça e prove a sensacional Sopa Caramela, servida para lá da meia-noite nas muitas tasquinhas do certame.

Quintas não, quintas sim:

Quintas das Anedotas - Diz que é uma espécie de clássico. São anedotas criteriosamente seleccionadas de um espólio empoeirado que, depois de retiradas as teias de aranha, são servidas aqui como novas. Se não gostar de anedotas, apesar de toda a gente dizer que rir é o melhor remédio, veja se prefere as pomadas seguintes...

Sextas:

Cocktail - Daqui até finais de Setembro, como o calor aperta e a sede desperta, tive a bestial ideia de deixar aqui algumas receitas de cocktails capazes de contribuir para a loucura que é conduzir nas nossas estradas. "Uma bebida por semana, um gajo estampado em cada árvore" vai ser o lema aqui da casa.

Sempre que me apetecer:

Desabafos depressivos, euforia desmedida, comentários corrosivos, declarações apaixonadas, enfim, tudo aquilo que sinto, e tudo aquilo que faz de mim um ser mais complexo que a rede do metro de Moscovo.

E vocês podem comentar tudo isto?
Podem. Mas seguindo as regras do post acima.

Back to Eldorado

107

A porta tinha sido deixada encostada.
Nunca me passara pela cabeça não voltar a esta casa. Mas antes que o desânimo e a melancolia contaminassem este e outros espaços - como ainda chegou a acontecer - resolvi parar de escrever. Mesmo os comentários em blogs amigos foram suprimidos no mais longo hiato sabático da história do "Eldorado".

Mas jamais poderia ignorar o yin e o yang deste blog. O bem que ele me faz, ao jeito de terapia, e a crescente receptividade que o blog tem tido.
Os números são ridículos, eu sei, mas este não é o blog do Bruno Nogueira ou do Pacheco Pereira. É apenas o blog do João Paulo Cardoso.

No princípio, quem lia estas parvoíces? Dois ou três amigos, pateticamente pressionados a ler e comentar. Em contas feitas por alto, nos finais de Abril, o blog era visitado 10 a 12 vezes por dia (eu disse que os números eram ridículos...), um mês depois os números já triplicaram, 30 a 35 visitas diárias, o que é um aumento considerável, mesmo com estes seis dias de absentismo.

Em nome do meu bem-estar psíquico, e já que há um crescente número de loucos mais adictos por este blog do que a Lili Caneças por plásticas e recauchutações diversas, o "Eldorado" vai continuar.

E vou reforçar a escrita, já a partir do dia 12 de Junho, para estragar o vosso Verão.
Agora aguentem-se.